Luciano Huck e Joaquim Barbosa mantêm suspense sobre as eleições de 2018.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo /Divulgação

Enquanto os partidos tradicionais avançam nas articulações eleitorais para 2018, os presidenciáveis de fora do mundo político mantêm o suspense sobre suas pretensões. Impasses marcam as eventuais candidaturas do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e do apresentador Luciano Huck, considerados os “outsiders” com maior potencial na disputa do ano que vem.

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Sondado pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para a disputa pelo Palácio do Planalto, Barbosa ainda não tem o apoio garantido da legenda caso decida entrar no pleito. Já Huck tem as portas do PPS abertas, mas enfrenta o dilema de abandonar a carreira de sucesso na TV para entrar na política. Ele não recebeu, pelo menos até agora, garantias da TV Globo de que poderá voltar à emissora em caso de derrota nas urnas. O apresentador, em suas manifestações públicas, costuma afirmar que, “no momento”, não é candidato. As movimentações políticas de Huck são feitas em conjunto com o grupo Agora!.

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“Não sei nada de novo”, disse ao Estado o presidente do PPS, Roberto Freire. “Há muita especulação sobre a decisão dele. Não quero pressioná-lo. Ele tem consciência de que, se decidir participar, sua vida vai mudar muito”, disse o dirigente.

No caso de Barbosa o obstáculo é mais complexo. As conversas com o ex-ministro do Supremo geraram reações na ala do PSB que defende o apoio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na campanha presidencial do ano que vem.

“O ministro Joaquim é um nome famoso e respeitado. Seria uma honra recebê-lo no partido, mas dizer que a vaga dele é precoce”, disse o vice-governador de são Paulo, Márcio França, que integra a Executiva Nacional do PSB. “Se ele vier e quiser ser candidato, outras pessoas terão a mesma pretensão. Aldo Rebelo é um deles.” O vice-governador paulista destaca que não há no PSB uma tradição de realizar prévias.

O prazo final para a decisão sobre candidatura presidencial, portanto, será março, quando será realizado o congresso nacional da legenda. A expectativa é reunir 600 delegados no evento. Se não houver consenso, o ex-presidente do Supremo teria de se submeter a uma disputa interna acirrada.

Barbosa já admitiu que recebeu “sondagens” e manteve conversas com a Rede - da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva - e com o PSB, mas se diz “hesitante ainda” em decidir sobre uma eventual candidatura. O PSB seria a melhor opção porque o ex-ministro considera que o partido não tem dono. Ele costuma ser um crítico do que chama de “caciquia” das legendas.

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O maior entusiasta da opção Barbosa no PSB é Siqueira. “A eleição de 2018 está mais para um outsider”, disse o presidente do partido. O dirigente reconhece, porém, que ainda não há consenso em torno do nome do ex-ministro. “Nenhuma candidatura está garantida. Não podemos tomar essa decisão por hipótese. Não há preferência ou veto prévio.”

Procurado, o ex-ministro Aldo Rebelo não quis comentar o assunto, mas seus aliados também consideram “precoce” falar agora em lançar Barbosa.

Boulos

O PSOL também precisa superar dificuldades para viabilizar a filiação e posterior candidatura do líder sem-teto Guilherme Boulos, o principal “outsider” da esquerda nas sondagens para 2018. Boulos tem argumentado que precisa avaliar a conveniência da candidatura para o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, do qual é coordenador. O MTST negocia programas de moradia com administrações municipais e estaduais de diversos partidos e existe o temor de que uma candidatura atrapalhe o objetivo principal do movimento.

A opção pelo novo na disputa eleitoral, porém, é admitida pelos principais líderes políticos do país. Questionado sobre eventual candidatura de Huck à Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que é “muito bom” que pessoas de fora dos partidos queiram participar “mais ativamente” da política. Para ele, a presença de Huck não “desidrataria” a candidatura do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).