Richa enfrenta inquérito que apura se houve caixa 2 da Odebrecht em campanha de reekeição| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O Ministério Público Eleitoral no Paraná protocolou, nesta quarta-feira (8), um recurso contra a liminar que retirou da Justiça Federal o inquérito instaurado contra o ex-governador Beto Richa (PSDB). O processo – instaurado para apurar se a campanha de reeleição do tucano, em 2014, recebeu R$ 2,5 milhões da Odebrecht, via caixa 2 – havia sido remetido à Justiça Eleitoral, por liminar deferida pelo desembargador federal Luiz Fernando Wowk Penteado.

CARREGANDO :)

No recurso de agravo de interno, procuradora regional eleitoral, Eloísa Helena Machado, apontou que há novos elementos probatórios nos autos, que demonstrariam a conexão de parte dos fatos apurados com o objeto das investigações conduzidas pela Operação Lava Lato. Com isso, ela requereu que as apurações sejam dividas: que os delitos eleitorais imputados a Richa sejam apurados pelo Juízo da 177ª Zona Eleitoral; e que os “delitos comuns” voltem a tramitar na 13ª Vara Federal, cujo titular é o juiz Sérgio Moro.

ELEIÇÕES 2018: acompanhe notícias do Paraná

Publicidade

A tramitação

Originalmente, o inquérito tramitava no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em razão de Richa ter prorrogativa de foro – já que ele ocupava o cargo de governador do Paraná. Com a renúncia ao mandado, o tucano perdeu a foro privilegiado e, em seguida, o STJ determinou que o processo fosse encaminhado à Justiça Eleitoral para analisar se o caso de tratava de crimes comuns ou eleitorais.

Os autos foram remetidos à 177ª Zona Eleitoral, onde a juíza Mayra Rocco Stainsack determinou a cisão das investigações entre a Justiça Eleitoral e a Justiça Federal, para que ambos os juízos conduzissem as apurações no âmbito de suas competências. A defesa de Richa, no entanto, ajuizou um recurso, requerendo que o caso ficasse restrito à Justiça Eleitoral. Em liminar, Wonk Penteado acolheu o pedido da defesa, o que, agora, é alvo de novo recurso por parte do Ministério Público Eleitoral do Paraná.

DESEJOS PARA O PARANÁ: Planejamento de longo prazo

A filha do desembargador

Após a liminar que livrou temporariamente Richa das mãos de Moro, veio à tona a notícia de que a filha do desembargador Wonk Penteado havia sido nomeada em um cargo de comissão no gabinete do próprio tucano. Trata-se da advogada Camila Witchmichen Penteado, de 34 anos, que, de imediato, foi designada para atuar no Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e que, segundo o Portal da Transparência, recebe salário bruto de R$ 7 mil. Camila é filiada ao PSDB de Prudentópolis, Centro-Sul do Paraná, desde outubro de 2003.

Apesar da polêmica, a relação da filha do desembargador com Richa não configura ilegalidade e não obriga Wonk Penteado a se declarar suspeito para analisar o recurso. Na ocasião, o desembargador disse que, ao julgar o caso, seguiu orientação do STJ. Camila emitiu nota em que destacou ter formação técnica na área para a qual foi nomeada.

Publicidade

ELEIÇÕES 2018: veja quem são os candidatos

Entenda o caso

A investigação em questão apura se a doação de R$ 2,5 milhões feita pela Odebrecht à campanha de reeleição de Richa teria sido dada como contrapartida ao favorecimento da empresa na licitação para duplicação da PR-323, no Noroeste do estado − na prestação de contas do último pleito disputado pelo tucano entregue à Justiça Eleitoral, não há registro de doações da empreiteira. Além desse relato feito por ex-dirigentes da empresa, há um áudio em que Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Comunicação do tucano, afirma a um empresário que havia um “compromisso” para que a Odebrecht vencesse essa licitação.

Em outro depoimento à Justiça revelado na semana passada, delatores declararam que os repasses em caixa 2 a Richa chegaram a R$ 4 milhões e que deputados da base de apoio do então governador também teriam recebido R$ 435 mil em propina.