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Orival Alves: paixão pelo ensino da medicina inscrita na história do Oeste do Paraná
Orival Alves teve reconhecida, em vida, a contribuição dada para o desenvolvimento da medicina no Oeste do Paraná| Foto: Arquivo da família

Alguns neurocirurgiões se surpreendiam quando ficavam sabendo que o colega Orival Alves havia sido homenageado, ainda em vida, como nome do Centro Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Isso porque as especialidades dele, neurologia e neurocirurgia, não costumam ser próximas dos alunos em início de graduação, época em que estão mais envolvidos com as atividades do centro acadêmico. Porém, essa combinação de especialização acadêmica qualificada e atenção aos calouros era forte característica de Orival, que foi um dos idealizadores do curso de medicina da Unioeste, em 1994. Ele faleceu no dia 13 de janeiro, aos 73 anos, por complicações de Covid-19.

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A jornada em prol da educação no Oeste paranaense confirmava essa união de interesses. Além da implantação do curso, foi responsável pelo início da organização do ambulatório de medicina da Universidade em 1996 e participou da comissão para transformar o Hospital Regional em Universitário no ano seguinte. Foi coordenador do curso de medicina, elaborou o projeto de residência em neurologia e deu início à sua implantação no Hospital Universitário Unioeste. Tudo isso lhe rendeu reconhecimento e homenagens consecutivas de turmas de formandos.

Antes de desenvolver a carreira em Cascavel, construiu uma sólida base acadêmica. Natural de Alvorada do Sul (PR), graduou-se pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1971, fez residência médica em neurocirurgia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, instituição na qual também concluiu o doutorado em clínica cirúrgica. No dia seguinte à defesa do título, mudou-se com a esposa, Maria Cristina Morotti Alves, para Cascavel a convite de um grande amigo e colega de profissão. Se tornou, assim, professor de neurologia e neurocirurgia na Unioeste e o primeiro médico da cidade a ter doutorado.

As experiências internacionais incluem passagens por hospitais e universidades em Minnesota e na Virgínia, nos Estados Unidos, e em Glasgow, na Escócia, nos anos 1980. Na década seguinte, realizou extensões universitárias e se tornou fellow em neurocirurgia nas Universidades de Columbia e Nova York, nos Estados Unidos. “Mais do que uma paixão pela medicina, ele tinha paixão pela andragogia, ou seja, por ensinar para adultos. Em tudo na vida, adorava explicar assuntos”, comenta o filho, Leonardo Morotti Alves.

Escolhendo a vida em Cascavel, sentia o dever de contribuir com a cidade e isso foi fator determinante para que se dedicasse a desenvolver a área acadêmica no local. Foi marcante para a população pelas décadas que atendeu como médico. Após a morte do pai, conta Leonardo, não faltaram pessoas antes desconhecidas da família que passaram para agradecer pela ajuda dele. Para Orival, o exercício da medicina não tinha hora ou local marcado. Se o parassem na rua relatando algum desconforto, fazia a consulta ali mesmo.

A viagem de Santa Catarina até o Nordeste brasileiro a bordo de um Jeep Willys com alguns colegas de universidade, quando estavam às portas da formatura, era um capítulo da juventude que ele amava recordar. Na maturidade, fazia trilhas de jipe pela natureza sempre que podia. O rei do rock que ele foi na faculdade, baterista de banda, se transformou em rei do blues. Viajou algumas vezes para festivais do estilo musical em New Orleans e, aos domingos em casa, ouvir um blues era hábito sagrado.

Orival deixa esposa, um filho e uma filha.

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