| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Uma desavença entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o pastor Silas Malafaia escancarou nova faísca do governo com o segmento evangélico, e com críticas abertas do líder religioso à importância que a família Bolsonaro, segundo ele, vem dando ao escritor Olavo de Carvalho.

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O atrito começou após Malafaia reagir à declaração do parlamentar de que os brasileiros que vivem ilegalmente no exterior são “uma vergonha” para o país. “Eu sou exatamente o contrário do que pensa Eduardo Bolsonaro”, rebateu o pastor, um dos primeiros líderes evangélicos de peso a embarcar na candidatura bolsonarista.

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“Não tenho vergonha dos brasileiros ilegais que estão em diversas nações poderosas. Não são vagabundos nem pilantras, pelo contrário, são trabalhadores que foram tentar a vida fugindo do desemprego”, tuitou Malafaia no domingo (17).

À reportagem o pastor se disse incomodado com a influência que Olavo de Carvalho exerce sobre o filho do presidente. “Que voto Olavo tem aqui no Brasil? Isso é uma afronta, é uma piada.”

Afirmar que aquele tido como guru do bolsonarismo é responsável pela vitória de Jair Bolsonaro na eleição é algo que irrita o pastor. Sua lógica: evangélicos representam três em cada dez brasileiros, e se alguém tem que levar o mérito pela conquista de Bolsonaro, é o segmento.

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Segundo Malafaia, o próprio Bolsonaro lhe disse que, se 80% dos evangélicos o apoiassem, ele triunfaria no pleito. Projeções indicam que ele teve ao menos 70% do voto de seguidores dessa fé.

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No Twitter, após conversar com a reportagem, o pastor reforçou sua indisposição com o olavismo, tachando de “simplesmente ridículo” o argumento de que o escritor brasileiro radicado na Virginia (EUA) tem protagonismo na ascensão de Bolsonaro. O pastor continua sua batelada de críticas contra Eduardo, evangélico como ele (já Jair Bolsonaro se declara católico).

Para Malafaia, a fala sobre imigrantes é a “segunda asneira” que o deputado comete em dias. Ele também criticou quando Eduardo afirmou, após a morte de um neto de Lula morrer, que o ex-presidente estaria “posando de coitado” ao pedir para deixar a prisão para acompanhar o enterro.

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Malafaia tuitou, então, disse que lhe faltava compaixão e que Eduardo “perdeu uma ótima oportunidade de ficar de boca fechada”, pois “o sábio Salomão já dizia que até o tolo, quando se cala, se passa por sábio”.

Parlamentar responde

O filho do presidente usou o Twitter para responder o pastor: “Se o senhor parasse de se informar pela extrema imprensa também ajudaria. Já trabalhei meses nos EUA lavando pratos com mexicanos e peruanos, numa cozinha cercada de neve no Maine e no Colorado. Sei como é. Mas te entendo, também ficaria bravo se alguém generalizasse os brasileiros no exterior”.

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Uma resposta que, para Malafaia, não fez muito sentido, já que o parlamentar, afirma, estaria assumindo que o que fez – tratar todo brasileiro vivendo fora de forma genérica – foi errado.

Insatisfação da bancada evangélica

Nas últimas semanas, a bancada evangélica no Congresso deu sinais de insatisfação com o atual governo. A frente, um dos braços fortes de Bolsonaro na campanha presidencial, ensaiou protesto público contra o governo, que estaria se distanciando de compromissos firmados com os religiosos, na visão deles. O pano de fundo é a demissão de quadros ligados à frente religiosa sem prévia comunicação.

Também incomoda o sentimento de que estão sendo enrolados sobre uma demanda cara à bancada: a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, uma promessa eleitoral ainda não cumprida e sem sinais concretos de que será algum dia.