Christiane Yared, deputada federal pelo Paraná| Foto: Atila Alberti/Tribuna do Parana

A deputada federal Christiane Yared (PR) concedeu entrevista ao vivo à Gazeta do Povo (assista à íntegra ), sobre o júri popular do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho – que está marcado para os dias 27 e 28 de fevereiro. Ela é mãe de um dos jovens que morreram em um acidente de trânsito ocorrido em 2009 e que, segundo o processo, foi causado pelo ex-deputado, que dirigia em alta velocidade e após ter bebido. O julgamento foi adiado em outras duas circunstâncias. Quase nove anos após o incidente, Christiane espera que o júri seja enfim realizado. O mesmo espaço foi aberto ao advogado do réu, que preferiu não se manifestar como estratégia de defesa.

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“O que eu espero é que o julgamento saia e que a Justiça venha e se manifeste. (...) A demora é algo que fere a família, fere os amigos. O que queremos é uma resposta da Justiça”, disse Yared.

Apesar dessa expectativa, a deputada federal considera que ainda há um longo caminho até que o caso venha a transitar em um julgado. Isso porque, ainda que o júri ocorra e que o ex-parlamentar seja condenado, a defesa ainda poderá recorrer da decisão. “É algo que vamos carregar por algum tempo (...). Não tem um ponto final, porque há possibilidade de recorrer”, afirmou.

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Christiane também falou das circunstâncias em que o acidente ocorreu – em que o carro em que filho dela trafegava foi atingido pelo veículo pilotado por Carli Filho, que vinha a uma velocidade entre 163 a 171 quilômetros por hora. A mãe da vítima também falou sobre como recebeu a notícia e sobre a dor de sepultar um filho. “Eu recebi um caixão [cor de] caramelo no cemitério. Ele tinha alças prateadas... Eu chorei em cima daquele pedaço de madeira, sem poder abrir”, disse.

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Em outro ponto, ela comentou a ocasião em que encontrou Carli Filho em um voo de Brasília a Curitiba e do vídeo gravado pelo ex-deputado (assista clicando aqui ), em que ele pede perdão. Yared, no entanto, disse que não acreditou no arrependimento do réu. “Porque eu não vi uma única vez os olhos dele se marejarem. Ele pediu perdão a uma rede social, com teleprompter – e é óbvio que dá pra ver que ele está lendo. O perdão é algo que tem que ser falado olhando nos olhos e tem que vir da alma”, apontou.

Yared cobra imagens do acidente e sugere racha

A deputada federal também disse que recebeu informações de que o governador Beto Richa (PSDB) e um filho dele - sem especificar qual - teriam participado de um racha com Carli Filho no instante do acidente. Yared disse que o governador chegou se reunir com o marido dela, Gilmar Yared, para falar sobre o caso. Richa nega a acusação.

“Com um ano da morte, o governador chamou meu esposo e ali, então, ele se posicionou de uma maneira que deu a entender que havia um envolvimento. Isso foi muito sério. Todas as informações que nos chegavam era de que havia um racha naquela madrugada e de que havia a participação do governador e do filho dele, junto com o Ribas Carli”, afirmou.

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Christiane, no entanto, disse que não tem como provar que o racha, de fato, tenha ocorrido. Ela menciona que imagens de câmeras de segurança que poderiam a elucidar o caso “desapareceram”, assim como o registro de radares daquela rua. “Se não há nada a esconder, por que as imagens não nos foram entregues? (...) Essas situações acabam fomentando e a cidade quer a verdade”, disse.

Outro lado

A Gazeta do Povo abriu espaço o mesmo à defesa de Carli Filho, mas o advogado dele, Roberto Brezinski Neto prefere não se manifestar, por questão de estratégia de defesa.

O governador Beto Richa emitiu nota sobre as declarações de Yared, que segue na íntegra: “As declarações da deputada Christiane Yared são criminosas. Ela vai responder na Justiça pelas mentiras ditas irresponsavelmente. O próprio advogado da deputada, Dr. Elias Mattar Assad, desqualificou essa versão maluca, em artigo publicado em 2010, onde citou ainda que o acidente teve quatro testemunhas e todas elas afirmaram que não houve qualquer tipo de racha entre veículos. O Dr. Assad classifica esse boato de ‘lenda urbana’, cuja origem é desconhecida, que se presta apenas para atingir politicamente algumas pessoas e tentar enganar outras. Ao que parece, a deputada aderiu à essa conspiração sem nexo, ao estimular a propagação de uma versão fantasiosa e completamente irresponsável.”

Assista à entrevista com Christiane Yared na íntegra

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