João Amoêdo (foto) afirmou que ainda é cedo para dizer quem vai apoiar no 2º turno, já que Bolsonaro nunca foi um defensor de propostas econômicas liberais| Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O partido Novo, de João Amoêdo, anunciou na manhã desta terça-feira (9) que não apoiará o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), mas se posiciona “absolutamente contrários ao PT”. Amoêdo obteve 2,5% dos votos no primeiro turno, conquistando o apoio de pouco mais de 2,7 milhões de eleitores e ficando em quinto lugar na disputa.

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O comunicado do Novo justifica que o partido é contra o PT porque suas ideias e práticas são opostas, mas não deixa claro os motivos que o levou a desistir de apoiar Bolsonaro.

A nota divulgada pelo partido informa, apenas, que o cenário presidencial no segundo turno “não é aquele que desejávamos”.

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Na segunda, Amoêdo elogiou ideias liberais de Paulo Guedes

Na segunda-feira (7), em entrevista ao Estadão, Amoêdo disse que o partido ainda estava decidindo sobre eventual apoio no segundo turno. Ele chegou a fazer elogios ao coordenador econômico de Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, por ter ideias alinhadas à da legenda.

“Ele tem algumas ideias que se assemelham ao que defendemos, como mais liberdade econômica e privatização de estatais”, disse ao Estadão. “O problema é que essas propostas vêm do assessor econômico. Bolsonaro, como deputado (o candidato está em seu sétimo mandato na Câmara), nunca foi um grande defensor dessas pautas olhando seu histórico de atuação. É preciso entender os planos, conhecer a equipe de governo, e isso vai mostrar muito da linha”, completou. E finalizou, na ocasião, dizendo: “Ainda é cedo para dizer (quem vamos apoiar).”

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Sobre as posições de Bolsonaro em relação a temas polêmicos, o executivo de banco classificou que, algumas, parecem ser muito “extremadas”. “Não é uma decisão simples (a de escolher um candidato para apoiar). Tem que pesar não só a pauta econômica, mas o procedimento, a veracidade, a disposição de colocar as pautas e a forma como vai ser dado o tratamento ao cidadão, à preservação das instituições. Nessas três semanas vamos conhecer um pouco mais, as ideias e as pautas dos dois candidatos.”

Balanço da eleição

Ainda na entrevista ao Estadão, fazendo um balanço da participação do Novo na eleição, Amôedo classificou como positiva. “O Novo existe há praticamente três anos desde sua data de registro, nunca utilizou dinheiro público, não fez coligação e não tinha nenhum político em sua base partidária a não ser os vereadores eleitos em 2016. Tinha também pouca exposição na mídia, tempo de TV e, mesmo assim, termina com 20 deputados eleitos – 8 federais, 11 estaduais e 1 distrital.”

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O executivo também comemorou a sua quinta colocação. “Eu terminei em 5.º lugar numa eleição com várias pessoas com tradição na política, à frente da Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB). Além disso, temos um candidato indo para o segundo turno no segundo maior colégio eleitoral do país, o Romeu Zema, (que disputa o governo) em Minas.”

O que vai ser do Novo daqui para frente

Questionado sobre qual será o futuro do partido, Amoêdo disse que o Novo vai atuar em duas frentes. “Uma é o próprio crescimento do partido, convidando pessoas para se filiar, e outra é focar na abertura de novos núcleos e diretórios pelo resto do Brasil, principalmente na região Norte e Nordeste.”

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No Congresso, ele quer os deputados federais da legenda atuando de forma coordenada. “Eles vão trabalhar pela simplificação dos impostos, para dar liberdade para as pessoas montarem seus negócios, pela reforma da Previdência para fazer equilíbrio das contas públicas. Vamos trabalhar para ter um serviço público que funcione melhor e dar as bases para isso, com uma legislação mais moderna e eficiente. Todos passaram por processo seletivo e, de imediato, já falam de abrir mão de 50% da quantidade de assessores e da verba de gabinete.”

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Polarização PT versus Bolsonaro

Amoêdo comentou, ainda, sobre a polarização entre antipetistas, que abraçaram Bolsonaro, e petistas.“Precisamos sair dessa polarização de votar em um porque está votando contra o outro, e sim votar num projeto de Brasil. Por isso trabalhei nessa eleição, não me identificava em nenhuma das duas propostas, e não via nelas um plano de execução que fosse uma renovação. Agora, é o que sobrou.”

*Matéria atualizada às 11 horas para incluir o posicionamento do partido Novo