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Marion Burger. Foto: Reprodução/Facebook
Marion Burger, infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba.| Foto: Reprodução/Facebook

A ocupação de leitos de UTI exclusivos para tratamento da Covid-19 chegou a 85% nesta terça-feira (16), um aumento de 10 pontos porcentuais em relação ao boletim do dia anterior - era 75%. O crescimento dos casos assustou a médica infectologista Marion Burguer, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba. “Todas as medidas necessárias precisam ser tomadas pela população. Essas medidas não são medicamentos, mas comportamento, porque senão, em duas semanas nós não teremos mais leitos para internamento. Nem para o coronavírus, nem o suficiente para pessoas com outras doenças”, avisou, ao divulgar os dados atualizados da pandemia na capital paranaense.

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O alerta da epidemiologista contrasta com a posição de relativo conforto de quase dois meses atrás, quando o prefeito Rafael Greca descartou a necessidade de hospital de campanha em Curitiba, dizendo que "a estrutura de saúde de Curitiba é formidável". À época, no final de março, a secretária de Saúde, Márcia Huçulak, destacou que Curitiba tinha 761 leitos de UTI e que, com a ativação de novos leitos e a otimização da rede hospitalar, poderia ultrapassar mil.

De acordo com os dados mais recentes da secretaria, no entanto, o número de casos confirmados de Covid-19 na capital cresceu cinco vezes, em comparação com os números do final de maio. Entre 11 de março (primeiros casos confirmados na capital) e 28 de maio, foram 14 confirmações diárias, em média. Com os números desta terça, a média registrada passou para 67 casos por dia, quase cinco vezes mais.

O diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, explica que esse aumento tem influência direta na ocupação de leitos hospitalares e nas mortes pelo coronavírus. “Quanto mais doentes, maior a pressão sobre a rede de saúde. E a nossa missão é evitar o máximo possível que as pessoas morram.”

Curitiba está com a bandeira laranja (nível de alerta médio), numa escala de três níveis que inclui também o amarelo (alerta) e o vermelho (alerta máximo). Esse cenário, criado pelo decreto 774/20, aumentou as restrições para alguns setores geradores de aglomeração de pessoas, com alto índice de propagação do coronavírus.

Apelo à população

A secretária da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, voltou a fazer um apelo para os curitibanos. “A população precisa ajudar a baixar o movimento na cidade. Apesar do decreto, não houve mudança nenhuma”, disse à RPC.

O número total de óbitos na capital atingiu 89 pessoas nesta terça-feira. Até o final de maio, ocorria uma morte a cada dois dias, em média. Agora, essa incidência pulou para cinco mortes a cada dois dias – também cinco vezes mais. Márcia Huçulak explica que estão sendo tomadas medidas para evitar que a cidade entre na bandeira vermelha.

“De um dia para o outro, o quadro muda. O importante é que todas as decisões levam em conta o melhor cenário para o combate ao novo coronavírus. A curva de crescimento da doença precisa ser controlada para que não faltem leitos nos hospitais quando os pacientes precisarem.”

A secretária disse ainda que a falta de comprometimento dos curitibanos com as medidas de segurança, como o isolamento social, terá repercussões na próxima semana. “O aumento de casos tem um reflexo daqui uma semana na ocupação de leitos”, disse.

Ela também lembrou que não adiante ter os leitos, sem os profissionais para operá-los. “Tivemos baixas nas equipes e sem eles não conseguimos manter o leito ativo. Estamos num esforço para ampliar a capacidade, mas a população tem que ajudar e diminuir a circulação”.

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