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Imagem ilustrativa do Parque das Águas, a praia artificial de Maringá.
Imagem ilustrativa do Parque das Águas, a praia artificial de Maringá.| Foto: Divulgação/Prefeitura de Maringá

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) determinou que a Prefeitura de Maringá suspenda o processo de desapropriação de um imóvel privado para a construção de uma praia artificial. A determinação se deu por suspeita de superavaliação de mais de 260% no valor do terreno a ser desapropriado. Para a prefeitura, o valor do imóvel, de cerca de 193 mil metros quadrados, “condiz com o valor de mercado”.

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O projeto de criar uma praia artificial em Maringá surgiu após uma pesquisa nas redes sociais, como contou o prefeito Ulisses Maia (PSD) à Gazeta do Povo em janeiro de 2022. “Nós vínhamos discutindo essa ideia com a Secretaria de Esportes. Foi algo surpreendente a manifestação de apoio total das pessoas”, disse o prefeito, à época.

O que a princípio foi recebido em tom de brincadeira, aos poucos foi ganhando tons de seriedade, como frisou Maia. “Sobre a praia artificial, é sério. Nossos técnicos vão começar a trabalhar para a gente procurar uma área que possa fazer um grande Parque das Águas. Fora a piscina e praia artificial, vai ter espaço de recreação. Vamos fazer um negócio bem legal”, projetou ele em vídeo publicado no Instagram.

Praia artificial de Maringá terá acesso gratuito à população, promete prefeito

Cerca de um ano depois, o prefeito apresentou o projeto do “Parque das Águas”, localizado na saída de Maringá para Astorga, “a 15 km da Catedral, aproximadamente 25 minutos de carro”, nas contas da prefeitura. No projeto, consta a instalação de um espaço de recreação e convivência, além da praia artificial.

O acesso à praia artificial, apesar de controlado, será gratuito, como explicou Maia no lançamento do projeto. “É fundamental investirmos na promoção do lazer e bem-estar da comunidade. Com esse espaço democrático, vamos garantir diversão para muitas pessoas que não têm condições de acesso às praias”, destacou.

Prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PSD), mostra detalhes do terreno onde pretende instalar a praia artificial.
Prefeito de Maringá, Ulisses Maia (PSD), mostra detalhes do terreno onde pretende instalar a praia artificial.| Mileny Melo/Prefeitura de Maringá

Para TCE, prefeitura de Maringá superavaliou o terreno da praia artificial em 264%

Os valores da desapropriação do espaço chamaram a atenção do TCE-PR. Para a prefeitura, o terreno, localizado na Estrada Iquara, próximo ao antigo Termas de Maringá, foi avaliado em R$ 6,3 milhões. Porém, como detalhou o conselheiro Durval Amaral em seu parecer, o imóvel foi avaliado em R$ 1,7 milhão para fins de fixação do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

Outro ponto ressaltado por Amaral e que reforça a suspeita de superavaliação do terreno é que o atual dono do imóvel adquiriu 80% da propriedade em 2021 por pouco mais de R$ 733 mil. Outros dois terrenos, vizinhos ao escolhido pela prefeitura e maiores do que aquele que deve receber a praia artificial, foram avaliados em R$ 3,25 milhões cada. Nas contas do TCE-PR, a desapropriação de R$ 6,3 milhões, como apontado pela prefeitura, representa um aumento de 264% no valor real do imóvel.

Com o despacho, a prefeitura de Maringá tem agora 15 dias para apresentar defesa. Caso a decisão não seja revogada, os efeitos da medida cautelar perduram até que o Tribunal decida sobre o mérito do processo.

Prefeitura de Maringá disse que valor do terreno da praia artificial "condiz com o mercado"

A Gazeta do Povo tentou contato com a prefeitura de Maringá, mas não recebeu retorno. Em nota enviada à RPC, a administração municipal disse que o valor da desapropriação do terreno “condiz com o valor de mercado". A nota ainda aponta que a avaliação foi realizada por uma empresa terceirizada, conforme o laudo técnico presente no projeto.

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