Mais de dois anos desde o anúncio para o início do desenvolvimento de uma vacina própria contra a Covid-19, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) aguarda autorização para avançar na proposta. A iniciativa, que começou a ser colocada em prática em junho de 2020, poucos meses após decretada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde, promete tecnologia 100% nacional e com baixo custo de produção.
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Há três meses, a UFPR submeteu uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que fossem iniciados os testes em humanos. Ainda não há prazos estimados para o avanço das fases da pesquisa e aprovação da vacina.
Segundo a UFPR, consultada pela Gazeta do Povo, a equipe que desenvolve a vacina segue em contato com a agência e trabalha para enviar resultados para análise da Anvisa. “A UFPR está em fase de instalação para iniciar o experimento com o vírus vivo em animais”, explicaram os integrantes da pesquisa.
Paralelamente a este processo, os pesquisadores buscam atender as necessidades para realização de testes toxicológicos e produção de vacina em condições controladas e assépticas, para garantir a máxima segurança em eventual fase clínica, ainda sem cronograma estimado.
Projeto arrecadou R$ 1,5 milhão
Até agosto, a vacina da UFPR arrecadou mais de R$ 1,5 milhão, segundo contagem no site da iniciativa. O projeto pode ser apoiado, através do site, tanto por pessoas físicas quanto por empresas.
O trabalho de desenvolvimento está sendo custeado por recursos próprios da UFPR e do Governo do Paraná, e também por verbas federais enviadas à universidade por meio da Rede Vírus – uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Entretanto, o grosso do investimento, estimado em R$ 76 milhões, deve vir de investimentos públicos prometidos para o projeto, que ainda não entraram em conta, pois estão em trâmite de liberação, segundo os pesquisadores.
Outra iniciativa nacional avança em Minas Gerais
No início deste mês, a vacina desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais deu um passo à frente ao receber autorização para a condução de um ensaio clínico que terá como produto investigacional a SpiN-Tec MCTI UFMG, outra candidata à vacina nacional.
No ensaio clínico da vacina da UFMG, o produto será usado pela primeira vez em humanos. O processo terá duas fases: um ensaio clínico de fase 1 para verificar segurança e capacidade de gerar reação, e o de fase 2, para estudo de segurança e capacidade de gerar resposta imune.
Anvisa tem lista de vacinas autorizadas e em submissão
Segundo dados da Anvisa, há 14 estudos aprovados pela agência relacionados a vacinas contra a Covid-19. Um deles foi cancelado (Covaxin) e apenas quatro delas foram autorizadas para uso no Brasil (Astrazeneca, Janssen, Pfizer e Coronavac).
Entre os estudos em análise pela Anvisa, quatro pesquisas estão categorizadas como em "submissão formal", quando a empresa já protocolou oficialmente o pedido de estudo na agência, a SpiNTec (UFMG), Versamune (Universidade de São Paulo), S-UFRJvac (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Azidus (da SinoCellTech, de tecnologia chinesa).
Já as vacinas em “pré-submissão", cujas empresas submeteram documentos para análise preliminar pelo Comitê Covid-19, mas ainda não protocolaram formalmente o estudo na Anvisa, somam seis estudos, entre elas uma brasileira, desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará.
Segundo a UFPR, a equipe de pesquisadores verificou que o processo relacionado à vacina desenvolvida pela instituição se encontra no sistema da Anvisa, porém não está público. Eles não souberam informar o motivo e buscam a resposta junto à Anvisa.
Anvisa responde sobre falta de vacina da UFPR em rol de estudos clínicos
Consultada pela Gazeta do Povo, a Anvisa explica que a UFPR submeteu, em 18 de março de 2022, a documentação inicial para análise preliminar acerca do projeto de desenvolvimento clínico de candidata à vacina para Covid-19.
Após avaliação dessa documentação, a Anvisa encaminhou à requerente, em 7 de abril, as orientações para instrução e submissão da documentação com as informações e dados faltantes, de acordo com a legislação vigente.
"A Anvisa não recebeu novas informações a respeito da continuidade do projeto. Até o momento, não houve submissão formal do DDCM (Dossiê da vacina) ou do DEEC (Protocolo Clinico). Dessa forma, não há nenhuma avaliação da Anvisa pendente para este processo", explicou a agência. O processo de submissão contínua de Dossiê de Desenvolvimento Clínico - DDCM está previsto na resolução RDC 534/2022.
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