Os dados do Paraná do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021, divulgados na última sexta-feira (16) pelo governo federal, mostram que está diminuindo a distância entre a escola pública e a particular em termos de qualidade de ensino.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
O Ensino Médio da rede pública estadual, na avaliação anterior, referente ao ano de 2019, teve nota 60% menor do que as escolas particulares. Em 2021, de acordo com o dado divulgado na última semana, essa diferença caiu para 30%. No Ensino Fundamental também é possível perceber a aproximação. Enquanto em 2019 as escolas públicas tinham nota cerca de 45% inferiores às particulares, em 2019 essa diferença caiu para 25%.
“Antes havia uma diferença enorme entre as escolas particulares e as públicas em relação ao nível de ensino. Isso está diminuindo. Está havendo uma aproximação dos índices, o que é muito bom e significativo. Mostra o resultado do investimento”, destaca a professora Patrícia Lupion Torres, da Escola de Educação e Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Para a professora, o Paraná e o Brasil ainda estão longe de alcançar os índices internacionais. “Falta muito para chegarmos lá. É uma caminhada, mas melhoramos nos últimos anos de forma significativa”, observa. Segundo Torres, o Ideb é uma avaliação muito importante porque a partir do resultado é possível melhorar.
“O Paraná ter conseguido elevar os índices em um período de pandemia pode ser considerado um mérito”, afirma a professora, que atribui à pandemia o fato de o Estado não ter atingido a meta estipulada pelo governo. A meta era chegar a 5,1 nas escolas públicas de Ensino Médio e ficou em 4,6. Nos anos finais do Fundamental, a meta previa 5,3 e chegou a 5,2.
“Foi um período muito desafiador. Os estudantes não puderam ir para a escola e nem todos tinham acesso à tecnologia para acompanhar de forma remota”, analisa.
Dados não comparáveis com anos anteriores
Para a especialista em educação, Claudia Costin, os dados gerais do Ideb são importantes para a recuperação da aprendizagem, mas não são comparáveis com anos anteriores. Ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro e diretora global de Educação do Banco Mundial, Costin lembra que o Ideb é composto pelas notas das provas de Língua Portuguesa e Matemática e pelo índice de aprovação. “Durante a pandemia, muitos estados e municípios evitaram reprovar os alunos”, lembra.
Para ela, “a não reprovação, num certo sentido foi positiva, especialmente porque quando se tem uma crise econômica, como foi o que aconteceu com a pandemia, o risco de se perder alunos é grande. Abandonam a escola para ir trabalhar e, se reprovam, é mais difícil de evitar essa evasão”.
Claudia Costin que hoje é diretoria do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca o bom desempenho do Paraná no Ensino Médio, onde o Estado teve a melhor nota e assumiu a liderança nacional. "Em português, foi a maior nota em todo o Ensino Médio do país e, em matemática, só ficou atrás do Espírito Santo”, observa.
Para a especialista, o bom desempenho se deve, em grande parte, à estratégia de ensino remoto “adotada de forma competente” pela rede pública estadual do Paraná. “As escolas conseguiram se organizar por turmas, o estado desenvolveu uma plataforma para redação e a inclusão digital foi ampla, com 95% dos alunos presentes na plataforma”, conta Costin, que diz conhecer de perto a realidade paranaense e ter visitado o estado algumas vezes, inclusive no período de pandemia.
É preciso apoiar os municípios
As duas especialistas destacam que, embora o Paraná não tenha ido mal no Ideb, não dá para negar que aconteceram perdas no processo de aprendizagem nos últimos anos. “Não se pode agora varrer pra debaixo do tapete. É preciso montar um bom sistema de recomposição dessas perdas”, destaca Costin. Ela observa que será muito importante os estados ajudarem os municípios. “Os estados que conseguiram avançar bem no fundamental 1 foram aqueles em que os estados ajudaram os municípios”, destaca a especialista. Em média, em todo o Brasil, os anos iniciais foram os que tiveram os piores desempenho no Ideb.
No Paraná não foi diferente. Do 1º ao 5º ano, onde a educação está a cargo das prefeituras, o Ideb da rede pública passou de 6,5 na pesquisa anterior (2019) para 6,1 na atual (2021). O que também será muito importante, segundo Costin, é ampliar progressivamente o número de escolas em tempo integral. “Mais uma vez ficou claro que os estados que vêm avançando no Ideb, entre eles Pernambuco e Paraíba, são aqueles que colocaram suas redes públicas em tempo integral”, pontua. No Paraná, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Educação, apenas 8% da rede estadual que abrange os anos finais do Fundamental e o Ensino Médio são atendidos com educação em tempo integral.
Sobre a defasagem no período da pandemia, a professora Patrícia Torres, da PUCPR, conta que desenvolve um projeto internacional de educação com a União Europeia e países estão avaliando desconsiderar os dois últimos anos no que se refere ao processo de aprendizagem. “A ideia é rever todo o currículo, distribuindo os conteúdos ao longo dos próximos [anos] como forma de evitar que os estudantes percam o que não foi dado nesse período de pandemia”, observa.
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Leia o relatório completo da Câmara dos EUA que acusa Moraes de censurar direita no X
-
Revelações de Musk: as vozes caladas por Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Em jogo ousado, Lula blinda ministros do PT e limita espaços do Centrão no governo
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Após desmoronamento, BR-277 em Guarapuava ficará ao menos uma semana com bloqueio parcial
Deixe sua opinião