• Carregando...
Paraná não vacinará mais o rebanho contra a febre aftosa.
Paraná não vacinará mais o rebanho contra a febre aftosa.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A assinatura de uma instrução normativa pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, no último dia 15, oficializou o fim da vacinação do rebanho bovino do Paraná contra a febre aftosa – a imunização seria realizada em novembro. Essa era uma demanda antiga de alguns setores agropecuários, que foi encampada pelo secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara.

RECEBA notícias do Paraná pelo messenger do Facebook

Com a medida, o Paraná adianta o cronograma que previa que a interrupção seria daqui a dois anos, juntamente com outros estados. No Brasil, somente Santa Catarina não vacina o gado. Com a antecipação, o Paraná se candidata a disputar mercados internacionais que não aceitam a proteína animal de regiões que têm imunização, considerando que é um indicativo de risco. Contudo, o processo para que o Paraná seja considerado área livre de aftosa sem vacinação deve levar mais dois anos.

O que significa

O fim da vacinação traz lucros para alguns setores e prejuízos para outros. Os donos de rebanhos alegam que tinham gastos de R$ 35 milhões por ano com uma doença que não teve nenhum foco no Brasil desde 2006. Além disso, mesmo a comercialização de animais que não correm o risco de contrair febre aftosa, como frangos, era prejudicada. É que alguns mercados internacionais se recusam a comprar qualquer tipo de proteína animal que venha de lugares em que há vacinação (por considerarem que há fragilidades sanitárias).

Ortigara estima que 65% dos compradores estrangeiros de carne suína estão inacessíveis para a produção paranaense. Ele destaca também que o preço pago pelo quilo é muito maior nesses mercados mais exigentes, aumentando o potencial do valor agregado da pecuária estadual.

Na lista dos que alegam que terão prejuízos estão realizadores de leilões, rodeios e exposições, além de pecuaristas, principalmente da região Norte, que traziam animais de outros estados para engorda no Paraná. É que o fim da vacinação vai restringir a circulação de gado (a entrada será permitida apenas na movimentação entre estados (como corredor, mas sujeita a uma série de monitoramentos) e diretamente para o abate.

Procedimentos adotados

Para autorizar o fim da vacinação, o Ministério da Agricultura exige uma série de medidas. Uma delas é o reforço nas barreiras sanitárias. Já existem 32 Postos de Fiscalização de Transporte Agropecuário (PFTAs), mas foi cobrada a instalação de mais um, na BR-116. Com doações de empresas e cooperativas, além de dinheiro do fundo destinado a ressarcir problemas no setor pecuário, ao custo de R$ 1,5 milhão, está sendo construído um posto em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.

Além disso, o governo do Paraná irá fazer concurso público para contratar mais 30 médicos veterinários e 50 técnicos agrícolas. Entre as demais medidas que foram tomadas está o georreferenciamento das propriedades, controles de rebanho e autorização para que a Polícia Rodoviária Estadual faça fiscalizações. Todas essas atitudes são necessárias para conseguir agir rapidamente, caso um foco da doença apareça.

Uma das saídas é o sacrifício dos animais da área do foco. O Fundepec, formado por doações recolhidas entre os anos de 1998 e 1999, tem R$ 78 milhões aplicados que podem ser usados para ressarcir pecuaristas que tenham o rebanho preventivamente abatido.

Além disso, os produtores que vacinavam o gado duas vezes por ano agora terão de preencher um cadastro sobre o rebanho – o prazo começou em 1º de novembro. Ortigara declarou que o trabalho está apenas começando e enfatizou a importância do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que mapeou cada "fazendinha ou fazendão". Segundo ele, o interesse é do setor produtivo e, portanto, os pecuaristas precisam fazer a sua parte.

Um dos principais defensores da antecipação do fim da vacinação, o presidente da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneghette, considerou a liberação como um momento histórico. Ele tem dito que a estimativa é de lucrar de 20% a 25% a mais, em dólar, com a comercialização da carne para mercados mais exigentes.

A ministra Tereza Cristina disse, na ocasião, estar emocionada ao assinar a autorização e destacou que se tratava de uma decisão ousada, porém calçada no trabalho que vem sendo feito pelo Paraná para reforçar a fiscalização e garantir mecanismos de controle. O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) agradeceu a confiança e declarou que a medida dá suporte para que o estado exerça a vocação de alimentar o planeta. Há vários procedimentos a serem feitos nos próximos dois anos para que o Paraná seja declarado em 2021 área livre de aftosa sem vacinação.

Conhece as bandeiras das cidades do Paraná? Teste seu conhecimento:

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]