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Transformar conhecimento em produtos e estes em riqueza. Esta foi a receita adotada ao longo da história por todos os países que hoje ocupam lugar no topo do mundo desenvolvido. E foi também a opção daqueles que, há algumas décadas, diligentemente, dedicaram-se à tarefa de superar o atraso em que se encontravam, de que são exemplos os Tigres Asiáticos. E este é ainda o grande desafio que se coloca para o Brasil. Só agora começamos a despertar, com atos concretos e conseqüentes, para a importância da ciência e da tecnologia como ferramenta para impulsionar e tornar sustentável o seu desenvolvimento.

Um passo notável foi dado na última segunda-feira, em Curitiba, com o lançamento nacional pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do programa Juro Zero, que prevê a concessão de recursos sem burocracia, sem exigência de garantias reais e sem custos financeiros para projetos de inovação tecnológica de pequenas e microempresas. O valor do financiamento vai de R$ 100 mil a R$ 900 mil, com prazo de cem meses para pagamento. No Paraná, o programa conta com a participação da Federação das Indústrias (Fiep) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PR).

O Juro Zero pretende estimular os empresários para que invistam em inovação tecnológica, melhorando a qualidade de seus serviços e produtos – uma atividade de alto risco e que, normalmente, exige recursos expressivos, e que por isso não encontra estímulo no Brasil. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que as empresas brasileiras investem pouco em tecnologia. Entre 72 mil indústrias avaliadas, apenas 22 mil aplicam em pesquisa e desenvolvimento nos últimos cinco anos. O mesmo estudo mostrou também que do total de recursos aplicados apenas 37% provieram da iniciativa privada; os 63% restantes, do setor público. Nos países da Europa, a relação é exatamente inversa.

Por esta razão, o Brasil é ainda, predominantemente, um país exportador de produtos primários, de baixo valor agregado, e para cá voltarem na forma de produtos acabados e altamente valorizados pela tecnologia. Esta relação de troca é altamente danosa para o equilíbrio econômico e fator de empobrecimento, de endividamento e de agravamento dos problemas sociais. Não por outro motivo, também, é que nossa participação no comércio exterior mundial se reduza a apenas 1%.

Daí a importância de se investir pesadamente na geração e emprego de tecnologias avançadas nos processos industriais. E daí também a importância do programa Juro Zero, na medida em que constitui o mais prático e consistente instrumento já lançado de estímulo às empresas que queiram investir na inovação e na melhoria tecnológica de seus produtos.

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