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No Paraná, 17 cidades ficaram sem nenhum dos médicos contratados no último edital do programa federal. Foto:| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

A saída de profissionais cubanos do programa Mais Médicos continua a gerar problemas no serviço básico de saúde de 49 municípios paranaenses. Nessas cidades, 60 brasileiros que haviam sido contratados para ocupar as vagas deixadas pelos médicos da ilha caribenha já desistiram de participar do programa até o início de abril.

O número representa 13% das 458 vagas que haviam sido deixadas pelos médicos cubanos no estado e posteriormente preenchidas. Até o momento, não há previsão de abertura de novo edital pelo Ministério da Saúde.

A Gazeta do Povo apurou com diversas prefeituras que as principais razões que levaram à saída do programa em vários dos municípios paranaenses foram a dificuldade de adaptação e a busca por oportunidades de especialização, uma vez que a maior parte dos contratados são recém-formados.

Entre as cidades do Paraná que perderam médicos nos últimos meses, 17 ficaram sem nenhum dos profissionais contratados no edital mais recente do programa. É o caso de São Pedro do Paraná, no Noroeste do estado, onde a saída do médico que havia sido contratado pelo Mais Médicos deixou o município com um único clínico geral, que se divide entre os dois postos de saúde.

O profissional contratado pelo programa, natural da vizinha Loanda, havia acabado de concluir a faculdade e deixou a vaga para fazer residência na Santa Casa de Paranavaí, na mesma região. A cidade conta com outros dois médicos, porém ambos especialistas: um pediatra e um ginecologista.

“Se não abrir um novo edital para contratação pelo Mais Médicos nos próximos dois meses, teremos de abrir um concurso em caráter emergencial”, afirma Priscila Godoy, secretária de saúde da cidade de cerca de 2,5 mil habitantes. O orçamento limitado do município, no entanto, dificulta muito a abertura da vaga. O salário de um profissional do Mais Médicos é de R$ 11.865,60 para 40 horas de trabalho semanais.

Em situação semelhante estão Abatiá, Braganey, Cruzeiro do Sul, Ivaiporã, Reserva e Vera Cruz do Oeste, todas cidades pertencentes ao grupo I do Piso da Atenção Básica Fixo do Ministério da Saúde. Fazem parte dessa classificação municípios com menos de 50 mil habitantes, com baixo PIB per capita e os maiores porcentuais de população com Bolsa Família ou em extrema pobreza e sem plano de saúde.

Mesmo em cidades maiores, a desistência de médicos gera dificuldades. Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, havia sido o município mais afetado com a saída dos médicos cubanos. Ao todo, 56 profissionais da ilha caribenha desfalcaram o quadro funcional das unidades de saúde municipais com o fim do acordo com o programa Mais Médicos. Após conseguir preencher todas as vagas, a cidade viu cinco brasileiros desistirem do cargo.

Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, dispõe de quatro vagas para profissionais do Mais Médicos. Uma delas era ocupada por um clínico geral cubano até o fim de 2018 e foi preenchida por uma médica natural de Florianópolis no início deste ano.

Segundo a secretaria de saúde do município, ela solicitou desligamento do programa por motivos particulares. A saída “sobrecarregou os demais médicos da rede, que acabaram assumindo a demanda de pacientes”, informa nota da pasta enviada à Gazeta do Povo.

Em todo o Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, dos 8.517 contratados no último edital do Mais Médicos, 1.052 profissionais abandonaram o programa até o início de abril. Em nota, o ministério informa que as vagas não ocupadas poderão ser ofertadas em novas fases de provimento de profissionais, que ainda estão em análise pela pasta.

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