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 | Raphael Sibilla/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Raphael Sibilla/Especial para a Gazeta do Povo

Não estava agendada e sempre que o porta-voz da presidência era questionado sobre uma possível entrevista coletiva com o presidente Jair Bolsonaro em Washington, a resposta era: “acho muito difícil que ele fale aqui”. Mas, pela segunda vez durante a visita pelos Estados Unidos, o presidente mudou a sua agenda, e sem aviso prévio.

Em frente à Blair House, residência oficial em que está hospedado, o presidente conversou com os jornalistas brasileiros por cerca de 10 minutos. Mais relaxado do que estava horas antes na Casa Branca, Bolsonaro contou até um pouco dos bastidores do encontro privado com Donald Trump.

“Houve descontração, gargalhadas, temos muito em comum, temos cinco filhos, por exemplo, temos também muitos problemas em comum. A única brincadeira que fiz para ele foi: eu o chamei de jovem e falei para tradutora, cuidado com o que você vai falar agora, por que eu estou o chamando de jovem: nós temos a idade da mulher que amamos”, disse.

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Mas é claro que a Venezuela voltou a ser assunto, e mais uma vez Bolsonaro não revelou o que foi debatido com Trump sobre o país vizinho. “Diplomacia em primeiro lugar, até as últimas consequências. Trump repetiu que todas as hipóteses estão na mesa, o que ele conversou comigo reservadamente, me desculpa mas não poderei conversar com vocês”.

Bolsonaro também foi questionado sobre a declaração que deu na segunda à noite à Fox News, rede de TV americana com linha editorial pró-Trump, quando disse que “a grande maioria dos imigrantes em potencial não tem boas intenções nem quer fazer bem ao povo americano”.

Na tarde desta terça-feira (19), o presidente do Brasil disse que a declaração foi “um equívoco” e mudou o tom em relação aos imigrantes ilegais nos Estados Unidos. “Boa parte tem boas intenções, a menor parte não. Peço desculpas aí. Agora, tem muita gente que está de forma ilegal aqui e isso é uma questão de política interna, não é nossa. Eu também gostaria que, no Brasil, só tivesse estrangeiros legalizados e não de forma ilegal, como existe. Me desculpem mais uma vez o equívoco ou ato falho”, disse.

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Durante a viagem de três dias pelos Estados Unidos, foi publicado o decreto presidencial que extingue a exigência de visto de turista para os americanos que querem visitar o Brasil. Um ato unilateral do governo brasileiro, benefício esse concedido também a cidadãos japoneses, canadenses e australianos.

“Olha só, a gente não vê nenhum americano indo para o Brasil para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá. E o contrário para cá existe, mesmo não havendo qualquer garantia de CLT aqui. Então há uma diferença e alguém tem que ceder o braço em primeiro lugar. Estender as mãos em primeiro lugar, e fomos nós. Creio que temos a ganhar muito na questão do turismo. Se bem que eu sei que a questão turismo está muito voltada com a questão da segurança”.

Mais cedo, em evento na Casa Branca, Trump declarou apoio do Brasil na OCDE (Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico), apesar da USTR (U.S. Trade Representative) já ter se declarado contra a presença do Brasil.

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Mas o apoio do governo americano a entrada do na OCDE tem uma contrapartida importante, o desejo de que o Brasil deixe de integrar a lista de países com tratamento especial e diferenciado na Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma condição que dá ao Brasil vantagens especiais com mais tempo para cumprir acordos. Bolsonaro disse que a questão OMC não foi tratada com profundidade.

A questão de segurança transnacional foi um dos principais temas da comitiva presidencial. Na segunda pela manhã, Bolsonaro esteve na CIA acompanhado do ministro Sergio Moro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro. À tarde, o ministro da Justiça assinou dois acordos de cooperação entre a Justiça Brasileira e o FBI.

O presidente negou que essa visita tenha sido secreta, apear de não constar na agenda oficial. “Não foi secreta, foi acertada no domingo, com meu filho que estava aqui, já estava previsto o Moro participar lá, então não foi nada secreto”.

A visita aos Estados Unidos foi a primeira viagem oficial a um país desde que Jair Bolsonaro assumiu o mandato. Ele disse que o convite a Donald Trump para visitar o Brasil já foi feito e que espera vê-lo em breve. “O tempo é extremamente valioso e fizemos o convite. Obviamente se ele for será motivo de satisfação para mim e com toda a certeza para grande parte do povo brasileiro.”

Após três dias em Washington, o presidente retorna ao Brasil na noite desta terça. Apesar de ter achado tempo livre na agenda, cerca de uma hora, para ir a um shopping, a mala do presidente voltará só um pouquinho mais pesada. “Entrei num shopping aqui, fiquei não mais que uma hora e saí fora. Comprei só dois calções e uma camisa, nada demais.”

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