| Foto: Ricardo Stucket/Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva de petistas desembarcam em Curitiba, nesta quarta-feira (28), na última parada da caravana pela Região Sul. Foram 19 cidades visitadas nos últimos dez dias. Longe de ser festivo, o clima da chegada na terra da Lava Jato não poderia ser pior.

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O périplo de Lula por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foi extremamente tumultuado, com bloqueios de estradas e cidades, gritos de ordem e palavras de ódio, ataques com ovos e pedras, e até confronto físico entre manifestantes pró e contra o petista.

A escala de violência iniciada ainda em Bagé, no extremos sul gaúcho, atingiu o seu ponto alto – e mais grave – nesta terça-feira (27), quando a comitiva do ex-presidente foi alvo de um atentado à bala, uma “emboscada” nas palavras da presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann, em uma estrada do Paraná.

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Pelo menos quatro tiros atingiram dois dos três ônibus da caravana Lula que levavam jornalistas e convidados quando saiam do município de Quedas do Iguaçu. Felizmente, ninguém ficou ferido.

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“Desde o Rio Grande do Sul temos alertado as autoridades, mandamos ofício ao ministro da Segurança Pública informando nosso roteiro e pedindo policiamento, mas ainda assim não temos segurança. Agora, aconteceu o cúmulo: nossa caravana foi vítima de emboscada, um atentado. Essas pessoas querem matar o presidente Lula”, disse Gleisi. “Eles querem um cadáver”, sentenciou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Em Curitiba, a perspectiva de que a caravana termine em paz é difícil. No dia anterior, antes mesmo do atentando aos ônibus, o próprio Lula previu problemas em discurso a militantes em Foz do Iguaçu. Foi quase uma premonição. “Eu já sei que vai ter confusão em Curitiba. Nunca tinha pensado que enfrentaríamos esse tipo de violência. A única coisa que não aceitamos é virar a outra face. Não nascemos para bater, mas não vamos apanhar”, afirmou.

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Contribui para o clima hostil na cidade da Lava Jato o fato de manifestações públicas a favor e contra o ex-presidente petista estarem programadas para ocorrer nesta quarta. E com um agravante: a presença do deputado e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que aterrissa no Aeroporto Internacional Afonso Pena, por volta das 11 horas, em São José dos Pinhais.

Bem ao seu estilo, Bolsonaro tratou de colocar mais lenha na fogueira. Desafiou os seus seguidores a levar mais gente às ruas de Curitiba do que os partidários de Lula, numa tentativa de se contrapor a mobilização dos seguidores do petista – um grande ato de encerramento da caravana está programada para ocorrer na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, às 17 horas. Como de praxe nas viagens país afora, Bolsonaro deve ser recepcionado por uma multidão no saguão do aeroporto, antes de seguir para agenda na cidade de Ponta Grossa, a pouco mais de 100 quilômetros da capital paranaense.

O Movimento Brasil Livre (MBL) também convocou uma carreata em protestos contra a presença de Lula na cidade. Às 15h30, a manifestação deve sair do estacionamento do Parque Barigui com destino à Praça 19 de Dezembro, no Centro. O ponto final da carreata fica a menos de 1 km da praça Santos Andrade.

“A comunidade de Curitiba estará unida para mostrar que o maior zombador de nossa nação não é bem vindo em nossa cidade”, diz o grupo em sua página no Facebook.

Sem reforço na segurança

Lula e Bolsonaro não deverão se encontrar e nem têm planos de passar pelos mesmos locais. Por isso, a Polícia Militar planeja fazer apenas um reforço no policiamento, monitorando as atividades dos manifestantes. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp), a decisão de não elaborar um planejamento específico para a chegada do ex-presidente a Curitiba partiu da organização da caravana. Lula deve chegar em Curitiba no fim da tarde.

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Será a primeira vez que Lula retorna a Curitiba após a confirmação em segunda instância da condenação imposta pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá. O petista foi sentenciado a 12 anos e um mês de prisão em regime fechado, mas ainda recorre da sentença em tribunais superiores. A condenação enquadrou Lula na Lei da Ficha Limpa, deixando-o inelegível. Ainda assim, o ex-presidente insiste que será candidato nas eleições de outubro.