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O Brasil está andando para trás, isso é um fato. Não bastasse o crescimento pífio da economia, com um desempenho ridículo do PIB, assistimos a um verdadeiro tsunami econômico causado por sucessivos escândalos com a maior empresa brasileira, a Petrobras. O roubo já apurado até agora e declarado de R$ 27 bilhões não significa nada comparado à real perda do valor da empresa. A destruição a que assistimos na Petrobras não se recupera nunca mais. É a maior destruição de patrimônio público de que se tem notícia. E a sensação que temos é de que o país é um eterno caranguejo, só anda para trás.

Enquanto os Estados Unidos investem em pesquisa e desenvolvimento e descobrem que podem tirar gasolina e todos os derivados de petróleo do gás do xisto betuminoso, sendo portadores da maior reserva do mundo, o Brasil, que tem a segunda maior reserva, detém condições materiais e naturais, mas não desenvolve tecnologia.

Estamos desperdiçando tempo, dinheiro e energia com eleições a cada dois anos. Isso é um absurdo. O Brasil precisa de uma reforma política urgente, para conter o déficit público e mudar a periodicidade das eleições. Façamos eleições a cada cinco anos para tudo e, durante esse período, podemos trabalhar. E poderíamos aproveitar outras lições que vêm dos EUA: um senador norte-americano, por exemplo, recebe o equivalente a US$ 25 mil de salário com direito a duas secretárias e um motorista, não onerando o Estado como no Brasil. A reforma de que precisamos é para conter o déficit público, mas não aumentando impostos, como se está fazendo para aumentar a receita do governo, e sim cortando gastos, diminuindo as despesas do governo.

O índice de mortalidade das empresas brasileiras é um dos mais altos do mundo. De acordo com pesquisa do Sebrae, 29% fecham em seu primeiro ano de atividade e 56% não completam cinco anos de vida.

Por outro lado, verificamos que em 189 anos de República a maioria dos estados brasileiros não é autossuficiente e as verbas federais são distribuídas sem levar esse fator em consideração. São Paulo, por exemplo, recebe do governo federal apenas 1,8% do que arrecada. Na prática, vemos estados autossuficientes e superavitários sustentando a ineficiência de outros estados. O Estado democrático tem de existir, mas não pode ser uma democracia tendenciosa, que sustenta a ineficiência e garante votos com o Bolsa Família .

Precisamos diminuir o gasto público, precisamos diminuir o número de funcionários. Na prática, hoje temos quatro estados que sustentam a economia brasileira e precisamos de um choque de gestão no governo. Precisamos de um governo que leve em consideração as reais necessidades do povo brasileiro.

É absurdo exportarmos celulose e importarmos papel, exportarmos minério de ferro e importarmos aço. Nosso país não tem valor agregado. Precisamos de tecnologia para desenvolver produtos que tragam valor para o nosso mercado interno. Um chip que importamos equivale a um caminhão de soja que exportamos,em termos grosseiros e guardadas as devidas proporções.

Precisamos de uma política desenvolvimentista. Em 1985, o primeiro-ministro coreano proibiu que carros importados circulassem nas estradas construídas com o dinheiro do povo. Hoje, a Coreia é um dos maiores fabricantes de automóveis. Isso é do que precisamos: uma gestão para o povo e não para os interesses próprios, uma gestão patriótica.

José Antonio Puppio é engenheiro, diretor-presidente da Air Safety e autor do livro Impossível é o que não se tentou.

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