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Mesmo que as razões sejam históricas e bem-conhecidas, mais uma vez os brasileiros estão frustrados com a participação de seus atletas nos Jogos Olímpicos. Ainda mais depois das derrotas das seleções masculina e feminina de futebol nos jogos cruciais. Embora não falte coragem, garra e determinação à maioria dos nossos atletas, não conseguimos ficar na tropa de elite, no topo do quadro de medalhas. De Sidney, em 2000, voltamos com um modestíssimo 52º lugar, resultado de uma campanha que colheu apenas medalhas de prata e bronze. Nada de ouro. Em Atenas e Pequim, os resultados foram melhores, mas ainda estão muito aquém do que um país com uma população tão grande – e tão interessada no esporte – pode realizar.

Que lições podemos tirar da análise da trajetória do esporte olímpico brasileiro? Essa é a pergunta que devemos fazer. E, se sonhamos com resultados melhores nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, as respostas precisam surgir rapidamente.

Para começar, há que se reconhecer o óbvio: os parcos resultados decorrem menos da ausência de sorte ou talento que da falta de investimento de longo prazo e de treinamentos orientados para a excelência. Desse ponto de vista, a frustração das ruas parece exagerada. Afinal, um desempenho superior seria até milagre. E os milagres bem que ocorreram. Foi assim na conquista do ouro individual pela saltadora Mauren Maggi, considerando um país que só tem olhos (e recursos) para o futebol. Outro ouro, o conquistado pelo nadador César Cielo, explica-se por uma benfazeja conjunção de talento, empenho pessoal e estrutura para o treinamento – não a nossa estrutura, mas a da Universidade de Auburn, no estado americano do Alabama, onde ele treina.

Investir no esporte é uma opção. Não somos obrigados a fazê-la. Nesse caso, é preciso que os administradores públicos digam claramente que temos outras prioridades e que, portanto, os brasileiros não devem esperar desempenhos superlativos de seus atletas.

Ocorre que a intensa campanha brasileira para que os Jogos de 2016 se realizem no Rio de Janeiro indica justamente o oposto. Ao defender a candidatura carioca diante do Comitê Olímpico, o governo brasileiro dá sinais claros de que vê o esporte como um setor que merece investimentos. E investir no esporte significa dar, maciçamente, às escolas ferramentas para estimular talentos, proporcionar aos atletas com grande potencial condições de se prepararem em centros esportivos desde tenra idade e oferecer vantagens às empresas que patrocinem não só as competições, mas os treinamentos.

Se queremos atletas de alto nível em grande quantidade, a dimensão humana dos investimentos não pode ser posta de lado.

Investir no esporte é bem mais que montar estruturas físicas como o Parque Aquático Maria Lenk, construído na Barra da Tijuca como parte dos investimentos da prefeitura do Rio de Janeiro para receber as competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais dos Jogos Pan-americanos de 2007. O complexo, projetado de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Federação Internacional de Natação (Fina), tem capacidade para receber até 8 mil pessoas. Uma pequena multidão. Depois do Pan, no entanto, os 42 mil metros quadrados do Maria Lenk estão às moscas. Tão abandonados quanto os muitos atletas brasileiros que têm contado apenas com seu esforço pessoal e o apoio da família para vencer no esporte.

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