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Apesar das intervenções do governo, vistas por alguns como inconvenientes e por muitos, a essa altura, como ineficientes e improdutivas, a economia brasileira não vem conseguindo imprimir ritmo sequer próximo da média dos últimos anos, ficando muito distante dos 7,5% registrados em 2010. O PIB deve ter, em 2012, crescimento em torno de 1% – o que é surpreendente, decepcionante e vergonhoso: vamos fechar o ano somente à frente do Paraguai, na América Latina.

De que valeram as políticas de isenção tributária, redução da taxa de juros, controle da inflação, redução do preço da energia, desoneração da folha salarial, ampliação do crédito pessoal e estímulo ao consumo? Que fim levou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), proposto para injetar recursos e construir infraestrutura necessária ao desenvolvimento de setores-chave?

Apesar do quadro, a "mãe do PAC" ainda detém aprovação de 78% da população, a mais alta desde o início da sua gestão. Lá fora, porém, a competência de Dilma é questionada: analisando a nossa conjuntura, a revista britânica The Economist chega a aconselhar a presidente a substituir a equipe chefiada pelo ministro Guido Mantega.

Onde o governo falhou? Talvez ao subestimar o impacto da crise, achando que poderia construir uma redoma sobre o país, amparando setores da indústria e do comércio, ampliando a capacidade de consumo da população para tornar a economia imune a fatores externos destrutivos. Tal independência seria uma utopia hoje.

Não escapa que, por causa desse vendaval, a Europa continua sem saber o que fazer; o presidente dos EUA, Barack Obama, quase não se reelegeu por não ter apresentado soluções satisfatórias, e até mesmo a China está se contentando em crescer bem menos do que vinha avançando. Não é mais segredo que o ciclo de vacas magras será mais longo do que se imaginava e afeta todo o mundo, sem exceções. O ano de 2013 começa, pois, carregado de desafios ao governo, que terá de rever suas estratégias.

A primeira coisa a fazer é avaliar a situação com objetividade e, em seguida, propor medidas mais ousadas. As fórmulas utilizadas parecem desgastadas. Poder-se-ia começar pelas reformas administrativa e tributária. A primeira, para enxugar e dar eficiência à máquina pública. A segunda, para aliviar o peso dos tributos sobre os contribuintes, dividir a carga, simplificar o sistema e incentivar os empreendedores.

Não menos preocupante que o fraco crescimento da economia é a paralisia do sistema educacional, área decisiva ao desenvolvimento pleno e na qual estamos décadas atrasados. Conforme o último Ideb, nosso ensino médio simplesmente estagnou. O Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional mostra que o número de alfabetizados é o mesmo de dez anos atrás. Boa parte da nossa população ativa se enquadra na categoria de analfabetos plenos ou funcionais. Sem educação ampla e de qualidade, não é possível crescer nem econômica e socialmente, nem em sentido nenhum.

Lucélia Lecheta é presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (CRCPR).

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