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O governador Beto Richa lançou nesta sexta-feira (26) o projeto de revitalização e modernização da orla de Matinhos, no Litoral do Paraná. Está prevista a engorda da praia, além de diversas outras obras de proteção e combate à erosão marinha. O projeto inclui, também, intervenções na avenida Juscelino Kubitschek.
Matinhos, 26/01/2018.
Foto: Divulgação SEMA
Projeto da Orla de Matinhos.| Foto: Divulgação/SEMA

O projeto de Revitalização da Orla de Matinhos, que o governo do Paraná vem tentando implantar há mais de uma década e que é alvo de denúncias do Ministério Público, não é consenso dentro da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Dois grupos distintos da universidade foram demandados para avaliar o projeto e as conclusões são divergentes. Enquanto um grupo multidisciplinar, formado por pesquisadores do Centro de Estudo do Mar e departamentos de Geografia, Geologia e Botânica, aponta vários problemas de ordem ambiental e argumenta que as soluções propostas são ultrapassadas e obsoletas, o Instituto Tecnológico de Transporte e Infraestrutura (ITTI), órgão do setor de tecnologia da UFPR, é favorável ao projeto.

O primeiro grupo foi chamado para avaliar o projeto pelo Ministério Público do Paraná e emitiu quatro notas técnicas. Já o ITTI emitiu um parecer técnico atendendo a um pedido da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, a qual o Instituto Água e Terra (IAT), o órgão responsável pelo projeto de revitalização, está vinculado.

Questionada sobre o fato de dois grupos da instituição sustentarem opiniões divergentes sobre o projeto, a Universidade Federal do Paraná, por meio de nota encaminhada pela assessoria de comunicação informou: “Cabe à UFPR subsidiar os encaminhamentos que frequentemente são demandados pelas instituições públicas e em respeito à riqueza de posições e de análises que são inerentes a uma Universidade plural e sempre disposta a colaborar com o setor público, ressaltamos que uma questão sempre pode, e provavelmente terá, diversas análises e interpretações. O papel da UFPR neste momento é contribuir com este debate que envolve o meio ambiente, inclusive demostrando os diferentes aspectos. Afinal, estes estudos produzidos na UFPR são conduzidos por grupos de pesquisadores multidisciplinares”.

Tanto o grupo multidisciplinar de pesquisadores da UFPR, quanto o ITTI informam que os trabalhos foram voluntários e não envolveram nenhum tipo de remuneração. “Foi 100% voluntário”, afirma o professor Eduardo Vedor de Paula, do Departamento de Geografia, do Setor de Ciências da Terra.

“Fomos solicitados pelo secretário Márcio Nunes, da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, e emitimos nosso parecer, sem nenhum custo”, informa Roberto Gregório, superintendente do ITTI, que é um órgão auxiliar da UFPR e não tem personalidade jurídica própria.

A UFPR informou ainda que “formalmente não temos nenhum processo interno para pagamento das demandas solicitadas pelo Ministério Público e pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo”.

O geógrafo Eduardo Vedor de Paula, que integra o grupo contrário ao projeto, diz que as soluções propostas não são pautadas na ciência e que nos Estados Unidos elas não são permitidas por lei. Ele questiona principalmente as chamadas obras complementares (estruturas como espigão e headlands).

Questionado sobre estas obras complementares, o IAT informa que elas são necessárias para assegurar vida útil à intervenção e evitar danos provocados pela erosão.

Segundo o IAT, o parecer técnico do ITTI é o único com chancela oficial da UFPR, e é favorável à obra. O superintendendo do ITTI, Roberto Gregório, confirmou que Instituto aprova o projeto.

Correção

O professor Eduardo Vedor de Paula não integra a equipe do Centro de Estudos do Mar, como foi informado na versão inicial desta matéria. Ele é do departamento de Geografia, do Setor de Ciências da Terra da UFPR. Agradecemos a contribuição do leitor Talal Suleiman Mahmoud, que nos alertou para a correção.

Corrigido em 16/11/2021 às 11:30
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