| Foto: YURI CORTEZ/AFP

A carta emendada por uma publicação nas redes sociais em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pede união dos candidatos de centro em torno de Geraldo Alckmin (PSDB) foi rebatida pelos adversários do tucano.

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Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) descartaram de pronto abrir mão de suas campanhas em favor da de Alckmin, que, por sua vez, negou que vá procurá-los para negociar.

“Não vou procurar, porque é legítimo que eles sejam candidatos. Mas a ideia é uma reflexão do conjunto do eleitorado”, disse nesta sexta (21) em Recife.

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O próprio FHC, ao jornal O Globo, mostrou-se cético. “Talvez seja tarde, mas a gente tem que fazer algum esforço.”

O senador José Serra (PSDB) saiu em defesa do pleito -sem erguer a bandeira do correligionário, porém. “É fundamental que as candidaturas que não apostam na radicalização convirjam”, urgiu. “Creio que esse entendimento apontaria para o Alckmin, mas devemos começar a negociação sem impor nomes.”

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Os intelectuais tucanos Eliana Cardoso e Bolívar Lamounier também endossaram a ideia. E mais: foram explícitos no apoio a Alckmin.

Em sua carta, sem citar o candidato de seu partido, Fernando Henrique fez um apelo contra os radicalismos, referindo-se a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). 

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Essa narrativa, que coloca os líderes das pesquisas como extremos opostos, tornou-se a pilastra da campanha de Alckmin, que batalha para chegar aos dois dígitos -marcou 9% no último Datafolha*.

A campanha do PSDB estranhou o apelo ambíguo de FHC. O ex-presidente, então, foi a público esclarecer.

“Enviei carta aos eleitores pedindo sensatez e aliança dos candidatos não radicais. Quem veste o figurino é o Alckmin, só que não se convida para um encontro dizendo ‘só com este eu falo’“, justificou.

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Com a fragmentação de candidaturas de centro, Bolsonaro lidera com 28%, seguido de Haddad, com 16%, segundo o último Datafolha. 

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Marina (7%) alfinetou FHC. “Ninguém chama para tirar as medidas com a roupa pronta.”

No dia seguinte, voltou ao tema. “É legítimo que um ex-presidente da República se coloque, ainda mais quando seu próprio partido vive as mesmas dificuldades do partido que hoje já tem um dos seus líderes presos”, respondeu. 

“Não podemos é querer em nome das pesquisas impor à sociedade brasileira que [eleição] é apenas um plebiscito entre o azul e o vermelho, entre o populismo de direita e o populismo de esquerda.”

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Meirelles (2%) defendeu o “direito dele [FHC] de falar com seus correligionários”. E ironizou: “Se Alckmin quiser renunciar em favor da minha candidatura, eu aceito”.

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Ex-tucano, Alvaro Dias (3%) foi na mesma linha. “Quero aplaudir o presidente pela preocupação com o futuro do país, mas o PSDB só tem autoridade de propor conjugação de esforços se renunciar à sua candidatura”, disse. 

Derrotas sucessivas do PSDB são motivo para “oferecer espaço para uma alternativa que possa derrotar o PT”, sustentou.

Ciro (13%) partiu para a provocação: “É muito mais fácil um boi voar de costas” do uma renúncia coletiva em favor do Alckmin. 

“Fernando Henrique não percebe que ele já passou. A minha sugestão é que troque aquele pijama de bolinhas, que está meio estranho, por um pijama de estrelinhas. Porque, na verdade, ele está preparando o voto no Haddad. Ele não tem respeito a nada e a ninguém, a não ser ao seu próprio ego”, atacou.

* Pesquisa realizada pelo Datafolha de 18/set a 19/set/2018 com 8.596 entrevistados (Brasil). Contratada por: REDE GLOBO E FOLHA DE S. PAULO. Registro no TSE: BR-06919/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%. *Não sabe / Não respondeu

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