Com os maiores plantéis estáticos de aves e suínos do Paraná e a maior concentração nacional na produção de tilápias, a região oeste do estado ganhou uma Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (Umipi).
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A estrutura da Embrapa começou a ser gestada no governo de Jair Bolsonaro (PL), sob o comando da então ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), e está focado exclusivamente na cadeia produtiva de suínos, aves e peixes na região que tem no agro desempenho bilionário que predomina nos R$ 100 bilhões de Produto Interno Bruto (PIB).
“Ter uma unidade da Embrapa é uma conquista imensurável em uma região que se desenvolve pelo agro. Temos algumas das mais importantes plantas industriais do país no setor e a qualidade técnica da unidade fará toda a diferença para um segmento que é essencial para o desenvolvimento regional e do estado”, afirma o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Rainer Zielasko. O POD sonha alto para o desenvolvimento da região e a Embrapa passa a ter participação decisiva. Em até duas décadas, a região pretende ser a maior produtora de proteína animal do mundo.
A escolha da Embrapa e a meta do POD se justificam pelos números. Segundo dados agropecuários divulgados neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região com cerca de 1,2 milhão de habitantes aloja 4,34 milhões de suínos. Representa 10% da produção nacional (44,4 milhões de cabeças) e 62% do plantel do estado (7,02 milhões de cabeças) e este é um dos setores em que há maior aposta de crescimento nos próximos anos. A região abriga o maior abatedouro do segmento na América Latina, no município de Assis Chateaubriand, que projeta produção de 15 mil cabeças/dia para quando estiver em pleno funcionamento, o que é esperado até o ano de 2030.
Na avicultura, o oeste paranaense concentra 10% da produção nacional (141,7 milhões de animais ante a produção nacional de 1,6 bilhão de cabeças) e 30% da produção estadual, que é 470 milhões de animais. O estado é o maior produtor nacional de aves e o segundo de suínos.
Com a produção de tilápias, na psicultura a região responde por 84% da produção estadual, com 135,3 milhões de exemplares (são 161,5 milhões no Paraná). A região concentra 33% da produção nacional do segmento, que é de 407,3 milhões de exemplares, número alavancado por cooperativas como a Copacol, com sede em Cafelândia, e a C.Vale, em Palotina.
Unidade está em parque tecnológico de referência
A unidade da Embrapa está instalada no município de Toledo, na sede do Biopark, o parque tecnológico de 4ª geração voltado à pesquisa e inovação em um território de mais de 5 milhões de metros quadrados em um ecossistema com quatro universidades, sendo três federais (UFPR, UTFPR e IFPR). Tem um centro de pesquisas com dezenas de laboratórios em funcionamento e uma área promissora para investimentos imobiliários, residenciais e comerciais.
Em agosto foi anunciada a primeira pesquisa a ser desenvolvida pela unidade da Embrapa. “O projeto da Umipi Oeste Paranaense tratará sobre o ordenamento territorial com foco na piscicultura, uma parceria da Embrapa Pesca e Aquicultura e o Biopark Educação, junto à Fundação Araucária. A finalidade é apresentar um diagnóstico ambiental e socioeconômico da piscicultura no estado do Paraná, com parametrização de variáveis ambientais, socioeconômicas, agrícolas e de infraestrutura que possam subsidiar o planejamento, as tomadas de decisão e a formulação de políticas públicas para a atividade aquícola no Paraná”, afirma a prefeitura de Toledo, onde a unidade está implantada.
O município é referência nacional na produção dos três segmentos pecuários e possui, há uma década, o maior Valor Bruto da Produção Agropecuária do Paraná (VBP) que, neste ano, chegou a R$ 4,3 bilhões. Doas 34 municípios do estado que possuem VBP superior a R$ 1 bilhão, nove estão na região oeste. Juntos, somam R$ 20 bilhões à produção agropecuária. “Toledo tem uma característica inovadora. Somos o maior produtor de alimentos do Paraná e estes avanços, a partir da presença da Embrapa, começarão a ser percebidos”, diz o prefeito e presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), Beto Lunitti.
Para o vice-presidente do Biopark, Paulo Almeida, o motivo de a instituição investir em inovações é a geração contínua do desenvolvimento econômico. “Não faz sentido investir em inovação sem entregar um crescimento econômico para a região”, afirma.
Para Embrapa, escolha foi certeira diante das vocações regionais
A Embrapa considera que a unidade está localizada na “mais importante região de produção de aves, suínos e peixes do Brasil” e que o objetivo é planejar, coordenar e executar um portfólio composto por programas, projetos e ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação para aumentar a produtividade, sustentabilidade e competitividade dessas cadeias produtivas no estado e, consequentemente, no país.
“A Embrapa se faz representar pela Embrapa Suínos e Aves e tem a missão de ampliar seu escopo de atuação, especialmente na principal região produtora de aves e suínos. Toledo é na atualidade o maior produtor de aves e suínos do Brasil. Além disso, o Estado do Paraná está se aproximando da marca de mais de 40% da exportação de frangos, devendo crescer ainda mais, bem como na suinocultura. Para que a Embrapa Suínos e Aves consiga manter seu protagonismo é absolutamente necessária uma estrutura na região Oeste do Paraná, próximo a um polo de inovação e com uma boa interlocução com as cadeias de aves e suínos”, explica o órgão.
Quanto à produção de tilápias, a Embrapa ressalta que a espécie é majoritariamente produzida no estado do Paraná e respondeu por 182 mil toneladas de um total de 188 mil toneladas de cultivo em 2022. “O estado produz 22,4% de peixes de cultivo e 34,1% de tilápia do país. No Oeste do Estado está o maior polo produtor de tilápias do Brasil com destaque ao sistema integrado de produção com a atuação de grandes cooperativas que oferecem aos seus cooperados os principais insumos (ração, alevinos, vacinas), assistência técnica, apoio e logística na despesca, industrialização e comercialização. Apesar de sua produção vir ascendendo anualmente (11,1% de crescimento anual em 2020 e 9,3% em 2021), a intensificação dessas atividades traz consigo desafios que podem comprometer sua sustentabilidade”, enumera.
Para a Empresa, entre os desafios estão preços elevados dos insumos, em especial a ração; o déficit hídrico em determinados períodos do ano e consequente implicação na qualidade da água; elevação dos custos de energia e escassez de mão de obra. “A Embrapa Pesca e Aquicultura também integra esse esforço com o compromisso de desenvolvimento de tecnologias que aumentem a competitividade da cadeia por meio do aumento de produtividade e redução de custos e uso eficiente de insumos de forma a garantir um sistema de produção sustentável e agregação de valor ao produto por meio de uma economia circular”, reforça.
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