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A tecnologia permite avaliar a qualidade da carne bovina e momento certo do abate.
A tecnologia permite avaliar a qualidade da carne e momento certo do abate.| Foto: Divulgação/Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná

Fazendas paranaenses têm utilizado tecnologia de ultrassonografia de carcaça na produção de carne bovina. A tecnologia de ponta permite averiguar a qualidade da carne e o momento certo do abate. Com o uso, pecuaristas têm produzido carnes nobres e melhorado o produto que chega nas cooperativas.

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A constatação do uso da tecnologia no Paraná foi vista pela equipe da Scot Consultoria, empresa que produz o Confina Brasil 2023, levantamento sobre a pecuária nacional. Foi detectado que algumas propriedades do Paraná têm aplicado a ultrassonografia de carcaça na produção de carne bovina. A ferramenta fornece informações sobre a composição e qualidade da carne, permitindo que os pecuaristas tomem decisões assertivas no sistema de produção e nas estratégias adotadas.

A Agropecuária Bio Canto, mais conhecida como Fazenda São Domingos, localizada em Cascavel (PR), é uma das propriedades que utiliza a tecnologia desde 2018 para definir o momento do abate. O proprietário Fabio Padovani, que atua como pecuarista desde 1992, explica que a tecnologia contribuiu para encontrar o ponto ótimo do abate.

A Fazenda São Domingos atende diversas cooperativas de carne premium. Essas cooperativas concedem bonificação por qualidade. Com isso, o desafio do pecuarista é encontrar o ponto correto para abater o animal e garantir a melhor qualidade. “O olho do pecuarista não é suficiente para conhecer embaixo do couro. É a única ferramenta de tecnologia que permite conhecer o animal no pré-abate, conhecer por dentro. A tecnologia faz a leitura de eficiência e de qualidade [do animal]”, afirma o pecuarista.

Como funciona a ultrassonografia de carcaça 

A técnica não invasiva é feita na parte externa do animal, na décima terceira costela que é o centro do lombo. “Os especialistas entenderam que a deposição da gordura se dá dos extremos para o centro. Quando se lê no centro, é porque o restante da carcaça já depositou”, explica Padovani.

Por meio da ultrassonografia de carcaça, é possível fazer a leitura de três indicativos. Um deles é a Área de Olho de Lombo (AOL), que é a medida de músculo da carne do contra filé. Também se lê a Espessura de Gordura Subcutânea (EGS), que demonstra o ponto de acabamento do animal para o abate. A terceira indicação, primordial para a produção de carne premium, é o ponto de Marmoreio (MAR), que é a gordura intramuscular. A presença do marmoreio impacta positivamente a qualidade da carne, com mais maciez e suculência.

“Quando se lê essas informações com a dieta e o peso, consegue-se projetar quando o animal está pronto para o abate”, conta o proprietário da Fazenda São Domingos. Ele complementa que a tecnologia permite maior economia, não desperdiçando e errando o ponto ótimo do abate, e alcançando as medidas certas de gordura. Padovani destaca que 8mm de gordura é o ponto ótimo para o abate, que a “olho nu, não se consegue ver”, mas com a tecnologia é possível.

Cooperativa incentiva o uso da tecnologia para a produção de carne bovina

O pecuarista Padovani fala que muitos ainda não sabem da existência dessa ferramenta. A tecnologia é muito utilizada nos Estados Unidos. Ele cita que apesar de os Estados Unidos ter metade do rebanho bovino brasileiro, o país é líder na produção de carne vermelha. O motivo é o uso intenso de tecnologias que auxiliam a evitar desperdícios, como a ultrassonografia.

“Está há pouco tempo no Brasil, mas ajuda a produzir muito com menos. Você consegue direcionar o seu investimento (com a ultrassonografia). É uma pecuária de gestão de números e eficiência”, diz.

Nesse sentido, a Cooperativa Padrão Beef incentiva e investe para que seus cooperados utilizem a ultrassonografia de carcaça. “Estamos fomentando e muita gente tem usado a ferramenta. Essa ferramenta permite saber a data exata para abater o animal e ter uma carne premium. É esse o objetivo principal da utilização”, afirma Lindonez Rizzotto, presidente da Padrão Beef.

Ele comenta que estão introduzindo um sistema de qualidade que será classificado de 2 a 5 estrelas, em que 5 estrelas significa um índice de marmoreio significativo. O marmoreio é genético e, por conta disso, só a partir do uso da ferramenta é possível apurar.

Sem a ferramenta, o abate acontecia com 12 arrobas. Mas avaliaram que esse ainda não era um ponto ótimo. Com a tecnologia, começaram a fazer o abate quando o animal está com 15 arrobas. “Melhora a qualidade, a maciez e a apresentação da carne bovina”, complementa Rizzotto.

Levantamento aponta o Paraná como exemplo de sustentabilidade e de tecnologia de ponta

A equipe técnica do Confina Brasil 2023 ressalta que o uso da tecnologia de ultrassonografia de carcaça foi algo visto especificamente nas propriedades do Paraná. “A gente viu [o uso da ferramenta] por quem é cooperado da Padrão Beef. Eles analisaram que isso garante um nível de qualidade. São poucas as fazendas que tem feito o uso da ferramenta. É uma tecnologia de custo elevado e depende do tamanho do rebanho. Mas para fazer rebanhos maiores, a viabilidade dá uma reduzida”, explica Jayne Costa, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria.

Ela acrescenta que foi observado uma assertividade maior dos pecuaristas, que conseguem analisar o bovino de dentro para fora. “Ajuda o pecuarista na tomada de decisão, não entregar o bovino antes do tempo ou entregar depois do tempo. É uma garantia de qualidade que vai garantir o ganho dele na produção”, diz.

Além da utilização da ferramenta, a equipe do Confina Brasil 2023 observou que os pecuaristas paranaenses têm investido na sustentabilidade das fazendas, com uso de painéis solares e biodigestores.

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