Servidor mostra a cabeça ferida após confronto com a PM na Ópera de Arame, local que a Câmara escolheu para a votação do ajuste fiscal de Greca| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo/Arquivo

A dificuldade de diálogo que marcou a tramitação do pacote de ajuste fiscal do prefeito Rafael Greca (PMN) na Câmara de Curitiba deixa feridas nas relações entre os poderes Executivo e Legislativo e os servidores municipais. A aprovação dos projetos mais polêmicos do pacote não põe fim à rispidez que tem dominado as negociações entre favoráveis e contrários às medidas. Mais atingido, o funcionalismo tomou à frente da resistência às medidas.

CARREGANDO :)

Na Câmara, atualmente, há um abismo entre os vereadores da base e a oposição. As relações nos bastidores, que geralmente são mais cordiais do que se vê em plenário, também estão desgastadas; piadas e comentários jocosos que costumavam ser suficientes para arrefecer discussões mais calorosas são cada vez mais raros.

Publicidade

“Há um desgaste, uma ferida muito aberta na Câmara, ambos os lados estão muito mexidos”, avalia o líder do prefeito na Casa, vereador Pier Petruzziello (PTB). Ele diz que a situação será difícil de ser resolvida, mas acredita que com o tempo as relações podem voltar ao normal. “Vai ser complicado porque a oposição vai querer fazer política com isso, mas eu não vejo ódio nem por parte da base, nem por parte da oposição. O tempo é capaz de reconstruir; o tempo é o senhor da pacificação”, avalia.

Para o oposicionista Goura (PDT) a relação não é ruim somente entre oposição e situação, mas também com os servidores e o Executivo. “Ficou ruim para todo mundo, existe uma falta de sobriedade geral; acho que essas relações têm que se dar de forma mais democrática e mais republicana”, avalia.

O pedetista, entretanto, acredita que o acirramento colaborou para a consolidação de um bloco de oposição. “A Câmara sempre foi submissa ao Executivo, sempre se prestou a esse papel. Agora a gente conseguiu, apesar dos pesares dessa semana, desses meses, uma organização de uma oposição; acho que isso é um ponto positivo”, avalia.

Pressão dos servidores continua

No primeiro dia após a aprovação dos projetos, os sindicatos de servidores já deixaram claro que não haverá trégua na relação com os vereadores e a prefeitura. Na manhã de quarta-feira (28), quando os parlamentares retornaram ao Palácio Rio Branco, sindicalistas tomaram as galerias do plenário e jogaram cédulas falsas de dinheiro sobre os vereadores.

“Nós não vamos dar sossego aos vereadores. Nós vamos mostrar que não estamos satisfeitos e esperamos que assim como em Florianópolis, a gente consiga reverter e que Rafael Greca não assine o pacotaço”, disse Adriana Kalckmann, do Sismuc, em uma transmissão do ato feita pelo próprio sindicato. No entanto, Greca sancionou os projetos um dia após a aprovação na Câmara.

Publicidade

A coordenadora geral do Sismuc, Irene Rodrigues, também se manifestou sobre a pressão contínua. “Vão nos ver por lá toda semana. Vereador que não gosta de servidor público vai ter de nos aturar na fiscalização constante de sua atuação”, afirmou.

Sindicatos irão à Justiça para tentar reverter aprovação do pacotaço de Greca

Leia a matéria completa

Em assembleia realizada após a aprovação dos projetos, os servidores públicos municipais discutiram a necessidade de criação de um observatório para acompanhamento dos gastos da prefeitura de Curitiba e também decidiram aderir a um abaixo-assinado que tem o objetivo de coletar mais de 65 mil assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular que visa reduzir o salário dos vereadores.