O secretário Ezequias Moreira, que é próximo ao governador Beto Richa (PSDB), foi ouvido.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A Polícia Federal (PF) começou, nesta quinta-feira (1º), a tomar o depoimento de pessoas citadas nas investigações da Operação Quadro Negro – que apura uma série de desvios na verba destinada a obras em escolas estaduais. As oitivas ocorrem na sede da PF em Curitiba, no bairro Santa Cândida. Pela manhã, seis pessoas foram ouvidas na condição de “declarantes”, entre as quais, o secretário Especial de Cerimonial e Relações Internacionais, Ezequias Moreira, que é próximo ao governador Beto Richa (PSDB). Os investigados na Quadro Negro são o verdadeiro coração do governo do tucano.

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Os depoimentos estão relacionados a um inquérito decorrente da operação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de envolver autoridades com prerrogativa de foro. Os advogados dos declarantes ouvidos nesta quinta-feira confirmaram, no entanto, que as convocações estão relacionadas à delação de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor - empresa a partir da qual começaram as investigações. Na ocasião, Souza afirmou que os desvios abasteceram a campanha de reeleição de Richa.

A tomada de declarações começou às 9 horas. Um dos últimos a deixar o prédio da PF, Ezequias Moreira prestou depoimento até as 11h30. O advogado dele, Luiz Roberto Juraski Lino, disse apenas que o secretário de Richa respondeu a 60 perguntas e que “optou por esclarecer tudo quanto fosse possível”. A defesa destacou ainda que ele respondeu na condição de declarante.

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Outro que prestou depoimento foi Gerson Nunes da Silva, atual chefe de gabinete do secretário estadual da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB). O advogado de Gerson, José Cid Campelo Filho, afirmou que Gerson não tinha conhecimento a respeito da maioria dos fatos que lhe foram perguntados, mas que respondeu todas as questões. Campelo Filho destacou, ainda, que fez um pedido formal ao ministro do STF, Luiz Fux, - que é relator do caso - para que determine a apuração sobre os vazamentos de informações do inquérito da Quadro Negro (veja a íntegra do pedido ).

Também foi ouvida a servidora Marilane Aparecida Fermino da Silva. Segundo a delação de Eduardo Lopes de Souza, ela teria recebido propina para agilizar a tramitação de pagamento às construtoras envolvidas no esquema - acusação que ela já havia negado à Gazeta do Povo. Após o depoimento, o advogado dela, Norberto Bonamin Jr, disse que ela “optou por responder todos os questionamentos” feitos pela PF, mas destacou que “cerca de 90% das perguntas” não diziam respeito a ela. “Fica cada mas esvaziada a investigação em relação a Marilane”, destacou Bonamin Jr.

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Outro depoente ligado ao poder público, Eduardo Paim - que foi chefe de gabinete de Rossoni - também tinha o depoimento marcado para a manhã desta quinta-feira, mas a oitiva foi reagendada. Também foram ouvidas a ex-secretária da Valor, Vanessa Domingues, e a ex-advogada da Valor, Úrsula Ramos. Nem elas nem os respectivos advogados quiseram se manifestar.

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Oitivas

No total, 18 investigados devem ser ouvidos ao longo dos próximos dias. Na tarde de quinta, foram ouvidos o secretário da Comunicação e chefe de gabinete do governador, Deonilson Roldo, o assessor da governadoria Ricardo Rached, e o secretário da Saúde, Michele Caputo Neto. Na sexta-feira (2), devem depor Fabio Dallazem, que ocupa cargo em conselhos de empresas controladas pela Copel, e o ex-secretário Luiz Eduardo Sebastiani.

Richa diz estar tranquilo

Em entrevista ao Paraná TV 2ª Edição, da RPC, de quarta-feira (31), o governador Beto Richa disse estar tranquilo, pois seu governo iniciou as investigações. Ele afirmou ainda que vai manter nos cargos os assessores e secretários convocador a depôr para a PF, dizendo que a acusação é “completamente descabida” e vem de “daqueles que estão desesperados e querem terceirizar seus problemas com a Justiça“.

A Quadro Negro

Deflagrada em 2015, a Operação Quadro Negro apura um esquema de desvio de dinheiro público de obras de reforma e construção de escolas estaduais do Paraná. As investigações do Ministério Público (MP-PR) estimam que o núcleo de corrupção tenha causado um prejuízo superior a R$ 20 milhões aos cofres públicos. O rombo seria ainda maior: segundo a delação de Eduardo Lopes de Souza, o objetivo seria arrecadar R$ 32 milhões à campanha de reeleição do governador Beto Richa. O delator também relata pagamento de propina a outros agentes políticos, como o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), o secretário Valdir Rossoni (PSDB) e o deputado estadual Plauto Miró (DEM). Todos negam as irregularidades.

Confira o pedido da defesa de Valdir Rossoni para que vazamentos sejam apurados

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