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O médico Eduardo Meister e a fisioterapeuta Valéria Cabral Neves, os primeiros imunizados da Covid-19 no Paraná, que foram voluntários na pesquisa da vacina no Hospital de Clínicas.
O médico Eduardo Meister e a fisioterapeuta Valéria Cabral Neves, os primeiros imunizados da Covid-19 no Paraná, que foram voluntários na pesquisa da vacina no Hospital de Clínicas.| Foto: Complexo Hospital de Clínicas UFPR

Dois profissionais da ala pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba são os primeiros paranaenses imunizados da Covid-19. O médico Eduardo Meister, 49 anos, e a fisioterapeuta Valéria Cabral Neves, 50 anos, foram os primeiros dos 1.400 voluntários coordenados pelo HC a receber duas doses da Coronavac na fase 3 de estudos para aprovação da vacina no Brasil em 2020.

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Eles receberam a primeira dose em 7 de agosto e a segunda dia 21 de agosto, dentro da pesquisa comandada pelo Instituto Butantan em que o hospital da Universidade Federal do Paraná (UFPR) alcançou os melhores resultados nas 16 unidades clínicas do estudo. Quarta-feira (20), o HC aplicou a primeira dose da vacina em outros quatro profissionais de saúde voluntários que durante os testes receberam placebo, a substância sem efeito. Metade dos 1.400 voluntários no HC recebeu a vacina e metade recebeu placebo.

Supervisor do serviço pediátrico do HC, Meister foi não só o primeiro paranaense imunizado, como o primeiro voluntário a receber a picada na pesquisa, sem saber se era vacina ou placebo. Além dele, outra integrante da família Meister se voluntariou nos testes, a irmã do médico, que também é pediatra e ainda não sabe se tomou o imunizante ou a substância sem efeito.

“Se eu tivesse tomado placebo, já teria sido uma honra muito grande participar dessa pesquisa tão importante não só para minha profissão, mas para o mundo todo, para a ciência”, afirma o médico formado na UFPR, com duas especializações no HC, onde atua há 22 anos no pronto-socorro infantil.

Mesmo assim, o médico não escondeu o alívio ao ser informado quarta-feira (20) de que a substância que havia sido injetada em seu organismo era o imunizante. “Foi uma sensação de felicidade muito grande. Me senti com a sensação de dever cumprido pelo fato de a vacina ter realmente efeito para ajudar milhões de pessoas”, orgulha-se Meister, que já é doador de sangue, plaquetas e medula óssea há anos. Na pandemia, o pediatra vem reforçando o quadro de profissionais que atendem pacientes adultos com o coronavírus no HC.

Valéria - que fez mestrado e doutorado na UFPR e atua há 27 anos na UTI pediátrica do HC -  também afirma que a alegria de saber da efetividade da vacina com a qual colaborou no desenvolvimento é maior do que a sensação de já estar imunizada. “Estou sim aliviada de já estar protegida. Mas o mais importante é que a vacina vai proteger outras pessoas. Estou muito feliz em colaborar para o respeito e a valorização da ciência que a gente precisa tanto”, orgulha-se a fisioterapeuta, cujo marido, que é médico, só não participou da pesquisa porque extrapolava a idade.

Desconfianças com os testes

Meister e Valéria aceitaram de imediato quando foram convidados a se voluntariar para o estudo de eficácia da vacina. Ambos afirmam que se candidataram não só para colaborar de fato com o estudo, mas também para sanar desconfianças em relação à pesquisa, inclusive de profissionais de saúde do próprio hospital.  Tanto que os dois acabaram de exemplo para incentivar os colegas de trabalho a também participarem dos testes.

“Muita gente, até aqui mesmo no hospital, tinha preconceito pelo fato de a vacina ter sido desenvolvida na China. Gente que dizia que se a vacina fosse de outro país, tomaria”, lembra o médico. “Mas a vacina é segura, tem uma faixa de proteção satisfatória”, completa.

Meister afirma que a percepção de quem criticava a vacina foi mudando ao longo do tempo, quando as pessoas viam que ele e os outros colegas que participaram dos testes não tiveram efeitos colaterais - no caso dele, apenas uma dor de cabeça leve na primeira dose. “Quando vinham me perguntar como eu estava após tomar a dose, eu dizia que estava bem e incentivava as pessoas a também se voluntariarem na pesquisa”, aponta o pediatra.

Já Valéria acredita que tenha convencido uns 20 colegas de trabalho a participar dos testes. Mas não sem antes também ouvir críticas. “Muita gente me dizia que desconfiava da vacina antes da pesquisa, dizendo que eu teria reação, que não era confiável. Mas a gente está no meio e sabe que os estudos são sérios, muito rigorosos”, ressalta a fisioterapeuta, que também teve apenas dor de cabeça leve na aplicação da segunda dose da vacina.

Sobre a importância de participar de um estudo tão importante para a sociedade, Valeria avisa: está de prontidão para se voluntariar novamente se houver mais pesquisas da Covid-19. “É meu dever de cidadã colaborar com a ciência”, faz questão de reforçar a fisioterapeuta.

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