Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Ação no Paraná

Moro defende liberdade de expressão como testemunha de ex-prefeito acusado de difamar Lula

Moro é testemunha de defesa do ex-prefeito de Paranavaí
Moro criticou o Ministério Público Eleitoral pela tentativa de criminalizar a opinião do ex-prefeito. (Foto: Ivan Dybas/Arquivo Gazeta do Povo)

Ouça este conteúdo

O senador Sergio Moro (União Brasil) participou na tarde desta segunda-feira (18) de uma audiência da Justiça Eleitoral do Paraná, como testemunha de defesa do ex-prefeito de Paranavaí (PR) Carlos Henrique Rossato Gomes (Podemos), mais conhecido como Delegado Kiq. Aliado de Moro, ele é acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de Paranavaí por difamação contra Lula. Após ser ouvido, o senador retornou para Curitiba antes do final da audiência.

Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp

Segundo a denúncia, o então prefeito da cidade do noroeste do Paraná chamou o petista de “ladrão” durante a campanha eleitoral de 2022, quando Lula foi eleito presidente no segundo turno. Moro afirmou que se ofereceu para ser testemunha de defesa do ex-prefeito por considerar o processo abusivo e uma violação à liberdade de expressão.

“Se o Lula tivesse promovido uma ação privada, estaria no direito dele, mas se trata da utilização do aparato estatal para intimidar. O Lula foi condenado em três instâncias em mais de um processo e, inequivocamente, houve roubo à Petrobrás durante os governos do PT [...] Então, faz parte do debate público brasileiro, a questão se o Lula é um ladrão ou não”, comentou Moro, que ainda lamentou as anulações das condenações da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

O senador criticou o fato do ex-prefeito ser processado por “externar uma opinião” e disse que o país não pode aceitar o “cerceamento do debate” e da liberdade de expressão. “A gente fala muito de Brasília pelo o que está acontecendo, mas se esquece de olhar para os abusos que ocorrem nas nossas próprias cidades”, acrescentou Moro.

Na avaliação do senador, o MPE deveria se manifestar pela absolvição do delegado. “Foi um erro, um excesso do promotor, algo proposto logo após as eleições. O Ministério Público não pode servir como uma longa manus do Poder Executivo, dos interesses do governo.”

Em seu depoimento, o réu disse que externou a própria opinião, baseado nas condenações do petista. “Durante a campanha eleitoral de 2022 eu apenas reproduzi um fato histórico em relação ao então candidato Luís Inácio Lula da Silva. Infelizmente, respondo a um processo criminal. Hoje, muito mais que me defender, estou aqui pra dizer que os brasileiros têm o direito de dar sua opinião com base em condenações da Justiça. Foi o que fiz”, afirmou o ex-prefeito. A audiência foi encerrada e a decisão da juíza Eveline Soares dos Santos Marra ainda não foi divulgada.

VEJA TAMBÉM:

Para Moro, desmonte da Lava Jato abre portas para novos casos de corrupção

Moro também fez críticas ao impacto do desmonte da operação Lava Jato no Brasil. Para ele, a operação foi fundamental ao revelar grandes esquemas e promover a punição de figuras importantes da política nacional. “O país sofre uma completa destruição dos mecanismos de prevenção e combate à corrupção, que abrem as portas para novos escândalos”, declarou.

O senador cobrou a responsabilização dos envolvidos no caso dos desvios de aposentadorias do INSS, onde há suspeitas de fraude. “Hoje as investigações, ao que tudo indica, estão paralisadas [...] Parece que o governo quer realmente que essas investigações não prossigam, porque não se vê qualquer reação da parte dele, um marasmo”, criticou o senador.

Moro reforça que o combate à corrupção é essencial para a democracia e considera um abuso qualquer iniciativa que restrinja o debate público sobre questões como a corrupção. “Se for para cercear o direito do cidadão pensar, nós já não estamos mais numa democracia.”

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.