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Exportações
Exportações para o mercado islâmico cada vez mais atraem empresas paranaenses.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

O número de empresas paranaenses certificadas para exportar para o mercado islâmico cresceu 82% em 2021, em comparação com 2020. O aumento foi mais do que a média nacional, que ficou em 53%. Os itens que mais cresceram na exportação paranaense foram: produtos de origem animal perecíveis (em especial carne de frango, mas também ovos, laticínios e peixes), químicos, bioquímicos e alimentos industrializados.

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O dado é da Certificadora do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina (Cdial Halal). Os 57 países do mundo islâmico exigem o selo halal (que significa ‘permitido’ em árabe, ao contrário de haram, que é ‘proibido’) para todos os produtos que importam.

A crescente busca por essa certificação tem uma razão. Ter livre acesso a esse mercado é bastante promissor. Os países islâmicos concentram 1/3 da população mundial e o mercado halal deve movimentar em torno de US$ 5,74 trilhões até 2024, de acordo com dados do State of the Global Islamic Economy. O Brasil já é um dos principais exportadores de produtos halal do mundo e cada vez mais empresas brasileiras buscam se adequar para vender para esses países.

Um produto com selo halal significa que seguiu todo o rigor técnico e o respeito às crenças do povo muçulmano em seu processo de produção. No caso da carne de frango, por exemplo, em que o Paraná é líder mundial na exportação halal, a certificação atesta que a ave foi abatida por profissional muçulmano, sem sofrimento, com um único corte com faca afiada no pescoço e que esse procedimento de abate foi posicionamento voltado para Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos.

“O Brasil conquistou a confiança desse mercado pela qualidade e rigor na legislação e produção”, destaca Ahmad Mohamad Saifi, diretor de operações da Cdial Halal. Segundo ele, além do destaque na exportação de proteína animal, indústrias brasileiras de diversos setores têm enorme potencial para explorar esse mercado em ascensão, como fármacos, cosméticos, dentre outras.

Dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira mostram que em 2021, o Paraná exportou US$ 989,05 milhões de dólares em proteínas animais halal para os 57 países membros da Organização da Cooperação Islâmica. No ano anterior, o estado havia exportado US$ 760,80 milhões para a região.

Certificação é necessária para toda a cadeia produtiva

Uma das indústrias paranaenses certificadas para exportar para o mercado islâmico é a curitibana Prodiet Medical Nutrition. Voltada à produção de alimentos para pessoas com necessidades nutricionais específicas, a Prodiet vê o mercado islâmico como estratégico. “Os países islâmicos sempre estiveram dentro dos planos de expansão da Prodiet, portanto é natural a adaptação para servi-los”, destaca Marlon Oliveira, coordenador de negócios internacionais da empresa.

O rigor exigido pelo mercado islâmico não se aplica apenas ao produto final exportado, mas a toda a cadeia. Por isso, a certificação inclui matérias-primas, insumos, transporte e armazenamento, para garantir, dentre outras coisas, que não haja contaminação cruzada com produtos que são ilícitos (ou haram, proibido), como a carne suína, sangue animal e o álcool, por exemplo.

Por isso, a Peróxidos do Brasil, com sede na Cidade Industrial de Curitiba, mesmo não exportando diretamente para o mercado islâmico, teve que buscar a certificação. “Nossos clientes exportam para esse mercado, por isso também temos que seguir as mesmas normas”, informa Lorenzo Rodriguez, diretor de Mercado Externo e Pesquisa & Desenvolvimento da empresa.

A Peróxidos fabrica a popular água oxigenada, que é fornecido para indústrias que a utilizam na limpeza e desinfecção de máquinas e equipamentos das linhas de produção e na lavagem de caixinhas usadas para embalar produtos líquidos. É usada também em processos de branqueamento de papel usado em diversas embalagens de alimentos.

Carne brasileira será promovida na maior feira halal do mundo, em Dubai

Para explorar todo o potencial do mercado islâmico, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), promoverá uma grande ação de imagem voltada à exportação da carne produzida no Brasil durante a Gulfood Dubai 2022. Trata-se da maior feira mundial voltada para o mercado de alimentos halal, que acontece de 13 a 17 de fevereiro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Gestora das marcas setoriais Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Breeders, Brazilian Duck e Brazilinak Pork, a ABPA levará para encontros de negócios no evento 20 agroindústrias brasileiras produtoras e exportadoras do setor, entre elas as paranaenses (ou com plantas industriais no Paraná): Avenorte, Coasul, Copacol, CVale, Gt Foods, Jaguafrangos, Lar Industrial e Vibra.

Em outubro ano passado, o potencial do setor agroindustrial do Paraná foi um dos destaques na Semana do Brasil na Expo Dubai. Uma missão liderada pelo governo do estado levou representantes do poder público e do setor produtivo para a feira. Foi uma oportunidade também para apresentar o potencial do estado em produção de energia sustentável.

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