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Abastecimento pelo modal rodoviário é a regra nos aeroportos do país. | Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
Abastecimento pelo modal rodoviário é a regra nos aeroportos do país.| Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

A greve dos caminhoneiros, que provocou desabastecimento em todo o Brasil no fim de maio, revelou a dependência em relação ao transporte rodoviário. Um dos sintomas apareceu fortemente na aviação: voos foram cancelados e aeroportos chegaram a ser fechados por falta de combustível, já que não havia como transportá-lo.

Dois aeroportos, porém, foram exceção na falta de combustível: o do Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Guarulhos, em São Paulo. O motivo é que eles possuem abastecimento por dutos.

Recife, em Pernambuco, também tem o sistema, mas somente em um terminal. No caso do Afonso Pena, na Grande Curitiba, não há previsão de instalação de dutos, de acordo com a Infraero.

Durante a greve, o Afonso Pena chegou a ter voos cancelados, mas não fechou. Para garantir o funcionamento do aeroporto, caminhões-tanque foram escoltados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) da saída da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, até o Afonso Pena.

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Como funciona

Os dutos são utilizados como canais tanto para o abastecimento de refinarias quanto para o escoamento da produção. No caso dos aeroportos, o combustível é levado até terminais, onde fica armazenado para distribuição. Em todo o Brasil, são 7,5 mil quilômetros de oleodutos. A capacidade é para 10 milhões de metros cúbicos.

No caso do aeroporto de Guarulhos, por exemplo, o abastecimento acontece por meio de três oleodutos: um com 66 quilômetros e outros dois de 120 quilômetros. O terminal recebe derivados de petróleo e álcool das refinarias do Vale do Paraíba, de Paulínia, de Guararema, de São Caetano do Sul, de Capuava e de São Sebastião. Além de armazenar combustíveis para atender ao mercado consumidor da região, o terminal também transfere querosene de aviação para abastecer os aviões que saem do aeroporto.

Desafios

Mauro Caetano, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), explica que a implantação desse tipo de sistema é onerosa, mesmo que, depois, a operação tenha custos mais baixos. “Os aeroportos geralmente estão localizados em áreas de alta densidade demográfica, o que provoca um custo muito alto para planejar, fazer as perfurações e implementar o sistema”, detalha.

Outro problema diz respeito às regulamentações internacionais às quais o transporte aéreo está submetido. Caetano explica que as regras estabelecidas para o uso de dutos como forma de abastecimento são rígidas. É preciso, por exemplo, que exista uma proteção na área de abastecimento, por questões de segurança. Além disso, o traçado da rede de dutos deve ser muito bem pensado, para evitar acidentes e até o furto de combustível.

No Brasil, casos de furtos em dutovias não são incomuns. Em 2017, de acordo com a Transpetro – braço da Petrobras que cuida do transporte e da logística de combustíveis pelo país –, foram 226 furtos ou tentativas de furto desse tipo. Em relação a 2016, o aumento no número de ocorrências foi de 214%.

O crime, além de perigoso – já que pode causar explosões e até incêndios –, é um dos fatores que aumenta os custos para se fazer negócios no Brasil.

“É interessante pensar o uso de outros modais para o abastecimento e, além disso, planejar os novos aeroportos de modo que a questão do acesso ao combustível também seja considerada”, diz Caetano. Os modais rodoviário e aquaviário, por exemplo, seriam outras opções de transporte.

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