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Curitiba é uma das cidades onde o comércio está reabrindo de acordo com normas de segurança, como o uso obrigatório de máscaras.
Curitiba é uma das cidades onde o comércio está reabrindo de acordo com normas de segurança, como o uso obrigatório de máscaras.| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Influenciada pelo dia das mães, a semana de 4 a 10 de maio foi a melhor para o comércio no Paraná desde o início da pandemia de Covid-19. Alguns setores conseguiram vendas iguais, ou até maiores, às da semana entre 2 e 8 de março, a última antes da declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde e as consequentes medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio, decretadas por prefeituras e pelo governo do estado. Mas o resultado não foi visto como alívio pelo comércio, que aponta ter vendido até 40% menos, em valores, que no dia das mães de 2019.

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De acordo com o boletim semanal de impacto do coronavírus na economia paranaense, os supermercados (9%) e o setor de áudio, vídeo e eletrodomésticos (23%) venderam mais na última semana que na primeira semana de março. Calçados atingiu o mesmo patamar de dois meses atrás. Materiais de construção (6%) e vestuário (12%) ficaram um pouco abaixo, mas mostrando grande recuperação em relação às semanas anteriores.

Entre os produtos, os eletrodomésticos da linha branca venderam, na semana do dia das mães, 16% a mais que na semana anterior à pandemia; celulares, 49% a mais; e televisores, 55%.

No comparativo com 2019, no entanto, apenas supermercados (17%), farmácias (4%), materiais de construção (5%) e áudio, vídeo e eletrodomésticos (7%) tiveram uma segunda semana de maio melhor que a do ano passado. Mesmo com as vendas do dia das mães, vestuários tiveram vendas 34% menores que em igual período de 2019 e calçados, 39%.

O presidente da Associação Comercial do Paraná, Camilo Turmina, atribuiu o respiro do comércio ao dia das mães, mas lembrou que a associação calcula queda de 30 a 40% na movimentação financeira em relação à mesma data de 2019. “Certamente é reflexo do dia das mães. E, com as pessoas ainda praticando um bom isolamento social, a busca por uma televisão e um aparelho celular melhores aconteceu. Mas, mesmo no dia das mães, as vendas não foram tão importantes, porque foram vendas de menor valor. Em valores, foram comercializados entre 30% e 40% menos que no ano passado”, analisou. “O vestuário também cresce bem no dia das mães, também tem o efeito positivo da chegada do frio, com a necessidade das pessoas renovarem suas roupas de frio, mas a comparação com o ano passado deixa claro onde o setor deveria estar neste ano”, prosseguiu.

Turmina prevê que, mesmo com a reabertura gradual do comércio, com muitos municípios afrouxando as regras de isolamento, as vendas deverão demorar para se recuperar, por conta, também, da queda da renda da população. “Se passamos a pior fase do comércio fechado, embora ainda temos os problemas dos shoppings, já estamos vendo, agora, o impacto na queda do poder aquisitivo dos brasileiros. Temos 70 milhões de brasileiros sobrevivendo com um auxílio 'mata fome', viram suas rendas despencarem para os R$ 600,00 do governo. Não vão poder comprar”, citou.

“Vamos ter uma retração gigantesca. Vamos perder emprego, vamos perder renda. Quedas de vendas de até 40% em vários setores daqui para frente será natural. Qualquer prognóstico de retomada só depois que passarmos por essa pandemia, então, não temos nenhuma previsão”, concluiu.

Restaurantes e automóveis seguem sendo os mais afetados

O boletim semanal da Secretaria da Fazenda mostra que o setor de restaurantes e lanchonetes segue sendo o mais prejudicado pelas medidas de isolamento social. O setor faturou, na semana, R$ 45,63 milhões - 61% abaixo dos R$ 117 milhões da primeira semana de março. As perdas acumuladas em dois meses chegam a R$ 668,7 milhões. No comparativo com 2019, os restaurantes e lanchonetes perderam 59% da receita.

O setor de automóveis demorou um pouco mais para ser impactado pela crise, tendo crescimento nas vendas até 22 de março, quando chegaram a R$ 371,9 milhões. Desde então, no entanto os números despencaram. O setor teve, nas últimas sete semanas, uma queda média de 70% nas vendas, perda estimada de R$ 1,8 bilhão. O faturamento da semana entre 4 e 10 de maio foi de R$ 141,3 milhões, 38% em relação ao da semana entre 16 e 22 de março.

Impacto no Paraná

O boletim semanal da Secretaria da Fazenda mostra que das 44 mil empresas paranaenses que estavam fechadas em 20 de março, 33,4 mil já voltaram a emitir nota fiscal. O Estado segue, então, com 10,6 mil fechadas - a maioria, micro e pequenas empresas, enquadradas no Simples (8.400 das fechadas).

Ainda de acordo com o boletim, o Paraná deixou de arrecadar, em abril, 448,6 milhões em ICMS, uma queda de 16,9% em relação ao ano passado. Segundo a Secretaria da Fazenda, o auxílio federal de R$ 1,7 bilhão permite suportar uma queda de até 23% entre abril e julho.

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