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Suinocultura em alta levou Castrolanda a ampliar produção de ração animal
Toledo é a líder do Valor Bruto de Produção no Paraná graças à pecuária| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

A queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, divulgado na última quarta-feira (3) pelo IBGE foi o pior resultado anual do índice desde 1990, quando o tombo foi de 4,35%. Mas um setor, em especial no Paraná, parece ter passado quase que ileso às turbulências do primeiro ano da pandemia de Covid-19. O agronegócio, de acordo com um levantamento feito pela rede de auditoria KPMG, foi responsável por um salto na meta de faturamento das cooperativas – dados mostram que as cifras chegam à casa dos R$ 100 bilhões, 10% a mais do que o esperado para o período. Bons resultados que se refletem nas regiões onde o agro é mais forte.

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A cooperativa Coamo atingiu R$ 20 bilhões de receita global em 2020, um valor 43% maior do que no ano anterior. Para o presidente executivo da cooperativa, Airton Galinari, o resultado veio por uma conjunção de fatores provocados pela pandemia: uma maior procura de commodities por parte do mercado chinês, uma alta no preço dos produtos e a alta do dólar no período.

“A China teve problemas com a peste suína africana, e tiveram que consumir muito mais milho e soja do Brasil para recompor o rebanho que foi dizimado por lá. Eles ainda estão em recomposição, o que mantém os preços dos produtos agrícolas em alta. E teve uma variação cambial forte também. Saímos de um dólar na casa dos R$ 4 no começo de 2020 e fomos para quase R$ 6 no decorrer do ano. Isso impactou no preço das commodities, que já estavam com o valor alto em dólar”, explicou.

Tudo isso combinado, disse o presidente da Coamo, trouxe bons resultados para os cooperados: mais de R$ 503 milhões voltaram às mãos dos agricultores na forma de sobras dos resultados. “Se fosse uma multinacional, esse dinheiro todo ia para a matriz. Como é uma cooperativa, esse dinheiro todo fica na região. Então a devolução de sobras, as comercializações, as movimentações de frete, tudo isso movimenta a própria região e beneficia demais o comércio local, venda de máquinas, eletros, alimentos, roupas. Todos se beneficiam, porque é dinheiro girando na região”, comentou.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão, Ben-hur Roberval Teixeira Berbet, confirma a importância do setor para a cidade. Com todos os fechamentos de comércio e medidas restritivas impostas pelo governo, o resultado do ano passado só não foi pior, ele diz, por causa da força do agronegócio.

“O agronegócio é muito forte aqui na nossa região. Somos um município agrícola, temos a presença forte da cooperativa e isso nos ajudou, a comunidade, os empresários, a minimizar os efeitos da pandemia. Os agricultores aqui da região têm desfrutado de um bom ano, fruto de muito trabalho e muita dedicação desses produtores rurais. Existe uma perspectiva de novos desafios, de crescimento para 2021. A safra está sendo bem administrada. A gente tem a expectativa de que o funcionamento do comércio seja restabelecido para que a gente aproveite essa retomada do crescimento”, avaliou.

Valor Bruto de Produção

Todos os anos a Secretaria Estadual de Agricultura e do Abastecimento calcula o Valor Bruto de Produção (VBP) do Paraná. Chega-se ao índice pelo cálculo da produção agrícola de cada município e pelos preços recebidos pelos produtores destas cidades. Os dados de 2020 só serão divulgados no segundo semestre deste ano, e podem confirmar o ano como o melhor do estado na série histórica.

Mesmo sem os números fechados, o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Nelson Paludo, já celebra os resultados. “O VBP bruto de Toledo é o maior do Paraná. O agro tem uma importância muito grande para o nosso município. Toda a nossa economia, o nosso comércio, gira em torno do agronegócio. E quando essa produção cresce, como vem acontecendo ano após ano, se traduz em benefícios para toda a região. O desenvolvimento da nossa região depende muito do agronegócio”, explicou.

E não é para menos. Os dados mais recentes do VBP do Paraná, referentes à safra de 2019, mostram que Toledo segue como a capital paranaense do agronegócio, pelo sétimo ano consecutivo. Naquele ano, o setor movimentou R$ 2,69 bilhões na cidade. O balanço final mostra que o faturamento total do agronegócio do Paraná passou dos R$ 98 bilhões, valor recorde até agora. Outro detalhe do balanço do VBP mostra que nove municípios ultrapassaram a casa do R$ 1 bilhão de faturamento – além da campeã Toledo integram a lista Castro, Cascavel, Guarapuava, Marechal Cândido Rondon, Santa Helena, Dois Vizinhos, Assis Chateaubriand e Palotina.

Pecuária forte

Para o superintendente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, o ano de 2020 pode ser visto sob dois prismas. “Do ponto de vista da saúde”, ele destaca, “foi um ano terrível, triste para todos nós. Mas do ponto de vista econômico, para os produtores de alimentos, foi um dos melhores anos”.

Ele destaca o setor da pecuária, responsável por metade do VBP do Paraná. “Hoje 40% do frango produzido no Brasil vem do Paraná. Nós também temos a maior produção de peixes do país. Os suínos e a produção de leite aqui no estado também têm muita importância no cenário nacional”, disse o superintendente, que destaca um crescimento esperado de 30% nos faturamentos das cooperativas em 2020 em comparação com o ano anterior.

Expectativa

Para o presidente executivo da Coamo, o cenário deve seguir favorável para o agronegócio em 2021. A única modificação, destaca Galinari, deve ser o preço dos insumos que pode sofrer uma alta por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Mas para ele a tendência é de preços altos e boa rentabilidade para o produtor agrícola.

“Não há previsão de queda. A soja está R$ 155 a saca, o milho a R$ 74,50 e o trigo a R$ 77, são preços historicamente muito altos. A médio prazo, para o final do ano, não se tem uma previsão de queda. Se hoje o produtor quiser vender a colheita dele para 1º de janeiro do ano que vem, os preços são esses. Já para a safra 2022, que já está sendo negociada, os preços estão um pouco mais baixos, R$ 130 para a saca de soja, mas ainda assim são preços excelentes”, comentou.

O superintendente da Ocepar também se diz otimista com o ano de 2021. Para ele, a forte ligação que o Paraná tem com o setor do agronegócio deve reduzir o impacto da pandemia na economia do estado como um todo.

“Em 2020 tivemos safra cheia, clima bom, preço bom por causa da demanda interna e externa. Sabemos também que muito do auxílio emergencial foi usado para a compra de alimentos, o que acabou ajudando o setor também. Nossas expectativas para 2021 seguem positivas, porque quando o agronegócio está forte isso é bom para o Paraná, e é bom para o Brasil. O setor quando cresce ajuda na geração de empregos e também na arrecadação de impostos. E quem trabalha no agronegócio tem que se manter sempre otimista, chova ou faça sol tem que estar sempre com a produção em primeiro lugar”, disse Mafioletti.

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