• Carregando...
Covid-19 em Curitiba
Prefeito de Curitiba Rafael Greca.| Foto: Ricardo Marajó / SMCS

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), polemizou ao comentar sobre a eleição da professora Carol Dartora (PT), primeira mulher negra eleita vereadora da Câmara Municipal. Segundo ele, a pouca presença de negros na política da cidade está associada à histórica imigração de europeus para o Paraná. E foi além: “A cor da pele é apenas uma contingência de quem foi criado mais perto [da linha] do Equador, com mais sol. Quem foi criado mais longe do Equador foi criado com pele mais clara. Mas nós somos todos iguais”, declarou, em entrevista gravada à GloboNews.

Questionado se desconsidera a existência ou não de racismo, Greca classificou como uma “coisa detestável” que não gosta “nem de falar”. “Eu gosto mesmo é de gerar igualdade de oportunidades para todos. Gosto muito da igualdade de oportunidades para todos”, destacou. Ao longo da entrevista, citou o “pioneirismo” curitibano de negros bem sucedidos. Lembrou da engenheira Enedina Marques, a primeira mulher e a primeira negra a se formar em Engenharia no país. “Eu cresci em uma casa onde a engenheira Enedina Marques era colega do meu pai e, conosco, estava sempre”, disse.

Outro exemplo do referido pioneirismo citado por Greca foi o de Pâmphilo Assunção. “O primeiro grande advogado fundador do Instituto dos Advogados do Paraná, já em 1912, que era negro”, ressaltou. Sobre a vereadora eleita Carol Dartora, o prefeito a chamou de “moça formidável”, respeitou a opinião dela sobre o racismo estrutural e, em determinado momento, disse que “pode ser que isso [racismo] exista”. Mas deixou claro que não partilha do mesmo entendimento. “Discordo da vereadora que, aqui, haja um racismo estrutural”, afirmou.

Greca cita história do Paraná para justificar opinião

A grande proporção de brancos, pondera Greca, é explicada pela história do Paraná. “Curitiba chegou a ter 1/3 de sua população como negra no período colonial. Sou, também, um pouco historiador, escrevi um livro da história de Curitiba”, iniciou o pensamento. “Esse senso do período colonial foi derrotado em números pela imensa imigração europeia. Precisa entender a história. O Paraná foi transformado na mais jovem província do Brasil para Dom Pedro II castigar os paulistas pela Revolução Liberal [de 1842], e, nesse momento que o Paraná foi criado, em 1853, não havia mais nem tráfico de escravos e já havia a Lei do Ventre Livre”, afirmou.

Sem mão de obra negra disponível no Paraná, prosseguiu Greca, em 1854, a terceira lei da Província mandou vir imigrantes. “Polacos, italianos, alemães, ucranianos, russos, japoneses, aos milhares vieram. Somos a maior província eslava do mundo, depois da Polônia e Ucrânia juntos. Acho que temos mais ucranianos que a Ucrânia e mais polacos que a Polônia. Essa imigração imensa dimiuiu a proporção demográfica dos negros”, concluiu.

Apesar da discordância, Greca deixou claro que deseja “toda a felicidade do mundo” à vereadora eleita Carol Dartora . “É uma boa professora, está começando um mestrado em história [a vereadora eleita corrigiu a informação do prefeito afirmando que faz no momento um Doutorado], dei meu livro a ela de presente e espero que as pessoas sejam iguais pela sua esperança, pelo seu coração, ainda além da cor de sua pele”, disse. Após uma pausa, continuou. “Não que a cor da pele seja um diferencial”, disse. A cor da pele, prosseguiu Greca, “é apenas uma contingência de quem foi criado mais perto [da linha] do Equador, com mais sol. “Quem foi criado mais longe do Equador foi criado com pele mais clara. Mas nós somos todos iguais”, comentou.

Segundo Greca, sua gestão tem cerca de 15 mulheres em “cargos mais graduados”. Sobre a quantidade de negros em seu governo, citou seu comandante da Guarda Municipal de Curitiba. “Agora, veja, ele não é comandante da guarda porque é negro. É comandante da guarda porque é eficiente, um dos melhores guardas municipais do mundo. É uma pessoa zelosa, amorosa, atenta aos seres humanos e, por isso, é o comandante da guarda”, explicou.

Prefeito fala sobre possível candidatura de Moro para 2022

Ao longo da entrevista, o prefeito também falou sobre política. Deixou claro que não pretende se candidatar a governador em 2022 e cumprirá seu mandato. Assim, admitiu que apoiará uma provável candidatura à reeleição do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD). Para a Presidência da República, Greca reconheceu que Sergio Moro, ex-juiz federal da 13ª Vara de Curitiba e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, é um nome em potencial para a disputa.

Contudo, Greca deu a entender que acha pouco provável que a candidatura será lançada. “Eu acho que até pode [Moro ser candidato], eu tenho simpatia pessoal por ele, pela senhora [Rosângela Moro], eles são meus amigos e da Margarita [Sansone, sua mulher], mas o processo de desgaste dele foi instaurado pelo fato de ele deixar de ser juiz”, ponderou.

Além do desgaste que Moro irá enfrentar, Greca avalia que o discurso de combate à corrupção perdeu fôlego após sua saída da Magistratura. “A Lava Jato disciplinou a política do Brasil, tornou mais veemente o mandamento da Lei de Deus de que 'não roubarás', e, por isso, tem todo seu mérito. Mas ela perdeu um pouco da autoridade, sem dúvidas, no momento em que o juiz Sérgio Moro desceu do pedestal, depôs a toga e foi ser ministro da República”, comentou. “Eu até mandei um cartãozinho para ele [Moro], dizendo: ‘Bem vindo à planície. Que Brasília lhe seja leve’. Pelo jeito, não foi”, acrescentou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]