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Administradores e grupos políticos que disputam o poder em Londrina parecem concentrar seus embates em outros campos, diferentes daquele que mais interessa: a melhoria das condições de vida da população

A cassação do mandato do prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto, por decisão da Câmara de Vereadores, acrescenta mais um capítulo à saga de atribulações que há anos atormenta a vida da cidade – a maior e mais importante do interior do Paraná. É o segundo chefe do Executivo local a perder o mandato nos últimos 12 anos (o primeiro foi Antonio Belinati) sob a acusação de malversação de recursos públicos. O próprio prefeito cassado só chegou ao poder, em 2008, graças à realização de um inédito e tumultuado terceiro turno em razão da cassação do registro eleitoral do candidato vencedor no segundo turno – o mesmo que sofrera o impeachment em 2000.

Ainda recentemente, vereadores da legislatura passada, secretários municipais e outros servidores da prefeitura, além de dirigentes da empresa municipal de telefonia, a Sercomtel, foram presos graças a uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investigou casos de tentativas de suborno e desvios de verbas públicas.

Não entra na análise deste espaço editorial qualquer juízo de valor quanto aos aspectos jurídicos da cassação, nem quanto às provas que teriam motivado o ato – no caso, o suposto pagamento pela prefeitura a trabalhadores temporários que prestaram serviços eventuais de vigilância à sede de uma emissora de rádio de propriedade da família de Barbosa Neto. Diante, no entanto, da insignificância do desvio apontado comparativamente ao tamanho da corrupção que grassa nas instâncias públicas do país, quase sempre protegida pelo manto da impunidade, não deixou de causar surpresa a pena imposta ao prefeito.

Como os valores morais são absolutos, pouco importa a relatividade do suposto delito de que Barbosa Neto é acusado. O que mais importa neste momento é a triste constatação de que a pujante cidade do Norte paranaense – símbolo da era de conquista da terra roxa que tanta prosperidade garantiu e ainda garante ao Paraná – vê-se outra vez abalada pela instabilidade de suas instituições. Seus administradores e os grupos políticos que disputam o poder no município parecem concentrar seus embates em outros campos, diferentes daquele que mais interessa ao desenvolvimento da cidade: a melhoria das condições de vida de sua população.

Londrina, hoje uma grande metrópole, sofre dos mesmos problemas urbanos que afetam as maiores cidades brasileiras. Da educação ao transporte, da saúde pública à segurança, da habitação ao saneamento, apresenta desafios que precisariam ser enfrentados pelas administrações locais em permanente regime de interação com os governos estadual e federal. Infelizmente, tais problemas só fazem crescer ao mesmo tempo em que, em velocidade maior, aumenta o paralisante jogo político de suas forças internas.

A favorecer a imagem de Londrina apenas um fato de indiscutível importância: sua comunidade se apresenta sempre atuante e participante nesses casos – ao contrário de outras cidades, cuja população costuma assistir anestesiada a episódios até mais graves que aqueles que sacodem a Capital do Café.

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