ACM Neto, Rodrigo Maia, José Agripino e Marco Maciel: caciques do Democratas.| Foto: Gerdan Wesley/Divulgação

Era uma vez um partido ruim de voto que morreu novo, com 22 anos de existência (1985-2007), em uma tentativa de renascer e conquistar, enfim, a simpatia popular. O Partido da Frente Liberal (PFL) – ou “Pefelê”, como era chamado no universo político – tinha problemas com as urnas. Ao longo de sua trajetória política conseguiu eleger um prefeito ali e um governador acolá, mas nunca teve sorte na corrida pelo Palácio do Planalto. O mais perto que chegou foi no posto de vice, cargo para o qual não se vota, em uma chapa montada com o PSDB na década de 90. Mudou de nome – para Democratas –, mas pouco adiantou.

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Primeiro na linha sucessória de Michel Temer, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um “pefelê” histórico, caminha para confirmar a sina dos liberais e levar, sem um sufrágio sequer, o antigo PFL ao topo: a Presidência da República. Em princípio por um período interino de até seis meses, mas que pode ser coroado depois com um mandato definitivo até 2018, caso Temer seja condenado pela Justiça . E de uma maneira que não estranha às suas origens partidárias, pelo voto indireto dos seus pares na Câmara.

Desde o fim da ditadura, o PFL só arriscou apenas uma vez ter candidato próprio, e foi logo na estreia das diretas, em 1989. Foi um fiasco. Seu candidato, Aureliano Chaves, amargou o 10º lugar entre os 21 concorrentes. Um pouco do Aureliano: era um mineiro matuto e plantador de café que fez carreira política nos anos militares chegando a ser vice de João Figueiredo, o último general-presidente. Foi ainda governador biônico, sem voto, de Minas Gerais.

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Outro breve histórico. O PFL surgiu da Frente Liberal, uma dissidência do PDS, para apoiar Tancredo Neves, via indireta, no Colégio Eleitoral em 1985. Mas Frente Liberal, PDS e PFL tem uma mãe só: a antiga Arena, sustentáculo dos 21 anos de ditadura. Teve muitos ministros no governo de José Sarney, o vice que assumiu com a morte de Tancredo.

Com Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, o PFL chegou enfim ao Palácio do Planalto, mas na vice e sem voto, com Marco Maciel. E por duas vezes seguidas: em 1994 e 1998. Foram muitas as interinidades de Maciel no lugar de FHC. Os liberais já sentaram sim na principal cadeira do Planalto, ainda que de passagem.

O PFL, ao longo dos seus 22 anos, claro, acumulou história. Mas chegou um momento que a sigla pesou e o vínculo com o passado atrapalhava. Assim, em 2007, a nova geração do partido trocou o nome para Democratas, que se autointitulou o “partido das novas ideias”.

E tudo indica que será com essa repaginação que o PFL terá seu primeiro presidente titular da cadeira. Sim, ainda sem voto popular. Mas a eleição é logo ali e as especulações continuam a todo vapor. Maia pode assumir interinamente, se eleger indiretamente na Câmara quando o STF condenar Temer de vez e, se fizer um bom governo, se cacifar para 2018. Aí, é outra história.