Plenário da Câmara foi ocupado nesta terça-feira por manifestantes.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Realizada na tarde desta quarta-feira (14), um dia depois de a Câmara ter sido invadida, a reunião entre sindicalistas e representantes da prefeitura de Curitiba para tratar de detalhes do “pacotaço” enviado pelo prefeito Rafael Greca (PMN) à Câmara terminou sem grandes avanços. Os projetos seguem tramitando sob regime de urgência e devem ser votados já na próxima terça-feira (20), conforme a programação inicial. Os servidores municipais, por sua vez, aprovaram a continuidade da greve e devem trabalhar para ampliar a adesão ao movimento.

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O encontro foi realizado na prefeitura de Curitiba, onde o secretário de Governo municipal, Luiz Fernando Jamur, recebeu representantes de sindicatos de servidores municipais e vereadores. A principal reivindicação dos sindicalistas era que a prefeitura se comprometesse a retirar a urgência da tramitação do “pacotaço”, para que os projetos fossem submetidos a uma discussão mais ampla. O pedido, no entanto, foi rechaçado pela administração municipal e pelos vereadores da base de Greca, o que irritou os servidores.

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“Saímos sem nenhum avanço. Esperávamos que a urgência fosse revogada. Os vereadores não assumem esse compromisso. A prefeitura simplesmente não respeita seus trabalhadores”, disse a coordenadora do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc), Irene Rodrigues, em transmissão ao vivo feita pelo sindicato, por meio das redes sociais.

Na segunda-feira (19), uma comissão de 200 servidores deve percorrer unidades de saúde e CMEIS, com o objetivo de convencer colegas a aderirem à paralisação. Na terça-feira, os grevistas devem se concentrar mais uma vez em frente à Câmara, para acompanhar a votação do “pacotaço”. Os sindicatos estimam que mais de cinco mil servidores cruzem os braços.

“Coragem”

O secretário de Governo, Luiz Fernando Jamur, no entanto, argumentou que a reunião não havia sido convocada para tratar do regime de urgência dos projetos, mas para que os sindicatos pudessem tirar dúvidas e apresentar emendas às propostas. Mas apenas dois sindicatos – o de auditores fiscais e o de servidores da Câmara – sugeriram alterações aos textos. A prefeitura deve analisar o conteúdo do material e, se aprovar as mudanças, deve encaminhá-las para que o líder do prefeito, vereador Pier Pietruzziello (PTB) as apresente formalmente na Câmara.

“Nós faremos uma análise técnica dessas propostas e daremos uma reposta a esses sindicatos até a segunda-feira”, disse Jamur. “Agora, as emendas não podem alterar o objetivo da lei. Se tenho o objetivo de sanar financeiramente o município, de equilibrar as contas, as emendas não podem ir contra isso.”

Jamur defendeu o pacotaço, apontando que o prefeito está “agindo preventivamente”. Na avaliação dele, se as medidas não forem tomadas, há um risco de o município recair em insolvência. Neste caso, até o pagamento da folha da prefeitura estaria comprometido.

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“O prefeito Rafael Greca teve a coragem no sentido de buscar esse reequilíbrio financeiro, para poder honrar compromissos com os servidores e para que possamos manter a qualidade nos serviços e retomar investimentos. Se não fizermos isso, vamos avançar para concordata e, em seguida, para a falência do município”, declarou.

O secretário de Greca apontou que o momento de crise exige “um conjunto de esforços” de toda a sociedade e rechaçou a alegação dos sindicalistas, que argumentam que os projetos retiram direitos dos servidores. Para Jamur, tudo se resume à falta de recursos.

“Não há retirada de direitos. A alteração da data-base ocorre por absoluta falta de dinheiro e a não aplicação do plano de carreira também é por falta de recursos”, apontou. “Se o prefeito teve a coragem de encaminhar [o pacotaço] é porque ele é necessário. E, democraticamente, a Câmara tem o direito de votar [os projetos], pelo sim ou pelo não. O que não pode ocorrer é a interrupção das sessões, por invasões ou ocupações, como vem acontecendo”, disse.