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Guarapuava
Guarapuava| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Com a proximidade das eleições de 2020 para prefeito, possíveis candidatos começam a articulação política para concorrer aos cargos. Em Guarapuava, no Centro-Oeste do Estado, o cenário é promissor de uma forma geral, mas a nova gestão do Paço Municipal também encontrará problemas de longa data para resolver. Listamos três importantes conquistas dos últimos anos e três áreas que precisarão de mais atenção nos próximos anos.

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3 áreas que precisam melhorar

1 - Incentivo às indústrias

Dentre os municípios do Paraná, Guarapuava possui uma das menores parcelas do PIB advindo de indústrias. Enquanto outras cidades do interior do estado aumentaram seu Produto Interno Bruto juntamente com o crescimento da atividade industrial (aliado a outros fatores), Guarapuava se manteve focada na perspectiva da oferta de serviços. Além de sua localização geográfica favorável, a cidade apresenta cenário positivo para o agronegócio e também recebe muitos jovens que buscam o diploma universitário nas instituições de ensino superior da cidade, como a Unicentro e a UTFPR. Guarapuava ainda não possui um polo industrial promissor.

Nos últimos anos, houve uma abertura maior do município no sentido de incentivar a instalação de novas indústrias (como a francesa Jacquet, em 2012), mas não o suficiente para que o setor tenha perspectiva de grande expansão. O cenário atual é de que apenas as grandes indústrias tradicionais que se mantêm, como a Agrária – cooperativa que possui a maior maltaria cervejeira da América Latina –, a Repinho (conhecida pelo reflorestamento e exportação de madeira e compensados) e a Santa Maria, que atua nos segmentos de papel, reflorestamento, agricultura e energia. É necessário expandir e fortalecer o setor industrial guarapuavano, agregando valor ao que é produzido para que a cidade gere maior renda e possa melhorar índices como o IDH, por exemplo.

2 - Entraves da saúde pública

A 5ª Regional de Saúde do Estado abrange Guarapuava e outros 20 municípios vizinhos. A grande demanda da população do Centro-Oeste paranaense nem sempre é comportada pelos dois hospitais que Guarapuava dispõe. O Hospital São Vicente de Paula recebe centenas de pacientes todos os dias, realiza mais de 70% dos atendimentos pelo SUS, é referência em procedimentos de média e alta complexidade e está em constante expansão, mas não consegue absorver toda a demanda das mais de 450 mil pessoas que estão na Regional. O Hospital Santa Tereza também realiza grande parte dos atendimentos pelo SUS, mas enfrenta graves problemas financeiros. A situação seria controlável se o Centro de Especialidades e o Hospital Regional já estivessem funcionando, mas a realidade não é essa. O Centro de Especialidades começou a ser construído em 2015, com a previsão de entrega para o primeiro semestre de 2017, mas as obras atrasaram.

O local chegou a ser inaugurado no final de 2018 por Cida Borghetti, então governadora, com a previsão de funcionamento para março de 2019, mas o prédio continua fechado. Há um impasse entre as prefeituras e o atual governo sobre como será a gestão do Centro e, por isso, não há previsão de quando o local entrará em funcionamento. Já o Hospital Regional Bernando Carli, uma homenagem ao ex-deputado morto em julho de 2018 e grande viabilizador da obra, estava previsto para ser inaugurado em 2017. Novamente, as obras atrasaram e uma série de ajustes precisou ser feita no projeto.

Em março de 2019, o governo do estado indicou que o local entraria em funcionamento entre setembro e dezembro daquele ano, mas, em junho, a nova data de início das atividades foi estipulada para o primeiro semestre de 2020. As duas obras melhorariam os atendimentos na Saúde e evitariam que os pacientes precisassem se deslocar para centros maiores para conseguirem consultas ou vagas de internamento, mas por enquanto, o sufocamento da população no setor da Saúde persiste.

