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O quadro atual de virtual paralisia da Ferroeste provoca graves prejuízos ao Paraná. O contrato de subconcessão que o vencedor da licitação, e licitante único, Ferropar, firmou com a Ferroeste em fevereiro de 1997, jamais foi cumprido: os investimentos prometidos na licitação não foram realizados, a frota necessária não foi adquirida, as melhorias na linha da RFFSA entre Guarapuava e Desvio Ribas não foram feitas e as metas de produção não foram alcançadas. Por conta disso, a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres afirma que a Ferropar está incapacitada para operar a ferrovia e, insolvente, que a péssima manutenção da linha resulta em riscos de acidentes, com prejuízos à propriedade, à vida e ao meio ambiente.

O conflito judicial provocado pela Ferropar para fugir às suas responsabilidades no fracasso da subconcessão perdurará por anos. O Paraná não pode admitir que durante a longa tramitação dos processos a sua economia fique privada da plena utilização da ferrovia cuja construção custou ao estado o equivalente a US$ 363,3 milhões e que foi materializada pelo esforço de milhares de trabalhadores paranaenses em parceria com o Exército Nacional. A paralisação da Ferroeste é nociva e inaceitável, porque obriga ao escoamento da produção por caminhões, aumentando os custos dos produtos, sobrecarregando e deteriorando as rodovias, prejudicando o funcionamento do Porto de Paranaguá e causando danos ao meio ambiente pelo consumo excessivo de pneus e óleo diesel e maiores emissões de CO2. É preciso separar a disputa judicial sobre o fracasso da Ferropar da necessidade de implantar um novo modelo de gestão para a Ferroeste. O Paraná precisa da sua ferrovia imediatamente de volta para servir aos propósitos para os quais foi construída.

Os desafios para a implantação de um novo modelo de gestão para a Ferroeste não são desprezíveis: a inexistência de frota, a atual dependência operacional em relação à concessionária da linha contígua, pela qual precisam trafegar as cargas oriundas da Ferroeste e a ela destinadas, o gargalo logístico representado pelas péssimas condições da linha da RFFSA entre Guarapuava e Desvio Ribas, a necessidade de estender os trilhos a Guaíra e a Foz do Iguaçu – o que exige que seja rodoferroviária a prometida segunda ponte sobre o Rio Paraná entre o Brasil e o Paraguai, o aprofundamento da integração ferrovia-Porto e a criação de condições para que a Ferrovia liberte-se da atual monopolização das multinacionais do agronegócio e abra-se para a participação dos pequenos e médios produtores e cerealistas.

As dificuldades são enormes, mas são menores que o Paraná. A união do governo e da sociedade em torno de um projeto de desenvolvimento para o estado superará todos os obstáculos. O momento é de convocar as forças sociais paranaenses para encontrarmos os caminhos que realizem até o final o sonho acalentado desde o século XIX de uma ferrovia que se estenda rumo Oeste penetrando no coração do Brasil via Guaíra e cruzando as nossas fronteiras em direção ao Pacífico via Foz do Iguaçu. O primeiro passo é a retomada do controle da nossa Ferroeste. União pelo Paraná em defesa da Ferroeste. Esta é a palavra de ordem.

Roberto Requião é governador do ParanáEmilio Gomes é ex-governador do Paraná

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