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O julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado pela morte do guarda municipal e tesoureiro petista Marcelo Arruda, teve início nesta terça-feira (11) no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), em Curitiba. O crime aconteceu durante a festa de aniversário da vítima em Foz do Iguaçu (PR), em 2022, com decoração temática do PT e do então candidato a presidente Lula.
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Após adiamento do júri, a defesa de Guaranho conseguiu o desaforamento do julgamento para a capital, alegando que o corpo de jurados poderia ser influenciado pela repercussão do caso na fronteira do estado do Paraná.
Segundo informações da assistência de acusação, Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado, pelo motivo fútil, associado à violência política, e perigo comum. O júri do caso Marcelo Arruda será conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri da capital paranaense.
A sessão teve início por volta das 10h30 com a escolha do corpo dos jurados, que foi formado por quatro mulheres e três homens. Ao todo, nove testemunhas devem ser ouvidas durante o júri, sendo que a primeira chamada pela acusação foi a esposa do tesoureiro petista, Pâmela Suellen Silva.
Ela relatou que a decoração foi uma surpresa para a festa de 50 anos de Arruda e negou que a intenção da comemoração fosse provocar eleitores do adversário político de Lula, o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, a mulher da vítima deu detalhes sobre o dia do crime e falou sobre a chegada de Guaranho.
De acordo com ela, o acusado estava armado e teria prometido voltar ao local após desentendimento com o aniversariante. Depois disso, ainda conforme a testemunha, Arruda foi buscar uma arma que estava no carro dele. No retorno de Guaranho, Pâmela relatou que ele apresentou um distintivo e disse ser policial antes de atirar.
A defesa do réu questionou a viúva se ela tinha consciência das sequelas que Jorge Guaranho sofreu por causa da troca de tiros com Arruda e também sobre as agressões contra o ex-policial penal por convidados da festa enquanto estava no chão depois de ter sido alvejado. O advogado do réu foi repreendido, pois um outro processo tem como o objeto a apuração das agressões sofridas por Guaranho.
A segunda testemunha ouvida foi a vigilante Daniele Lima dos Santos, arrolada pelas duas partes. Ela foi ouvida de Foz do Iguaçu por videoconferência e afirmou que Guaranho chegou ao local e de dentro do carro gritou "aqui é Bolsonaro".
A terceira testemunha ouvida foi a perita Denise de Oliveira Carneiro Berejuk, responsável por analisar as imagens do circuito de segurança que flagraram a troca de tiros no espaço onde foi realizado o aniversário. Com base nas imagens, ela afirma que é possível mensurar que Guaranho disparou pelo menos três vezes e Arruda respondeu com pelo menos seis tiros. Além disso, a perita apontou que todos os disparos efetuados pelo réu foram efetuados antes dos tiros da vítima.
O amigo de Arruda Wolfgang Vaz Neitzel foi a última testemunha de acusação ouvida neste primeiro dia de julgamento. Por responder o processo pelas agressões contra Guaranho, a juíza Mychelle Stadler determinou que ele fosse ouvido na condição de informante, sem a necessidade de responder as perguntas que ele considerar que possa prejudicar o outro processo.
As testemunhas arroladas pela defesa devem ser ouvidas nesta quarta-feira (12) no segundo dia de julgamento, que recomeça às 9h30 no Tribunal do Júri em Curitiba. O julgamento pode se estender até quinta-feira (13). Depois de ouvir as testemunhas arroladas, ocorre o interrogatório do réu antes da fase de debate entre acusação e defesa. Após o período que pode durar até quatro horas, sendo metade do tempo para a fala dos advogados de cada lado, o júri se reúne para o veredito.
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