| Foto: EVARISTO SA/AFP

Antes mesmo do início das discussões sobre a denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB), novas trocas de deputados foram feitas por partidos da base aliada ao governo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Para evitar a derrota no colegiado que analisa a acusação, aliados articulam substituições de membros e nesta quarta-feira (12) o PMDB tirou até parlamentar que ocupou recentemente o 1º escalão do governo. Osmar Serraglio (PR), que comandou o Ministério da Justiça, foi retirado do grupo.

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O deputado deixou a pasta com a relação desgastada com o Palácio do Planalto. Aliados do presidente não estavam satisfeitos com a defesa do governo feita por Serraglio.

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O PMDB também tirou Soyara Santos (RJ) e colocou Hildo Rocha (MA).

O PP substituiu o deputado Esperidião Amin (PP-SC), forte crítico do governo, por Toninho Pinheiro (PP-MG). Esperidião já sinalizou que votaria a favor da denúncia nos últimos dias.

Até esta quarta-feira foram realizadas 21 trocas de membros, de acordo com a Secretaria da Mesa da Câmara.

O PMDB anunciou que fechou questão contra a denúncia, ou seja, o partido recomendou que deputados votam por unanimidade contra o prosseguimento do caso no Supremo Tribunal Federal. Parlamentares da legenda que votarem a favor da continuidade da acusação podem ser punidos com advertência ou até mesmo expulsão. “A Executiva do PMDB fecha questão contra a denúncia ao presidente Temer”, escreveu o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em seu perfil pessoal no Twitter.

CCJ começa a discutir denúncia

A comissão que faz uma análise prévia sobre a acusação retomou a discussão nesta quarta-feira. Essa fase pode durar mais de 40 horas para que os mais de 170 deputados tenham oportunidade de expor seus argumentos sobre o tema. A votação sobre se a comissão aceita ou não a denúncia só pode ocorrer após essa etapa ser encerrada.

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A reunião começou com a disputa pela ordem dos discursos na comissão e parlamentares fizeram provocações. O deputado Major Olímpio (SD-SP), um dos destituídos, ironizou: “vendo vaga, 6º na fila”. Ele é um dos principais críticos do Palácio do Planalto. Para o deputado, Temer está tentando “comprar” aliados liberando emendas e cargos a parlamentares que votarem contra a denúncia.

“Queremos quentinha”, brincou Carlos Marun (PMDB-MS) em referência ao protesto de senadoras da oposição que obstruíram a votação da reforma trabalhista na terça-feira por algumas horas.

O primeiro a discursar foi o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que é condenado pelo STF. Ele defendeu Temer e disse que Rodrigo Maia (DEM-RJ), que irá assumir o Planalto se Temer for afastado, deveria adquirir mais experiência no Legislativo antes de assumir o comando do país.

“Que vergonha! Usar dinheiro do povo brasileiro para dar um tapa no povo brasileiro. Liberar emenda para comprar votos”, criticou Alessandro Molon (Rede-RJ).

A oposição defendeu que o advogado Antônio Cláudio Mariz, defensor de Temer, não conseguiu desqualificar a denúncia por corrupção passiva feita pela Procuradoria-Geral da República.

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“Temos convicção que seremos vencedores”, rebateu Marun. O parlamentar questionou o pedido de mais prazo para a tramitação da denúncia. Pelo regimento, encerra hoje o prazo dado à comissão para analisar a acusação contra Temer.

Wladimir Costa (SD-PA), que compõe a “tropa de choque” de Temer, acusou de bandidos colegas da Casa que também são investigados. Para defender o presidente, ele tirou risos e protestos da plateia com ironias sobre a existência na Câmara de “temerofóbicos”, que seriam os que contrários ao presidente; e os “temerenrrustidos”, que seriam os deputados indecisos que aparentemente gostam de Temer, mas estão tímidos. Ele foi criticado pelo presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).

Costa ainda atacou diretamente Zveiter. “O senhor está muito ruim como advogado(...) Escreveu um monte de besteira, de bobagem. ‘Tá’ na sua cara que o senhor é burro”, afirmou Costa.