A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) reconheceu o Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação nesta quinta-feira, 27 de maio. O anúncio foi feito durante conferência do organismo internacional, em Paris, na França. A decisão derruba qualquer restrição sanitária sobre as carnes produzidas no Estado e abre potencialmente o acesso a todos os mercados mundiais. Até hoje, por conta do status sanitário, o Paraná era impedido de exportar para destinos que pagam melhor pela carne, como Japão, Coreia do Sul, todos os países da União Europeia e México.
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O próximo passo é habilitar os frigoríficos para exportar. Primeiro internamente, junto ao Ministério da Agricultura, e depois junto aos países importadores. “O processo é um tanto burocrático e deve levar uns seis meses”, acredita Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa de Cascavel que tem interesse nesse mercado. “Acreditamos que esse processo será bem-sucedido porque nossas plantas frigoríficas atendem todas as normas sanitárias e os requisitos dos mercados mais exigentes”, afirma. Ele prevê que o aumento nas exportações aconteça nos próximos anos.
“O impacto comercial maior para o Paraná se dará no setor de suínos, que é onde o Estado é forte e tem volume suficiente para disputar grandes mercados, mas também abre portas para exportação de carne bovina e lácteos”, diz Grolli. Segundo ele, o Paraná já exporta carne suína para Singapura, Hong Kong, alguns países da África, Argentina e Uruguai. “Agora o mundo todo se abre para nós”, comemora.
O frigorifico de suínos da Coopavel abate 3 mil animais por dia. Desse total, 50% têm como destino a exportação. “Com a abertura de novos mercados esse percentual deve chegar a 70% nos próximos anos”, acredita o presidente.
PR traça estratégia comercial para aproveitar novo status sanitário
“Superamos a questão sanitária, agora é preciso trabalhar na estratégia comercial para conquistar esses mercados”, pontua o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara. “É um mercado que está ocupado por outros exportadores e vamos ter que conquistar”, diz Elias Zydek, diretor executivo da Frimesa Cooperativa Central, maior empresa paranaense de abate e processamento de suínos, com plantas industriais em Medianeira e Marechal Cândido Rondon, no oeste paranaense.
Zydek diz que o mercado mundial de carne suína é de 10 milhões de toneladas, mas por conta da restrição sanitária, o Paraná acessava apenas 40% disso. “A partir de agora, temos acesso a 100%”, observa. Ele prevê que leve cerca de um ano para o Paraná começar a aumentar suas exportações no segmento de suínos.
Apostando nesse novo cenário, a Frimesa está investindo na expansão, com a construção de um novo frigorífico. A planta, prevista para ser concluída em dezembro de 2022, vai dobrar a capacidade atual de abate, chegando a 15 mil suínos por dia. “Hoje, 20% da nossa produção são destinados ao mercado externo, com o reconhecimento da OIE e com nosso novo investimento vamos elevar para 30%”, assinala o presidente da Frimesa.
A febre aftosa é uma doença infecciosa e uma das mais graves e contagiosas que atinge bovinos, ovinos, caprinos, suínos e ruminantes selvagens, causando grandes prejuízos à pecuária. A doença não é transmitida pelo consumo de carne e lácteos e não representa risco para a saúde humana.
Além do reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação, a OIE também reconheceu o Paraná como um bloco independente no que se refere à peste suína clássica. A doença já está superada, porém, pela classificação do organismo internacional, o Paraná integrava um bloco de 14 estados brasileiros. O que, antes, significava que se qualquer outro estado tivesse um foco da doença, o Paraná acabaria sendo prejudicado podendo ter restrições de acesso ao mercado mundial. Agora o estado responde apenas pelo próprio território.
A versão original desta reportagem identificava equivocadamente Elias Zydek como diretor presidente da Frimesa. O cargo correto é diretor executivo, como atualizado no texto. O diretor presidente é Valter Vanzella.
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