A proposta de retomar as aulas presenciais a partir do dia 19 de outubro em cerca de 40 escolas estaduais do Paraná, anunciada pelas secretarias estaduais da Saúde (Sesa) e da Educação e do Esporte (Seed) na terça-feira (6), contraria a opinião de professores e funcionários da rede de educação. A APP-Sindicato, entidade que representa as categorias, vê com preocupação o chamado projeto-piloto e mantém o indicativo de paralisação para que as atividades in loco não ocorram neste ano letivo.
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Nesta sexta-feira (9), às 17 horas, a entidade tem agendada uma reunião com técnicos da Seed para discutir o assunto. “Consideramos que não estão dadas as condições de segurança necessárias para que a gente evite contaminações pelo novo coronavírus”, afirma o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão. Inicialmente, a reunião aconteceria na tarde desta quinta-feira (8), mas a pasta adiou o encontro.
“Há quem diga que a greve é porque não queremos trabalhar, mas é importante saber que os professores têm estado muito mais cansados e se dedicado muito mais às atividades do que no tempo dito normal”, diz. “A greve é em defesa da vida e da saúde de docentes, funcionários, alunos e familiares.”
Desde o início da pandemia, professores da rede estadual têm dado aulas por meio de plataformas como o YouTube, o Google Classroom, o aplicativo Aula Paraná e em transmissões feitas pela televisão. Além disso, aos alunos não têm acesso aos meios digitais, são entregues materiais impressos com conteúdo e atividades do currículo escolar.
Na reunião de sexta-feira, a Seed buscará demonstrar ao sindicato que o projeto-piloto se dará dentro de um rígido protocolo de segurança, com poucos alunos, em dias alternados da semana, medição de temperatura, uso de máscara e distanciamento. Além disso, a secretaria tem o "trunfo" de que só participarão da fase de testes as escolas em que os diretores manifestaram o desejo de retorno.
Leão ressalta que diversas pesquisas têm apontado que entre 75% e 80% da comunidade escolar são contrários à volta dos encontros presenciais ainda em 2020. Uma enquete feita pela Gazeta do Povo na última semana apontou que 79%, ou 8.415 de 10.691 participantes, são favoráveis ao retorno às aulas nas escolas apenas em 2021.
A Seed afirma, em nota, que o que se estuda é um retorno de atividades presenciais em “apenas 2% da rede, com consulta da comunidade escolar, unicamente em localidades seguras, indicadas pela Secretaria da Saúde, mantendo-se 98% da rede exclusivamente com aulas não presenciais”.
Segundo a pasta, ainda não está definido em quais cidades as aulas presenciais poderão ser retomadas a partir do dia 19. A secretaria informa que aguarda um direcionamento da Sesa para eleger as escolas em que há segurança sanitária para a adoção do projeto-piloto.
A secretaria de Saúde, por sua vez, afirma que “o assunto ainda está sendo debatido internamente com as equipes da Sesa e Seed”. Em audiência na Assembleia Legislativa do Paraná na terça-feira (6), o secretário de Saúde, Beto Preto, disse que o projeto deve ser adotado em regiões com menores índices de novos casos e de óbitos por Covid-19.
Já sobre as medidas sanitárias que serão adotadas nas escolas em que houver aulas presenciais, a Seed informa que a salas de aula receberão alunos em número de, no máximo, 50% da capacidade, garantindo distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as carteiras. Haverá ainda rodízio de séries e de turmas e medição de temperatura corporal dos estudantes na entrada, além de protocolos de higienização.
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