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Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, é o maior centro pediátrico do país
Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, é o maior centro pediátrico do país| Foto: Divulgação / Pequeno Príncipe

Os casos de Covid-19 entre crianças e adolescentes têm aumentado consideravelmente nesse segundo ano de pandemia. Nessa terça-feira (8), o Pequeno Príncipe, em Curitiba, maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, registrou recorde com 28 crianças e adolescentes hospitalizados, cinco deles na UTI, com insuficiência respiratória. Desse total, 18 já tiveram o diagnóstico da doença confirmado.

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“A maioria desses doentes são bebês da chamada primeiríssima infância (com menos de um ano), que usam fralda e não frequentam escolas. Ou seja, estão sendo contaminados em casa, pelos pais”, afirma o infectologista pediátrico do hospital, Victor Horácio Costa Sousa Júnior. Segundo ele, os pais dessas crianças têm entre 30 e 50 anos e ainda não foram vacinados.

O médico diz que entre os adolescentes, a incidência maior é em pacientes com alguma comorbidade. “São problemas neurológicas, cardíacos, oncológicos, hematológicos e obesidade”, comenta o médico. “Esses também não estão indo à escola por serem mais suscetíveis. Estão em ensino remoto. Pelos problemas de saúde demandam contato físico direto com os pais para os cuidados necessários, e é aí que está acontecendo a contaminação”, observa.

O infectologista diz que chama a atenção a relação da obesidade com a Covid. “A obesidade é um processo inflamatório e a Covid também é, então agrava muito o quadro. Outro fator preocupante é o desenvolvimento de cardiopatias nessa população jovem no pós-Covid. “Temos observado casos de crianças e adolescentes sem problemas cardíacos que passaram a ter doenças do coração como sequela da Covid”, afirma.

Só nos cinco primeiros meses de 2021, o Pequeno Príncipe confirmou 599 casos de Covid-19, com 105 internações e seis óbitos. De março a dezembro de 2020, o Hospital registrou 331 diagnósticos positivos, com 84 internações e cinco óbitos. Os dados mostram que 23% dos pacientes que chegaram com suspeita da doença ao Hospital, entre janeiro e maio de 2021, tiveram o diagnóstico positivo confirmado. No ano passado, esse índice era de 20%. Já as internações, em números absolutos, subiram de 84 em 2020 para 105 em 2021. Em junho, só nos sete primeiros dias, 20 pacientes já foram internados.

Vacinação de crianças contra a Covid ainda depende de estudos  

A vacinação de crianças ainda depende de estudos. Adolescentes entre 12 e 18 anos já começaram a ser vacinados em alguns países (Estados Unidos, Israel, Reino Unido e Suíça), mas com limitação pelo fato de até hoje existir apenas uma vacina, a da Pfizer, liberada para essa população.

“O importante é avançarmos na vacinação da população como um todo. Enquanto não tivermos pelo menos 70% da população vacinada, os riscos serão muito grandes”, diz o infectologista. O médico alerta os pais de crianças e adolescentes para que fiquem muito atentos ao calendário de vacinação. Além disso, reforça a importância de evitar aglomerações, usar máscaras e álcool em gel e se vacinar contra a gripe H1N1.  “É preciso estar muito atento à imunização”, diz.

Para o pesquisador em biologia molecular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emanuel Maltempi de Souza, não há dúvida de que crianças e adolescentes têm que ser vacinados. “Eles também ficam doentes e morrem pela Covid”, alerta. Souza defende que uma parte da vacina já testada para adolescentes seja reservada a eles. Em relação às crianças, os estudos ainda precisam avançar.

“A literatura científica mostra que embora sejam mais raros casos de criança com Covid, em comparação ao restante da população, a doença é muito letal. “As mortes por Covid entre as crianças hospitalizadas são de 2 a 3 vezes maiores do que as causadas por qualquer outra enfermidade”, afirma.

O pesquisador da UFPR observa também que no cenário atual, em que os números de contaminações por Covid são muito altos, toda a população fica vulnerável, até mesmo aqueles que a princípio seriam mais resistentes como crianças e adolescentes. Ele acrescenta ainda que o aumento na incidência de casos nessa faixa etária pode estar relacionado à nova variante mais transmissível.

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