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Superada a eleição presidencial e confirmada a vitória de Dilma Rousseff, a cúpula do PT dá sinais de voltar as suas atenções para um objetivo que, a bem da verdade, nunca foi deixado de lado, à espera da melhor oportunidade para viabilizá-lo: referimo-nos aos esforços para reabilitar alguns dos caciques petistas, convenientemente defenestrados do poder por conta do envolvimento em graves episódios de corrupção. Os casos do ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, e de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, são emblemáticos. Envolvidos até o pescoço no chamado "escândalo do mensalão", o primeiro perdeu o mandato, enquanto que o segundo acabou expulso do partido.

Mantendo um obsequioso silêncio, "esses companheiros", para citar apenas dois, ensaiam movimentos para voltar à cena em alto estilo. Para tanto, Delúbio já adiantou que apresentará novo pedido de filiação partidária ainda neste semestre. A iniciativa conta com o apoio explícito do líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para quem "nenhuma pena é eterna". Já Dirceu, apontado como o chefão de todo o esquema de compra de apoio de deputados, mesmo desprovido do mandato político, manteve-se sempre muito próximo do centro do poder nesse tempo todo de domínio petista.

No ano em que o escândalo do "mensalão" pode começar a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a estratégia petista também caminha no sentido de desqualificar a dimensão dada ao caso, a tal ponto que se pretende passar a impressão de que tudo não passou mesmo de uma peça de ficção. O próprio ex-presidente Lula, em cujo governo pipocaram essa e outras denúncias de corrupção, anunciou a intenção de assumir algumas empreitadas, sendo uma delas a de desmistificar a existência do mensalão.

Não foi esse, entretanto, o entendimento do então procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, que, em 2006, na maior denúncia já entregue ao STF, apontou a existência de uma verdadeira organização criminosa envolvendo políticos, empresários, publicitários e doleiros num grande esquema de compra de apoio político. Na estimativa do procurador, o montante de dinheiro movimentado pela quadrilha giraria em torno de R$ 55 milhões. Os crimes imputados aos envolvidos são os de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, peculato e falsidade ideológica.

Na primeira reunião ministerial que presidiu, a presidente Dilma Rousseff falou à sua equipe de assessores diretos do compromisso ético e da competência como dois primados fundamentais que irão nortear o seu governo. Apesar de integrar os quadros do PT e por ele ter sido eleita, Dilma não pode compactuar com manobras que possam vir a manchar o seu governo, aí entendido endossar manobras para resgatar a imagem de notórias personagens da política atoladas em passado recente num lodaçal de denúncias.

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