Apresentado como uma estrutura revolucionária que promete ganho de eficiência na logística ferroviária, o novo Moegão vai impactar um espaço de quase 600 mil metros quadrados no Porto de Paranaguá (PR). O nome estranho representa, na prática, um superlativo. Apresentada pelo estado como a maior intervenção portuária em desenvolvimento no Brasil, a estrutura está orçada em R$ 592 milhões e será custeada pelos cofres públicos paranaenses.
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A expectativa é que as obras se iniciem até o fim do ano, para que a estrutura esteja pronta 20 meses após o começo dos trabalhos. A nova moega gigante será destinada para a descarga de vagões que chegam ao porto com granéis sólidos, como soja, milho, farelo. E promete celeridade nos processos do chamado Corredor Leste de Exportação.
No panorama atual, apenas 15% das cargas que chegam a Paranaguá são transportadas por trilhos. Com o Moegão, a possibilidade é de aumento imediato da recepção de mais vagões com um processo mais rápido e ágil. A expectativa é aumentar o recebimento por trens para 50% das cargas nos próximos anos. Além disso, a logística será preparada para a demanda a ser gerada pela Nova Ferroeste, ferrovia que está em fase de projetos e que promete ser licitada na Bolsa de Valores (B3) em 2024.
O traçado principal será de pouco mais de 1,3 mil quilômetros ligando o Porto de Paranaguá (PR) a Maracaju (MS), além de ramais nas conexões de Cascavel (PR) a Foz do Iguaçu (PR) e de Cascavel a Chapecó (SC), em um dos mais importantes corredores de transporte ferroviário do país, cobrindo regiões bastante produtivas. “Com o Moegão, o objetivo é aumentar a participação do modal ferroviário e otimizar a organização interna do porto”, destacou a administração dos Portos do Paraná.
Como será a estrutura
O porto de Paranaguá contará com uma nova pera ferroviária de acesso, que corresponde a um pátio em formato circular que terá capacidade para descarregar simultaneamente até 180 vagões, em três linhas independentes com capacidade de 2 mil toneladas/hora, o que representa um aumento imediato de 63% na capacidade operacional. Será possível passar dos atuais 550 para 900 vagões por dia.
A descarga ocorrerá sem a necessidade de desmembramento do trem com acesso direto às balanças e às moegas. A carga sairá dos vagões caindo em funis do subsolo. Dali seguirá por uma correia transportadora até a torre de elevadores de canecas, para onde é levada às linhas de correias aéreas.
Os grãos serão direcionados por correias transportadoras dos eixos norte e sul para os 11 terminais interligados de carga no corredor leste. Dos terminais, a carga vaio aos navios, de onde seguirão ao corredor de exportação para então ganharem o mundo.
O objetivo é que o novo modelo de descarga ferroviária também possa aumentar a movimentação de navios pelo corredor de exportação.
Moegão pode reduzir custos de transporte em 30%
Em agosto, o governo do Paraná recebeu o projeto executivo do Moegão. Espera-se que, com a obra, além do ganho em eficiência, haja uma economia de 30% nos custos de transportes, diminuindo em 73% a emissão de CO2.
A estrutura permitirá o transporte de cargas sem a necessidade de desmembramentos nem manobras do trem dentro da estrutura portuária, reduzindo o impacto do trânsito interno. A ampliação da capacidade logística para cargas via trem também promete beneficiar o transporte rodoviário, ampliando a possibilidade de recebimentos dessas cargas diariamente.
Outra vantagem apontada com o projeto do Moegão é a de promover efeitos do lado externo do porto, pelas ruas da cidade de Paranaguá. As atuais 16 interseções férreas no município serão reduzidas para 5. O trem que hoje corta 27 vias no lado leste da cidade passará, então, por apenas cinco e sem manobras, considerando apenas o tempo de passagem. “Isso representará um distensionamento do transporte e recebimento das cargas no porto nesta que é a maior intervenção portuária em andamento no Brasil”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
O diretor empresarial da Portos do Paraná, André Luiz Pioli, considerou outros pontos. “Hoje, a mobilidade urbana é muito atrapalhada pelos trens que entram em conjuntos de até cem vagões e mesmo assim precisam ser desmontados. E a cada desmonte são necessárias muitas manobras férreas. Na nova composição, os trens entram, descarregam e saem da cidade fazendo com que esse giro possa aumentar muito a produtividade do porto, o que deve gerar mais empregos e o aumento da renda da população”, reforçou.
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