3 - Criminalidade

De acordo com dados da Polícia Militar, Guarapuava registrou diminuição na criminalidade no primeiro semestre de 2019 no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Apesar do número de furtos registrados ter diminuído 20% e de os casos de roubos ter caído 4%, certos bairros, notoriamente residenciais, continuam como alvos frequentes de assaltantes. A popular Vila Carli, por exemplo, que concentra grande quantidade de estudantes devido ao campus Cedeteg, é uma região de intensa criminalidade. O mesmo acontece no bairro Santa Cruz que abriga o campus central da Unicentro e uma importante faculdade na área. Para tentar aumentar a sensação de segurança, moradores têm procurado investir em segurança privada com o uso de alarmes, câmeras e até mesmo cercas elétricas. Ainda de acordo com os dados divulgados pela PM, foram registrados 209 casos de furtos à residência em 2018, mas até agosto de 2019, o número já passava de 150.

3 avanços a serem mantidos

1 - Aeroporto

O aeroporto Tancredo Thomaz de Faria existe há muitos anos, mas operava apenas para pequenas aeronaves particulares. Em 2017, uma empresa de viação aérea visitou o local e constatou que algumas melhorias deveriam ser feitas para que as operações de vôos comerciais pudessem começar. O projeto de readequação previa a construção de um novo terminal de passageiros, outro prédio anexo para o Corpo de Bombeiros, ampliação do pátio de manobras e vias de acesso para aeronaves, novo estacionamento com capacidade para, aproximadamente, 100 vagas, além do novo acesso frontal à BR-277 e novo cercamento patrimonial por toda extensão da propriedade. O custo total da obra foi estimado em mais de R$ 10 milhões, arcado por meio de uma parceria público-privada. Guarapuava é polo regional e importante ponto estratégico por estar localizada na região central do estado, ligando a capital a Foz do Iguaçu, por exemplo.

Além disso, um aeroporto funcional na área favorece a vinda de indústrias porque possibilita a mobilidade nos negócios. O voo inaugural ocorreu no dia 7 de dezembro, ligando a cidade a Campinas, uma vez por semana. A cidade também receberá rotas para a capital paranaense, pelo Voe Paraná, mas ainda não há data para início das atividades.

2 - Agronegócio em expansão

A produção de grãos como milho, soja, trigo e cevada na área central do Paraná é propulsora da economia das cidades que fazem parte da região e possui relevância também a nível nacional. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 60% da cevada colhida no país é paranaense. Já de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná), 40% da produção nacional de cevada é advinda de Guarapuava. Em 2017, a cidade chegou a receber o título de Capital Paranaense da Cevada e do Malte, dada a importância econômica do grão. O título agrega também ao setor do Turismo que desenvolve o Projeto Caminhos do Malte com o objetivo de incentivar o empreendedorismo cervejeiro e o consumo da cevada e do malte na alimentação. Para tanto, promove diversos eventos ligados à cultura cervejeira da região. Atualmente, Guarapuava conta com nove cervejarias registradas no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e outras quatro em processo, além dos mais de 60 cervejeiros paneleiros - que fazem cerveja em casa.

3 - Diminuição da mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil se refere ao número de crianças a cada 1.000 nascidas que não sobrevivem ao primeiro ano de vida. Em 2012, o Paraná figurava entre os piores estados do Brasil no índice de mortalidade infantil. Guarapuava era uma das últimas colocadas, juntamente com Irati e Cornélio Procópio. De acordo com a Sesa (Secretaria de Saúde do Paraná), 12,2 crianças morreram a cada mil nascidas em 2010. O estado lançou o Programa Rede Mãe Paranaense, que propunha a organização da atenção materno-infantil nas ações do pré-natal e do puerpério, além do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças especialmente no primeiro ano de vida. Em 2013, a prefeitura de Guarapuava lançou o Programa Mamãe Guará que tinha como objetivo fortalecer as ações já previstas pelo estado e ampliar a rede de cuidados das gestantes e bebês.

O município sistematizou a assistência, colocando à disposição mais profissionais para o atendimento especializado e odontológico por meio de uma equipe multidisciplinar, entre outras medidas. Desde que o programa foi lançado, o índice cai ano a ano. Em 2017, quatro anos após o lançamento do Mamãe Guará, houve uma redução de quase 50% no índice de mortalidade infantil em Guarapuava, atingindo 9,83%. Em 2018, o número caiu para 8,5%, o menor número da história. A redução desse valor expressa o sucesso do programa por meio da melhoria da qualidade de vida da população.

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