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Reunião em Brasília abre uma esperança de diálogo frutuoso entre governos federal e estadual, Appa e entidades da sociedade civil do estado a respeito das melhorias no Porto de Paranaguá

Ontem, em Brasília, ocorreu uma reunião crucial para o futuro do Porto de Paranaguá: a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, recebeu o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino, e representantes do Fórum Permanente de Desenvolvimento e do governo estadual para ouvir as sugestões referentes à maneira como devem ser aplicados os recursos bilionários anunciados no fim de setembro pelo governo federal. Foi criado um canal de diálogo sereno a respeito das concessões previstas para Paranaguá, de modo que um dos mais importantes portos do país possa manter sua posição de destaque por muitas décadas.

O governo federal reconheceu a necessidade urgente de destravar os gargalos da infraestrutura brasileira, e a defasagem do setor portuário vem atrapalhando consideravelmente a competitividade do Brasil. Ao mesmo tempo, também entendeu que o poder público, sozinho, não tem como realizar por conta própria as melhorias tão aguardadas, optando, assim, pelo modelo de concessão (usado também em rodovias e aeroportos, embora a maneira como os leilões vêm sendo feitos não esteja isenta de críticas, como esta Gazeta já apontou em outras ocasiões). Assim, o governo federal pediu à Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), uma empresa privada, que elaborasse, em seis meses, planos para todos os portos brasileiros. O resultado desse projeto é que foi apresentado no mês passado. No entanto, ele apresenta as limitações comuns a qualquer planejamento feito em período de tempo tão curto para um objetivo tão grandioso.

Até o fim de outubro, o plano para o Porto de Paranaguá está aberto para consulta pública. O precedente do Porto de Santos (SP) serve de alerta: foram apresentadas 3,2 mil sugestões. Como é possível avaliar todas elas de forma a manter a consistência do projeto? É aqui que entram a Appa e o Fórum Permanente de Desenvolvimento. Para evitar a enxurrada de sugestões ocorrida no caso santista, foram realizadas reuniões técnicas para que houvesse uma proposta única, com endosso do governo estadual e dos principais atores do setor produtivo e da sociedade civil paranaense. Atingiu-se um importante grau de consenso a respeito do que deveria ser feito no porto. Ontem, a ministra Gleisi ouviu a proposta e prometeu analisar os principais pontos de divergência entre o plano da EBP e o apresentado ontem pelas entidades, para a construção de uma plataforma comum.

Com o leilão de concessões previsto para janeiro de 2014, não há mais margem para hesitação ou erro. Se o projeto levado a cabo for inadequado, o Porto de Paranaguá sofrerá por décadas as consequências de escolhas malfeitas – falamos não apenas do período das concessões propriamente ditas, mas também do tempo que seria necessário para desfazer eventuais erros cometidos no leilão previsto para breve e para colocar o porto de volta no caminho da competitividade perdida. Com a previsão de um fluxo comercial cada vez maior para o Brasil no futuro, Paranaguá precisa estar pronta para estar na vanguarda do setor portuário nacional.

É preciso louvar a disposição mútua de diálogo por parte tanto da Casa Civil quanto do Palácio Iguaçu e das entidades. Havia o temor de que a campanha eleitoral de 2014 contaminasse essa via de entendimento, a ponto de inviabilizar a discussão; a reunião de ontem ajudou a afastar essa preocupação, mas ainda assim há tentações que é preciso evitar, como a de pensar menos nas obras propriamente ditas e mais em lucrar reivindicando exclusividade na "paternidade" das melhorias para exibi-las às vésperas do pleito. Quando se começa a pensar nesses termos, é o estado que perde. É preciso seguir lembrando que o Porto de Paranaguá é uma causa em que todos estão do mesmo lado: o lado do Paraná.

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