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O ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi: cargos na Conab sempre foram entregues a caciques políticos. | Rodolfo BUHRER/Rodolfo BUHRER
O ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi: cargos na Conab sempre foram entregues a caciques políticos.| Foto: Rodolfo BUHRER/Rodolfo BUHRER

Na delação que fez ao Ministério Público Federal, cujo teor repetiu na entrevista à revista Época, o empresário Joesley Batista diz que se aproximou de Michel Temer pelas mãos de Wagner Rossi, uma antiga e influente liderança do PMDB. O fato ocorreu entre 2009 e 2010. Nessa época, Rossi presidia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura. Depois de três anos na Conab, Rossi, amigo de longa data de Temer, assumiu o Ministério da Agricultura em abril de 2010, ainda no governo Lula, e ali permaneceu durante um ano.

Mesmo nos 13 anos de governos do PT a Conab foi dominada pelo PMDB, com cargos entregues a caciques do partido, como Temer, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves. Um dos filhos de Renan, Rodrigo Calheiros, foi lotado lá como assessor de contratos especiais da presidência do órgão. E também uma ex-mulher do ex-ministro Henrique Alves, que hoje está preso em Natal (RN) - Mônica Infante Azambuja - também ocupou cargo na companhia. Ela foi assessora de diretoria.

Outro personagem da companhia que aparece na delação de Joesley é Milton Ortolan, que foi chefe de gabinete de Rossi na Conab e seu secretário-executivo no Ministério da Agricultura. Segundo o empresário, Temer pediu que não deixasse os dois desamparados quando eles deixaram o ministério, em 2011, após denúncias de irregularidades.

“Quando o Rossi saiu, o Temer pediu dinheiro para ele se manter. Também pediu para um tal Milton Ortolon (sic), que tá lá na nossa colaboração. Um sujeito que é ligado a ele. Pediu para fazermos um mensalinho. Fizemos”, disse o dono da JBS.

A Conab sempre teve essa “vocação” de cabide de emprego de apadrinhados políticos. O PMDB não controla a empresa sozinho. O PTB também sempre teve cargos de destaques na direção. Vários presidentes foram escolhidos pelo líder do partido, Jovair Arantes (GO).

Todos os citados que tiveram envolvimento com a Conab negam envolvimento em ilegalidades. Rossi disse que depois que deixou o ministério e cumpriu uma quarentena – período que um ex-servidor não pode se envolver com a iniciativa privada após deixar o governo – prestou serviços para a JBS. Mas não deu maiores detalhes. Wagner Rossi é pai do líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi, parlamentar ligadíssimo a Temer.

Ortolan, que já foi secretário de Educação de Americana (SP), afirmou que prestou consultoria para a JBS e que recebeu R$ 15 mil por esse trabalho, entre 2012 e 2013. Ele deixou o ministério, em 2011, após denúncias de relação com um lobista, que atuava dentro do prédio.

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