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Sede da Escola de Belas Artes e Música abandonado há 11 anos na Rua Emiliano Perneta, no Centro de Curitiba.
Sede da Escola de Belas Artes e Música abandonado há 11 anos na Rua Emiliano Perneta, no Centro de Curitiba.| Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo/Arquivo

Abandonado desde 2011, o prédio histórico da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), na Rua Emiliano Perneta, no Centro de Curitiba, poderá ser restaurado e ganhar uma nova função com apoio da prefeitura. Pela proposta do município, o casarão, que está praticamente condenado, passaria a ser um polo artístico, com a escola sendo transferida para o bairro Boqueirão [leia abaixo]. O imóvel pertence ao governo do estado, mas o município se dispõe a ajudar na reforma por transferência de potencial construtivo.

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Por essa ferramenta, a prefeitura autoriza a construção de um empreendimento acima dos padrões de zoneamento em um determinado bairro em troca da manutenção de uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP), que é o caso do antigo "Prédio das Belas", como é conhecido o casarão. A transferência de potencial construtivo, porém, depende de assinatura de convênio com o governo do estado.

O prefeito Rafael Greca (DEM), inclusive, criticou o governo estadual pelo abandono do imóvel histórico. "Vemos a Escola de Belas Artes como efetivo patrimônio cultural do Paraná. É uma vergonha deixar um prédio daquela magnitude em ruínas", enfatizou Greca segunda-feira (19) ao receber o Movimento Viva-Embap-Viva. "Temos muito interesse na volta das Belas Artes para aquele espaço. Mas precisamos do governo do estado, que é proprietário do prédio", completou o prefeito.

O movimento Viva-Embap-Viva, que inclui estudantes, professores e funcionários da Embap, além de artistas, entregou um abaixo-assinado ao prefeito com 7 mil assinaturas pedindo ajuda na restauração. A mesma petição cobrando solução foi entregue dia 13 de outubro ao então governador em exercício, o vice Darci Piana.

A sugestão da prefeitura é transformar o imóvel em um polo cultural após o restauro. Para isso, a Embap seria integrada à estrutura do Centro de Treinamento do Magistério do Estado do Paraná (Cetepar), no bairro Boqueirão, para onde já foi o curso de Cinema.

A Superintendência Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), no entanto, pretende retornar as atividades da Embap no prédio após o restauro, tanto que deve assinar o convênio com a prefeitura. Com isso, o plano do governo é de que a escola seja transferida para o Boqueirão apenas provisoriamente até a reforma do casarão. A transferência seria para economizar com os custos dos aluguel dos três imóveis que a Embap ocupa hoje.

Ainda segundo a Seti, o debate sobre o futuro do imóvel já vem sendo feito com a prefeitura há meses. "A Seti reconhece a importância do prédio histórico na preservação da memória cultural dos cidadãos paranaenses e está empenhada para que o local seja revitalizado, e continue promovendo informação e educação para a comunidade, conectando aspectos da cultura e da ciência", afirma a superintendência em nota.

Construído em 1930 com arquitetura eclética, o casarão de três pavimentos e 783 metros quadrados virou sede oficial da primeira escola de artes do Paraná em 1951. Entre alunos e professores que passaram pela escola estão o maestro Bento Mossurunga, autor do Hino do Paraná, os pintores Theodoro de Bona e Guido Viaro, o escultor Erbo Stenzel e o compositor Zbigniew Henrique Morozowicz (Henrique de Curitiba). O prédio era o câmpus 1 da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Restauração engavetada

Ao assumir o estado em 2019, o governador Carlos Massa Ratinho Jr (PSD) engavetou projeto aprovado na Assembleia Legislativa em 2010 para revitalização e ampliação do prédio da Embap. A alegação, na época, era de que o novo governo não tinha orçamento para a obra, já que teria que destinar recursos para questões mais prioritárias.

Projeto engavetado pelo governo incluía restauração do casarão da Embap com construção de uma torre aos fundos.
Projeto engavetado pelo governo incluía restauração do casarão da Embap com construção de uma torre aos fundos.| Meta Arquitetura/Divulgação Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/governo-parana-escolheu-nao-reformar-predio-escola-musica-belas-artes/ Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

A reforma havia sido incluída na Lei Orçamentária Anual de 2011 ao custo de R$ 14 milhões à época. O que levou a direção da escola a deixar o prédio da Rua Emiliano Perneta naquele mesmo ano acreditando que ocuparia provisoriamente as três sedes atuais espalhadas em prédios alugados no Centro de Curitiba.

Em 2019, a Embap pagava R$ 1,320 milhão por ano de aluguel nos três imóveis que ocupa hoje. Valor que acumulado ao longo dos dez anos de abandono da antiga sede chegaria a R$ 13,2 milhões aos cofres estaduais. Ou seja, o custo do aluguel ao longo desse período seria praticamente igual, apenas R$ 800 mil a menos, do que os R$ 14 milhões do projeto de restauração engavetado.

Pelo projeto de 2010, as características do prédio histórico seriam mantidas com a construção de uma torre de 14 andares nos fundos do imóvel. A edificação antiga restaurada receberia o acervo e um pequeno museu da Embap. Já a torre integrada ao casarão receberia as salas de aula, com atêlies para cada especialidade da escola. Os dois primeiros andares do prédio anexo seriam para um teatro e uma biblioteca com jardim.

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