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Há estreita vinculação entre os destinos da economia do Paraná e os rumos da China

Os governantes, tanto prefeitos quanto governadores, sempre saem das hostes dos partidos políticos, mesmo na época das ditaduras, quando os governadores e alguns prefeitos eram nomeados pelo poder central. Em torno das siglas partidárias se agrupam empresários, apresentadores de programas de rádio e televisão, políticos profissionais, filhos e parentes de nomes conhecidos da política, líderes sindicais, dirigentes classistas e mais uma legião de pessoas representantes de si mesmo. A democracia, pela qual os candidatatos de cada partido disputam o voto popular, apresenta defeitos, mas é o melhor formato para a escolha dos representantes do povo.

Com espectro tão grande de partidos e de candidatos, era de se esperar que os governantes fossem os melhores e mais competentes entre os habitantes de um município ou de um estado. Não é o que ocorre na realidade. O que tem prevalecido, com raras e honrosas exceções, são prefeitos e governadores de poucas luzes intelectuais e escasso brilho pessoal; em geral, dirigentes provincianos e pouco conectados com o mundo, com a modernidade e com ideias capazes de inovar.

A militância política e eleitoral tem sido um exercício de demagogia, promessas e interesse apenas pelos pequenos – e importantes – problemas do cotidiano das pessoas e das comunidades. A miséria, a pobreza, o baixo nível de escolaridade, as cidades malcuidadas, a violência e as carências urbanas exigem que tanto os prefeitos quanto os governadores se ocupem desses assuntos e sejam eficientes na gestão das soluções.

Governar, porém, não é só isso. A gerência dos problemas do cotidiano tomam, e devem tomar, parcela substancial do tempo e da energia dos dirigentes públicos; quanto a isso não há dúvida. Mas governar é também olhar para o mundo e entender como as mudanças internacionais podem afetar os destinos do estado e das cidades, de forma que sejam tomadas as medidas políticas e administrativas para preparar o futuro e colocar a região na rota do desenvolvimento econômico e social.

Um dos melhores exemplos atuais é a estreita vinculação entre os destinos da economia do Paraná e os rumos da China, país que se tornou decisivo para o êxito da balança comercial brasileira. Os chineses estão vivendo momentos decisivos em sua economia e na política – particularmente nos próximos meses com a troca do comando do Partido Comunista e dos líderes que governam o país. O desempenho da economia chinesa tem elevado impacto sobre o desempenho da economia do Paraná, já que as exportações para aquele país representam expressiva parcela da pauta de vendas internacionais dos produtos paranaenses.

Os exemplos poderiam ser ampliados, inclusive os casos do Paraguai, Uruguai e Argentina, países com os quais o Brasil e o Paraná mantêm negócios. Conforme os rumos de suas economias, esses países podem favorecer ou prejudicar seriamente a nossa economia. A decisão de expulsar o Paraguai do Mercosul, por exemplo, foi um ato apressado, pouco refletido, sobre o qual o Paraná não foi sequer ouvido pelo governo federal, apesar de o estado fazer fronteira com o Paraguai e ter sua economia ligada diretamente àquele país.

A China está investindo mais de 40% de seu PIB em infraestrutura física e infraestrutura social, mesmo em regiões pouco habitadas, seguindo o projeto de investir para atrair a população rural para as cidades. Nos próximos anos, imensas áreas com infraestrutura nova e não ocupadas serão palco de construção de cidades e zonas urbanas, onde as pessoas irão trabalhar e consumir. Assim, espera-se que a China irá demandar mais produtos brasileiros, especialmente alimentos, minério de ferro e petróleo, além de serviços.

A duras penas os empresários paranaenses estão olhando para o comércio internacional, viajando para o exterior, contratando consultorias especializadas e começando a entender que a globalização e a vinculação com o mundo são caminhos necessários. Mas o que nossos políticos – prefeitos, governador e secretários – estão fazendo para o Paraná participar desse futuro? Quais os planos para o estado e seus municípios produtores a respeito da relação com a economia mundial? Essas são perguntas a serem feitas, examinadas e respondidas. Neste domingo, o governador Beto Richa parte para uma viagem que inclui a China; espera-se que os resultados sejam positivos, pois, se os governantes se omitirem, é hora de a sociedade e as entidades de classe assumirem a liderança das preocupações com esses temas e empurrarem os governantes para a ação.

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