Em 2021, o Paraná teve a menor taxa de evasão escolar no Ensino Médio, ao lado de Goiás e Distrito Federal, e ficou entre os quatro melhores resultados do Brasil em relação ao Ensino Fundamental.| Foto: Lucas Fermin/Seed-PR
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Em meio à pandemia de Covid-19 e ao retorno progressivo ao modelo de aulas presenciais, o Paraná se manteve entre os estados que mais combateram o abandono escolar em 2021. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Estado obteve taxa de evasão de 1,3% entre alunos do Ensino Médio e de 0,6% entre estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O resultado foi comemorado pela Secretaria Estadual de Educação (Seed), mas preocupa especialistas na área.

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Os dados representam 7.098 alunos que deixaram de frequentar as aulas ano passado nos colégios estaduais do Paraná, sendo 4.080 do Ensino Médio e 3.018 das séries finais do Fundamental. Segundo a Seed, essas taxas são positivas em comparação com 2020, quando o percentual de abandono escolar foi o dobro entre alunos do fundamental e três vezes mais alto no Ensino Médio.

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“Conseguimos nos adaptar à situação da pandemia de Covid-19 e melhorar esses dados em 2021”, relata o secretário estadual de Educação Renato Feder, ao citar que os alunos receberam pacotes de transmissão de dados gratuitos para assistir às aulas em casa e que também podiam usar os computadores das instituições de ensino, caso não tivessem um dispositivo eletrônico para visualizar o conteúdo.

Além disso, Feder afirma que cada escola acompanhou diariamente o acesso dos estudantes às aulas e entrou em contato com aqueles que não assistiam. “O objetivo era descobrir se esse aluno estava com algum problema e tentar mantê-lo engajado nos estudos”, acrescenta ele.

Aparentemente, essa busca ativa deu certo e os alunos acessaram as aulas, efetivando sua presença e reduzindo a taxa de abandono escolar naquele momento. No entanto, a metodologia utilizada pode ter contribuído para um aumento futuro na taxa de evasão escolar, como aponta a pós-doutora em Educação Evelise Portilho.

“Cada aluno tem uma maneira de aprender, e nem todos conseguem isso vendo vídeos e fazendo atividades sozinhos”, aponta a pesquisadora, ao afirmar que o esforço para que os alunos assistissem às aulas e entregassem tarefas foi importante, mas insuficiente. “Era preciso saber se as crianças e adolescentes estavam aprendendo os conteúdos, pois muitos precisavam de um professor perto para ajudá-los”.

Aulas de reforço para combater atraso no aprendizado

E o resultado, segundo ela, é que agora esses estudantes estão com defasagem de aprendizado de dois anos, situação que piora a cada dia, já que continuam estudando temas novos, mas sem ter a bagagem de conhecimento que precisam. “Então, apresentam dificuldade para acompanhar as atividades na sala de aula e se sentem desestimulados a ir para a escola”, lamenta a pós-doutora, ao mencionar dados do registro escolar estadual que evidenciam isso.

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De acordo com Evelise, o sistema apresenta resultados de presença obtidos nos 32 Núcleos de Educação do Estado do Paraná desde o início do ano letivo com percentual de presenças variando entre 80,7% e 86,6% semanalmente. “No período de 15 a 21 de maio, por exemplo, 83% dos alunos foram para a sala de aula, mas onde estão os outros 17%?”, questiona.

O secretário Renato Feder tem acompanhado os mesmos dados e afirma que grande parte dessas faltas é decorrente da queda na temperatura registrada nas últimas semanas. “Os alunos ficam mais resfriados nessa época e, quando chove, têm mais dificuldade com transporte”, explica o educador. “Tivemos ainda aumento no número de casos ativos de Covid-19, que também influenciou na frequência”.

No entanto, mesmo que esses fatores sejam motivo para algumas faltas, ele concorda com a pós-doutora Evelise Portilho que há alunos com desestímulo na aprendizagem pelo fato de estarem muito atrasados em relação aos colegas. “E é pensando nesses estudantes que temos o programa ‘Mais aprendizagem’ com aulas de reforço no contraturno escolar”, explica.

Segundo o secretário, o programa tem atendido quase 200 mil alunos e ajudado a identificar conteúdos que devem ser reforçados em sala de aula, assim como ocorre por meio do teste trimestral realizado nas escolas — chamado de Prova Paraná —, que mostra quais temas foram bem aprendidos e quais precisam ser retomados.

Para Evelise, é preciso fazer mais. “Tenho contato constante com diretores e professores e percebo o quanto eles são pressionados a mostrar resultados, sem saber ao certo como atender os alunos nesse momento”, aponta a pesquisadora, que vê necessidade de um trabalho pedagógico e psicológico para isso.

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“Não foi só a parte cognitiva que teve perdas durante a pandemia, mas as relações pessoais das crianças, adolescentes e dos próprios professores”, afirma a pós-doutora. “Há um conjunto de competências que precisa ser trabalhado urgentemente para evitar problemas maiores no futuro”, alerta.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]