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| Foto: George Gianni/Fotos Publicas

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao senador Aécio Neves (MG) retomar as atividades parlamentares criou uma situação embaraçosa no PSDB. O partido já discutia há algum tempo a antecipação de uma convenção nacional, com o objetivo de eleger uma nova Executiva para retirar o mineiro do posto.

Agora, dizem os tucanos, Aécio tem condições de reassumir a presidência do partido a qualquer momento. “O afastamento do senador foi uma decisão voluntária. Ele que indicou o Tasso ( Jeiressati) para o lugar dele. Portanto, se ele quiser voltar, essa é uma decisão pessoal”, explicou o secretário-geral do PSDB, o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP).

A situação deve evidenciar ainda mais a disputa entre paulistas e mineiros no partido. Nesta sexta-feira (30), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu que o partido efetive na presidência o cearense Tasso Jereissati, que exerce o cargo interinamente desde maio.

Alckmin se manifestou horas depois de o ministro Marco Aurélio Mello autorizar que Aécio volte a exercer o mandato de senador. “É importante que o partido defina isso logo. Tasso deve ficar na presidência de forma efetiva, até o ano que vem”, disse o governador.

Aécio se licenciou da presidência do PSDB ao ser afastado do Senado por decisão do ministro Edson Fachin. O relator da Operação Lava Jato entendeu que o tucano estava usando o mandato para obstruir a Justiça. Marco Aurélio assumiu a relatoria do caso e derrubou a decisão de Fachin nesta sexta. Com isso, Aécio também estaria livre para reassumir o comando do PSDB.

Alckmin avalia que esse retorno seria prejudicial ao partido, já que agora Aécio terá que se dedicar à sua defesa no Supremo. O senador foi afastado após ser gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS. Ele afirma que pediu um empréstimo para pagar advogados que o defendem na Lava Jato.

Leia também: Por que o STF trata de modo tão diferente os casos de Delcídio e Aécio?

Alckmin disse concordar com a recondução do mineiro ao Senado. “A decisão foi importante para preservar o mandato popular que o Aécio conquistou. Isso muito nos alegra”, afirmou. Em dezembro passado, Alckmin tentou impedir a prorrogação do mandato de Aécio na presidência do PSDB. O senador venceu a disputa com folga.

Ao defender a efetivação de Tasso, Alckmin tenta retomar a influência sobre a cúpula do partido. Ele é pré-candidato à Presidência da República em 2018. Nos últimos meses, Aécio havia se aproximado do senador José Serra para barrar os planos do governador paulista. Eles chegaram a turbinar o prefeito de São Paulo, João Doria, como alternativa a Alckmin.

Queda de braço

Próximo ao governador de São Paulo, o deputado Silvio Torres afirmou que o retorno de Aécio não impede o partido de pedir a antecipação das eleições internas. “Seja qual for a decisão do Aécio, defendo uma antecipação da convenção nacional”, explicou.

A ideia do grupo de Alckmin é realizar eleições municipais, estaduais e nacionais consecutivas a partir de agosto, uma a cada mês. Além disso, os tucanos paulistas querem alterar a atual composição da Executiva nacional para que governadores e prefeitos tucanos também tenham seus representantes na direção partidária.

Apesar disso, os mineiros já usam a decisão do Supremo como argumento para enterrar o debate sobre uma nova convenção tucana. ”Essa decisão é muito importante que, dentro do partido, acaba com essa história de falar em convenção. Ele pode até continuar como presidente licenciado porque, obviamente, deve focar na sua defesa, mas é um senador da República do qual nos orgulhamos”, rebateu o deputado federal Domingos Sávio (MG).

Aécio recebeu a notícia da decisão do STF de um assessor, quando estava com sua família, em Brasília. Assim que retomar suas atividades no Senado, ele pretende usar a tribuna para sair da defensiva e discursar a favor das reformas.

A reportagem apurou que o presidente interino Tasso Jereissati aguarda apenas uma posição de Aécio para saber o que ele vai fazer. Isso porque, segundo a cúpula, não há nenhum procedimento formal ou burocrático que impeça o senador mineiro de reassumir, imediatamente, suas funções no comando da sigla.

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