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O cidadão do Paraná tem ao menos um bom motivo para apostar em uma transformação na segurança pública do estado nos próximos anos. A série de reportagens da Gazeta do Povo sobre o mau uso de recursos da Polícia Civil põe luz a um problema enraizado em parte da cúpula da corporação e dá ferramentas para que o secretário de segurança, Reinaldo de Almeida César, coloque em prática seu grandioso projeto de reestruturação das Polícias.

A série, publicada desde o último domingo, revelou que a falta de transparência na distribuição dos recursos do fundo rotativo da Polícia Civil ocorre há pelo menos oito anos – período analisado pela reportagem. Desde 2004, parte do dinheiro saiu dos cofres públicos, mas não chegou até as delegacias. Isso significa que a prática ocorreu durante os dois mandatos do governo de Roberto Requião e chegou a 2012, na gestão de Beto Richa, sem que ninguém percebesse ou trouxesse a irregularidade à tona.

Não é de se esperar, portanto, que a transformação de algo já enraizado seja imediata. O que se espera do atual governo é um olhar atento para as irregularidades apontadas e a busca de medidas firmes e corajosas para saná-las. Sabe-se que há um anseio de mudança tanto por parte do cidadão quanto do poder público. Em entrevista à Gazeta do Povo publicada em 11 de março deste ano, Almeida César declarou: "Eu sempre digo que a gente tem de pensar grande, tem de ser ousado para mudar o triste quadro em que se encontra a segurança pública do Paraná".

Pois esta é a hora. Ao publicar a série e tornar públicas as irregularidades, a Gazeta mostra que está do mesmo lado do secretário: o da busca do desenvolvimento do nosso estado, que inevitavelmente passa pela reversão dos índices de criminalidade. Sem uma Polícia séria e uma gestão transparente, a transformação se torna impossível.

Alguns passos importantes já foram dados por Almeida César. A redução da taxa de homicídios em 10% na capital e a instalação de duas Unidades Paraná Seguro (UPS) em áreas de violência são exemplos de que existe um amplo projeto para a segurança pública e de que ele está, pouco a pouco, obtendo resultados.

Na semana que passou, o governo deu respostas imediatas às primeiras irregularidades apontadas pela reportagem. Publicou mudanças sobre o fundo rotativo, anunciou uma reforma administrativa e a contratação de uma auditoria para rastrear as contas da Polícia Civil. Se as medidas são as mais adequadas, só o tempo dirá.

Como apoio ao secretário, espera-se que a Corregedoria da Polícia Civil investigue as denúncias, aponte os responsáveis e dê suporte para as mudanças. A transformação só se concretizará se houver uma investigação rigorosa e transparente. Em cinco meses, quatro jornalistas da Gazeta analisaram as contas da Polícia e percorreram 5 mil quilômetros para comprovar o sumiço do dinheiro que deveria ser usado para manter as delegacias abertas. Para o governo, a investigação certamente será mais fácil e ampla.

A reversão só se tornará realidade se, paralelamente à apuração dos fatos, o governo adotar uma política de valorização dos agentes públicos. Ao intitular a série "Polícia Fora da Lei", a Gazeta retrata a realidade de uma parcela da corporação que se beneficia do mau uso do bem público. Em nenhum momento houve a tentativa de desmoralizar a maioria dos 4 mil agentes da Polícia Civil, que convivem com a falta de recursos e problemas de infraestrutura.

Para a grande parcela dos agentes públicos, as denúncias feitas pela reportagem trazem à tona uma realidade injusta de trabalho e a esperança de uma reviravolta na segurança do Paraná, com benefícios para todos os cidadãos. Sobretudo para os próprios policiais.

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